quando nada indicava que eu iria
confraternizar tão de perto, meu irmão do nada, na adolescência, resolveu
sozinho, se tornar evangélico. daqueles de terninho, bíblia, tendência a
pregador, e tudo. e isso renderia muito, porque foi um descontexto na família,
foi inusitado, e pra ele, uma faze importante.
ele aprendeu a tocar violão sozinho,
estava carente, se recompondo de uma faze bem ruim. entrou pela porta da música.
eles ofereciam aulas gratuitas, mas pra tocar no culto tinha que ser
convertido, enfim, uma coisa após a outra. um dia ainda escrevo sobre a praga “Como
Zaqueu”. conheci a original, que tocava em looping na saída do transporte
público no centro da cidade. depois teve a versão pagode, funk, não lembro se
tinha mais alguma. aquelas caixas de som bem potentes. que raiva. diária. mas enfim,
quem diabos era esse Zaqueu? nunca me esqueço da aula que recebi desse
personagem, de meu irmão com bíblia na mão. essa música me comove hoje em dia, teve
história. acabei de lembrar, nessa época pela primeira vez estava dando aula
pra crianças pequenas, sempre fugi delas. seis anos. apavorante. mas enfim, um
dia fui levá-las no parque da praça, ao lado da escola e fizemos fila. no meio do caminho um aluninho puxou a música, e então todos começaram a cantar. ao
mesmo tempo. fervi por dentro, aquilo parece que me perseguia, e achei a coisa
mais linda do meu dia. tempos de chico mendes. mas tá.
músicas do mundo, eles
abandonavam as músicas do mundo. tipo, mundanas. ele parou de tocar as músicas
que gostava, seu repertório ficou muito vasto no mundo gospel, o qual sempre me
mantenho bem longe no que posso, e naquela época, muito mais enfaticamente, então
atritávamos bastante. uma figura. amo meu irmão.
essa música brotou na lembrança ontem, fui certeira nela nem sei porque. esse texto contém ironia. ele contém uma Bruna achando mesmo tudo muito engraçado. gosto do Moska nessa versão. é isso.