segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Lua de leite


15-10
Minha Cibe tem hoje, quando inicio essa postagem quatro meses e oito dias. Ela estava em uma soneca gostosa e acabou de acordar... então fico muito curiosa pra saber a data de término dessa postagem, nesse meu novo ritmo, rotina de vida.

Tanto conteúdo, tanta coisa que gostaria de escrever aqui só pelo mero capricho de não esquecer.

Olho para trás, para minha festiva e tranquila gestação, e pro do dia sete de junho quando nasceu minha menina, momento em que entrei no hospital achando que ia ser uma rotina e sair de lá correndo pra esperar em casa, a hora de nascer,.. esse período até hoje, parece que se passaram anos! São tantas intensidades, e continua sendo que mesmo agora, entre uma palavra e outra, ainda me questiono porque estou fazendo isso agora.

17-10
Depois de uma gestação muito feliz e promissora, me vejo indo pra uma cesária de emergência.
Em poucos minutos, heis minha Cibele! Serzinho que eu demorei pra conhecer, nem um oizinho, porque ela também demorou looongos quatro minutos pra começar a respirar... e respirar sozinha...

Depois de fechado os pontos e levada para uma sala vazia, fiquei lá, sem Danilo (que foi chamado pra acompanhar os testes da pequena, quando ela começou a responder) e sem Cibele.

Uma mente ativa num corpo mole, dormente e que treme descontroladamente.
Dizem que é normal.
Tinha a demora, um silencio e uma certeza dentro de mim, estava tudo bem. Ela chegou ao mundo pela cirurgia, e chegou perfeitamente bem, apesar da turbulência...

Mas essa sala, quando me lembro dessa sala do hiato, sala de suspensão,.. não tinha drama, não tinha nada, só tremor, espera e silêncio..

Uma enfermeira veio devolver uma pequena imagem da NSAparecida.
É que eu entrei com roupa e tudo na sala de cirurgia. A maior correria, driblando o soro com a roupa, malabarismos,.. e eu complicava, porque me contorcia pelas contrações. De repente, caiu na escada da mesa um metal pesado. "O que é isso?" um pequeno suspense na sala... "É minha santinha, guarda a minha santinha!!!" .. Dentro do nosso carro mora a santinha, era do meu pai, que sempre foi muito devoto, não sei bem porque. Estava procurando outra coisa quando a vi, e por impulso coloquei no sutiã, "vou levar meu pai comigo". Foi engraçado. E adorei que ele realmente foi comigo, e que foi devolvida também!

Um pouco depois Danilo aparece, sussurra no meu ouvido, "Ela é linda, tá tudo bem, já já vem!!!" Mais espera, .. aquele branco de hospital que cega, luz branca, parede branca, ninguém, meu corpo em descontrole... até que vem a enfermeira e o Danilo com minha mini-Ldml!

20-10-16
Que situação, momento sem palavras, essa primeira vez.
E foi assim, nos grudamos alí, e não desgrudamos mais, .. mesmo!









Minha bebê pig, magrinha, sonolenta, tudo tãao delicaado, nascida de suas quarenta semanas e três dias.
Após cinco dias no hospital, glicose baixa, muito palpite e um leite devagaaarrrrrr, saí do hospital com minha Cibe, complementando com leite artificial. Pra quem não consome produtos de origem animal, digamos que esse foi um pequeno dissabor, apesar de ter sido indispensável no momento, e de humildemente termos aceito. [por que o HU não possui banco de leite, por quêeee?]

Resoluta, a partir de então passei a tentar aumentar o volume de leite materno, para poder fazer sua retirada do L. A. o quanto antes. Isso qualquer hora vale ooutro texto...

23-10-16
Chego então ao título da postagem, Lua de leite. minha Lua de leite foi um eclipse. Um eclipse por consepção, passageiro,... mas em sua aura de mistério estivemos imersas intensamente, eu e minha menina, aprendendo.

E na continuidade do ... e foram felizes para sempre das histórias, um dia de cada vez, entremeando a dor, a delícia, e o indescritível de sentidos, nessa relação.

Estar com Cibele só não é melhor que estar acompanhada de seu pai, parceiro em qualquer situação e/ou insegurança, é muito importante para mim, nem que seja para ficarmos inseguros juntos.

Assim tudo se completa e posso dizer sim, em uma frase evasiva, clichê, mas que todo mundo sabe que comporta até o seu reverso:

Estamos muito felizes!













sábado, 7 de maio de 2016

!!sobre relacionar-se, sobre expectativas, e amores-perfeitos..





Amor-perfeito é uma utopia
Amor-perfeito dá trabalho
E bem ao mesmo, existe?

As duas mudinhas que ficaram para nós, 
plantamos junto com uma melzinho.
Pouco tempo depois, uma delas está promissora, verdinha, e a outra,
parece que momentos depois de plantada derreteu, murchou total, e desapareceu.

Porque?
Existe um significado subjetivo?
Fizemos algo errado?

