sábado, 15 de agosto de 2015

"você é o que você come"




02 de novembro de 2013 - beringela com leite de coco



Outro dia escrevi uma carta para uma pessoa que admiro muito, onde contava sobre minhas mudanças recentes com relação à alimentação e consumo de bens variados entre cosméticos, produtos de limpeza, roupas, tipo, tudo.

Na verdade processar mudanças é muito difícil, e eu sou um pouco obsessiva, ainda que lenta ao passar da teoria para prática, nessa transição borbulha uma certa angústia, auto-crítica, e uma sensação de insuficiência e, é claro, isso é uma característica abrangente, de cunho auto terapêutico, meio irrelevante no contexto... =s,.. na real queria dizer que estou em transição constante, só não tão rápida quanto o meu mental se satisfaria... mas foda-se, =].. continuando..

Vou aproveitar a parte introdutória da cartinha para transformá-la na minha maneira de contar essa mudança, a princípio alimentar, realizando uma vontade que sempre tive intuitiva e frágil, até o momento em que precisou ser bem fundamentada e auto afirmada, pois nossas escolhas nem sempre afetam ou concernem apenas a nós mesmos, como a gente gostaria e sempre pretende, inclusive.

De minha parte, a possibilidade de vida, sem comer carnes, apareceu na infância, ainda que meio torta, quando por questão de saúde minha mãe tirou carne vermelha e aves de seu cardápio. Nessa época, e eventualmente, desde então, costumava aparecer no cardápio carne de soja, de glúten, que nos acostumamos a comer e assimilamos como possível, embora não houvesse um incentivo para uma substituição completa.

Ao menos essa experiência serviu para ainda pequena refletir um pouco sobre outras opções. E minha mãe se dizia vegetariana, não entendo porque se comia derivados e peixes, mesmo assim a palavra ecoava e, então, desde essa época eu comecei a dizer “um dia vou me tornar vegetariana”. O “um dia” estava ligado a uma autonomia que não conseguia ter, de construir, fazer e principalmente bancar minhas próprias opções.

Quando esse dia chegou, passei um ano ovolacto. Tive um choque, porque na minha concepção interna desde pequena, minha convicção se resumia a duas frases. “Um dia vou me tornar vegetariana”, “porque é a coisa certa a se fazer” e pra mim isso bastava, isso, e aprender a cozinhar, adaptar minha vida, fazer escolhas coerentes com a minha opção. É aí que entra a participação do outro, que percebe a mudança. ..

Ouvi [e ouço ainda] muitas opiniões, palpites, longos depoimentos de insucessos das pessoas nesse âmbito, ou de que ouviram falar, os filmes que viram, os pretensos males, e é tudo muito forte, chega a ser agressivo. Parecem se sentir julgados, e já vem a avalanche de justificativas. .. Todos têm ideias muito prontas e sérias, e eu só tinha as minhas duas frases, que me satisfaziam plenamente no meu intento.

Lembrei dessa minha amiga que parou de comer carne por causa de uma disciplina na facul e resolvi jogar o nome de sua prof. no YT. Em meados de 2012 assisti essa fala de quase 3h. O poder e a verdade da pesquisa, exemplo de vida e argumentos... não tem como não se sentir implicado depois disso. Ouvi-la foi muito importante, reconhecer, e agradecer, assim como a Andréia, cuja proximidade em sua transição ajudou a resgatar minhas vontades perdidas no momento propício.

A partir daí passei a diminuir cada vez mais os derivados, e, se na virada de 2012 estava convicta em parar de comer carne, na virada de 2013 já estava convicta e comprometida na transição para uma qualidade de vida que não incluía sofrimento animal. 

Assisti seus outros vídeos, conheci um pouco mais sobre o recém lançado Galactolatria que ganhei de aniversário, junto com um livrinho de leites vegetais, o Passaporte para o Mundo dos Leites Veganos. No final de 2013, comprei um pacotinho desse livro de leites, foi um presente amoroso de Natal, para amigos e pessoas queridas da família.

Tenho me concentrado em “limpar” cada vez mais minha casa de produtos de origem animal, entrar em consenso com as pessoas à minha volta, dar o exemplo, mostrar opções, demonstrar possibilidades entre amigos, familiares, assim como me manter informada. 

A falta de convicção para mudar dos meus próximos gerou certa decepção na época, ... e isso foi, e é, um aprendizado pra mim. Tento tolerar as limitações, incentivar e reincentivar passos, mais do que 100% repreender e criticar, que é meu impulso mais primário tanto pra mim [eu comigo], quanto com relação aos outros, [...] Porque é que o que te choca, causa ojeriza, provoca reflexões, admirações, não pode te provocar mudanças? 

Entendi que cada pessoa tem um dispositivo diferente, ou um escape, ... e não se força ninguém a nada, nesse sentido, eu sou meu melhor exemplo, vide a postagem anterior! Nunca pensei que abandonaria o gorgonzola, deixaria de lado o mel, leite, ovos, nunca achei que seria aquilo que se diz...: radical. Mas uma coisa levou a outra e no fim não senti que estivesse me agredindo. Quando me perguntam eu digo que foi uma transição prazerosa no sentido que descobri um novo mundo de sabores. Chocolates livres de leite, bolos deliciosos livres de ovos e mesmo assim deliciosos e nutritivos. Germinados é a coisa mais linda do mundo, suco verde... ♡

Aceito às vezes um prato meio decepcionante, ou penar na rua para encontrar algo gostoso pra comer e acabar na fruta, ou milho cozido com meus amigos comendo delícias que eu já comi um dia; tomo um cafezinho, e já acostumei a dispensar as bolachinhas... Me surpreendo com o fato de que não cobiço mais o Charge e o Prestígio, meus passaportes para perdição no passado, sem falar no Lollo e no Sonho de valsa, este que meu me pai dava pacotes de 1k nos meus aniversários kk =ss.. hoje é uma outra Bruna,

bem vinda, 

eu aceito. ..


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