À parte a frustração, penso que o primeiro passo é não desistir do Amor, mesmo que seu Amor na prática não seja tão perfeito,
mesmo que tenha outro nome, é importante estabelecer esta relação e estar aberto a esse vínculo.
Quando nos jogamos nessa tentativa, mesmo a energia do entusiasmo sendo verdadeira, não existe certeza de sucesso.
As intempéries estão aí, como um teste para ambos os lados.

Ninguém disse que se relacionar com um Amor-perfeito seria simples, ou fácil.
Existem especificidades, temperamentos, características que as tornam únicas e que nos colocam naquele “cheque” da disposição, da entrega, nos questionando sobre ter feito tudo certinho, afinal, “o que mais ela quer? ”
Bom... eis aí o teste da insistência e do quanto você está disposto a mudar, a ceder, a se transformar nesse processo.
Afinal, esse “perfeito” é para quem, ou para que via?


Amores vem e vão, tem suas verdades, facetas.. E mesmo quando a gente diz
“nunca mais”,
“não tenho jeito pra isso” ou
“não caio mais nessa”... algo nos captura!

E lá vamos nós de novo, com ares de primeira vez!..




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Esse texto é um agradecimento. E também é dirigido às pessoas que já se dedicaram, [ou que ainda irão] a aventura de amar e conviver, plantar, cuidar, acompanhar, tangenciar o desenvolvimento de um ser vivo, em um movimento negativo à  frustração da inexperiência. É um convite para renovar as tentativas com o desejo forte que você se encontre seu meio. Seja a própria Viola tricolor, ou uma samambaia, uma suculenta, um abacateiro, amoreira, jabuticabeira, ou Ana, Carlos, Jorge, Maria, enfim..

terça-feira, 26 de abril de 2016

!no final de abril..




Táa chegannnndo a horaaaa. 

Sem querer tenho me sentido em despedida. Não que eu vá a algum lugar. Mas uma condição vai novamente mudar. Antes de mudar ela se intensifica. Mesmo assim já me vejo em despedida. Tem mais tempo decorrido do que a percorrer, sem desprestigiar cada novo dia, até o fim dos dias desse barrigão =]..

O morro das pedras foi a praia que aprendi a amar, eu que tinha tão poucos carinhos marítinhos, ou tão pouca desenvoltura, ... medo mesmo, afinal, sou um "bicho do Paraná", daquelas bem do interior mesmo, sem muitos registros de praia, até morar numa ilha. Era abril [!] fato inédito pelo friorenta que sou, algo que esse calor atípico me deu de presente. 

Ainda temos muito o que pensar, organizar, treinar intimidade com tanta coisinha diferente da mini-Ldml Cibele, que de um dia pro outro, simples assim, fará parte de nosso cotidiano. 


E ainda que não, muuuito tempo pra imaginar, fabular, conjecturar, e aproveitar!... 










edt. 2020
o tempo parou.  a historia datada de amantes breves  deu para cada um o presente cada vez mais lindo, vivo e pulsante em nome de Cibele. ele está lá, eu cá, mas essa expectativa, esse sem jeito de te esperar parece o mesmo que temos ainda hoje em dia, a cada peripécia sua e nossa, que compartilhamos sempre que podemos, nessa aventura louca e maravilhosa que é te acompanhar.









quinta-feira, 24 de março de 2016

Gestando os Pais




Muita indecisão, muitas hipóteses, abertura para várias ideias, restrições de grana. ..
E quando tudo já foi dito e feito por outras pessoas ou ancestralmente, e está pronto ao alcance de suas mãos, como e o que optar desse tudo? E se algumas coisas você negar?

Trabalhando com variáveis conhecidas, sob um mistério que cresce em sua barriga, como abandonar a ansiedade, e a pressão? Posso reconhecer que estou diferente. Deve ser esse mistério dos dois corações batendo juntos, ela me conhecendo por dentro, .. meus olhos aqui do lado de fora, Cibele escondida aqui dentro, e já me sinto naquelas esparrelas em que ou você cresce, ou cresce.

Eu que tenho algumas dificuldades de iniciativa e empreendedorismo, uma indecisão que me acaba, conjugada a um senso crítico e autocrítico especialmente sádico, faria o que sem os amigos? Aqueles que dizem aquelas coisas que você a primeira vista não acredita, não aceita, ou nega, mas que são sempre boas de ouvir, e depois ir reconhecendo algumas, e refletindo mais.. Ou então por te ajudarem em coisas por complementaridade, .. já conhecem suas fraquezas.

Descubro vivendo, que uma gestação te fragiliza. Te coloca as vezes em protagonismos constrangedores. Te insere em uma confraria muito empática repleta de experiências, opiniões e savoir-faire. Também te coloca em uma posição abnegada de reencontro com seus instintos, e entrega ao imponderável.

Vinte e nove semanas se completaram. E tenho muitas coisas para assimilar. Não sou uma pessoa tranquila. Uma mente impertinente me tira o foco, além do que a própria conjuntura atual também propicia, já o explica a vasta bibliografia, além das experiências alheias =].. 

Não estou sozinha. Penso que a experiência de assimilação, expectativa, aporte, de Danilo não seja menos simples. Estou vendo um pai se insinuando em gestos simples e ações inusitadas, preocupações compartilhadas... como outro dia em que ele me diz “não entendo nada de parto, precisamos estudar!” ao que eu respondo a mesma coisa com naturalidade contente.



25 semanas




O que sabe um pai sobre gravidez? 
Como tornar-se essa figura que remete a proteção, ao cuidado externo? 

Sim, externo, pois me parece que está sempre a circundar, em vigília por sua família, contorna seu próprio meio, o território que cabe, qual habita. 

Como tornar-se pai? Palavra estranha para sair assim da boca. 
Sou pai. Vou ser pai. 
Quando saber que já se é? 

É bem verdade nunca me vi responsável por nada, nem por mim. Mas quando a vida chega, quando lhe entrega sobre cuidado a vida de outro, como se negar a responsabilidade do futuro? 

Não há alternativa a não ser dar de si o máximo possível e lançar-se junto no desejo de bem-aventurança. Diminuir as incertezas com a dedicação e tornar-se outro, pois a vida lhe exige que se reparta o egoísmo de si com esse outro que vem. 

Que se invoque essa ancestralidade paterna para que ela pulse nas veias, e de força para a carregar consigo. Que junto pulse algo que é parte de si e parte de outro, e que dele apenas solte, quando pulsar o desejo de partir.



pai de Cibe








_________

*queria homenagear as pessoas que venho infernizando com as ansiedades, dúvidas, expectativas, que tem estado aqui na prática, aqui de longe, .. era pra agradecer o suporte e a interlocução =]..
mas no fim meio que tomou outro caminho
só sei que gostaria de estar escrevendo mais! =s
e pra constar.. é uma reflexão de reconhecimento
de quem sabe que não está sozinha..


e acrescento o plural da família por conta..


eu, Danilo e mini-Ldml!





*edit. 2020

Cibele. acho justo que a lembrança desse post seja pra você. foi maravilhoso te gestar e problematizar questões da existência e da natureza humana a partir desses desafios, dessa experiência que de fato, nunca fiz muita questão de passar, mas que sou grata afinal, de ter me jogado. você viu? seu pai e eu adorávamos te pensar e refletir no quanto você estava transformando a gente, mesmo antes de você chegar...

sabe porque não pensava que ia ser mãe um dia? porque sempre achei que não tinha nada muito valioso a ensinar, e os problemas que eu não sabia resolver não me faziam digna. eu e seu pai morávamos juntos, havia amor, e esse muito amor fez com que eu parasse de pensar, e deixasse você chegar. hoje em dia minha relação com seu pai mudou, é diferente as tratativas, nossas histórias tem outras escolhas. mas continuamos essa base sólida nas pontas, para te fortalecer, te apoiar, aprender com você, .. e crescer.




domingo, 21 de fevereiro de 2016

!uma barriga cheia de Cibele..




Mas eu colocaria o nome que coloquei em minha Samambaia, anos atrás, nessa menininha dentro da barriga, prestes a nascer?
Segunda pergunta ainda meio hesitante.. Haveria nome mais significativo?
Ligada à natureza, ao verde, à mulher, à vida, prosperidade, abundância.. em um nome tão singelo, cujos significados não explicita!

Em uma pesquisa rápida pela net:

- Personifica a natureza selvagem. Grande mãe dos Deuses.
- “Magna Mater” deusa dos mortos, da fertilidade, da natureza, da agricultura.
- Mãe de todos os seres.
- Espírito criador (gerador) do calor e da vida.
- Relacionada com o ciclo de vida, morte e renascimento.

Minha mãe, há alguns anos estava falando dos nomes da grande mãe. Ela estava lendo um livro sobre o tema. Aí, um dos nomes que ela citou, Cibele, causou certa impressão, pois não me suscitava tanta historia..

Quando quis dar um nome para minha plantinha número 1, queria algo que tivesse conexão com a natureza, sem ser muito óbvio, e logo me veio essa lembrança. O que fez com que ao longo dos anos tivesse muitas Cibeles =]..

E essa relação, essa construção afetiva já foi tema de algumas reflexões, as quais renderam postagens como Cibele, a plantinha número um! , No verão, Cibele de coque! , tem a postagem que a figurinista fez, ela que me deu a primeira Cibele.. Cibele e a noção de abundância ...

Dizem que vamos descobrir o amor quando a tivermos pequena Cibele nos braços, ter ideia e profunda compreensão do sentido de acalentar e ser vital para alguém na vida.

O que nos provoca para além e para o interior de nós.

E esperamos...











A notícia chegara rápido. 
Havia vindo não sei de onde, uma vontade imensa de nascer.

Brotou mirradinha em um canto,
Espalhou feito rama pouco a pouco,
Cresceu como pendão a procura do sol.

E toda prosa, a cada entardecer, abria esplendorosa ao sopro da vida que passava ligeira naquele cantinho, levando consigo um tanto de si, para tantos cantinhos que ela bem quisesse. Deixando no rastro um canto fininho, um uivo baixinho que ecoava, embalava, e ululava a noite que chega UUUUH...


Pai de Cibele