domingo, 28 de março de 2021

pensando alto | lua cheia



tô pensando nos ímpetos e nos freios com relação aos produtos de origem animal na história de minhas escolhas. já disse aqui em algum lugar, que quando descobri que eu poderia ser perfeitamente saudável sem consumi-los, quando eu descobri, e nem estudei muito, ou nada, para além de umas falas sobre ética animal, a chave caiu, e o prazer  por esses alimentos foi abandonado, substituído, se tornou isso, boa lembrança, ou, constitutiva. esse é meu ponto. e eu gostava sabe, eram quase irresistíveis.  o simples cheiro de alguns pratos ainda me desperta algum desejo, tipo ancestral até, mas isso não muda a minha convicção. essa sou eu buscando coerência, adoro exercitar.

no emocional, tento transitar bem pelos sentimentos. saber quais alimentar e quais dar fome, especialmente na manifestação. mas veja, nem sou uma pessoa fria. e.. as vezes me deixo levar um pouco também, pra ver qual é, porque tô na vida.

lembro que já amei no passado. e das profundezas do bom e do ruim dessa intensidade de sentimento encerrei, abandonei quando por alguma razão o que foi fundamento, não funcionava mais. só encerrei. foi um aprendizado e tanto dar conta disso, eu comigo, a gente se revira, né, se contorce, afunda bem.. até que emerge então, com algumas curas, talvez. e de novo, se joga.

bem, aí o resto é fichinha, né? nãaa.. eu sei das surpresas da vida, e de longe quero cuspir pra cima viu destino.  é só que entendo algo de abandonar o prazer do gosto do que não me faz bem, ou não é propício dentro do que estou convicta. e se não sou de todo assim, porque possível que no conjunto de tudo, nunca seja. é um propósito.



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pensar alto em dia de lua é tudo que se quer... pra se perder de vez, né. coisa boa. mas saio ilesa,  esse texto é de meados de dezembro. textinho velho que achei ali nos rascunhos. não é o tipo de texto que eu gosto, talvez por isso não tenha postado. mas, é como diz ali em cima, constitutivo.




terça-feira, 23 de março de 2021

Cibele e a noção de ancestralidade


você pode ver isso como um monte de palavras, um monte de clichês, verdade ou mentira, pode sentir vibrar dentro de você algo disso, alguma coisa, ou nada. eu vejo de todos os modos, transito entre o pouco e o muito sentido como numa brincadeira, porque vejo humor nas minhas fazes. mas se viemos da terra, e se é por esse meio que existimos, dá pra dizer que somos filhos dela, ou que somos, ela, se temos seus elementos na própria constituição do corpo.

será verdade que vivemos outras vidas? se já, tivemos outros corpos, quantos vestígios de nós a terra já absorveu? se sim, ela sabe de nós, nela estão contidos nossas contradições, insucessos.. é ela que diz com propriedade, "..eu sei o que vocês fizeram.." instintivamente, e fica só assistindo a novela. se sim, viemos dela, estamos nela, e toda nossa ancestralidade também está, no pó, no adubo, na força, lá dentro, perdidos na digestão da pachamama. existe então uma sobreposição de vestígios de nós, nossos antepassados, outras versões deles, e de  nós. e por via das dúvidas, as vezes eu coloco as mãos na terra e pergunto onde, ou porque, ou quando, ... mas na maioria das vezes eu peço mesmo, firmeza.


mas eu queria mesmo é falar do desenho da Cibe, que me veio com essa uns dias atrás. "as meninas do passado". não é sempre que eu consigo, né, parar e ouvir suas longas histórias. o fluxo de desenhos é bem maior, .. às vezes acho algum desenho mais elaborado pela casa e penso poxa, perdi mais uma história.








Cibe se referindo às meninas flutuando no desenho.

as meninas do passado foram as primeiras a chegar. elas estão no céu, já morreram. 
a primeira [acima e a esquerda], praticava esportes, a outra construía castelos, porque ela tinha vestidos de princesa muito chiques, pérolas e tiaras lindas, e dois laços bem brilhantes. 
a outra fazia tudo bem devagarzinho, ela se sentava na mesa do jantar, e comia bem devagarinho, muito comportada. 
essa outra se metia sempre em confusão quando ela dizia ahhhhh de acordar [se espreguiçava] ela caia da cama, porque o quarto estava todo desarrumado, aí ela escorregou na cobertinha, e caiu no chão que nem uma goiaba podre [risos]
essa aqui era comportada, muito legal, porque ela era uma princesa. 
a cabeludinha [ponta esquerda], essa era prima, da prima, da prima, que morreu a muito tempo atrás. ela gostava de sanduíche, laranja, e gostava muito da sopa da mamãe e do papai.

e o que elas vieram fazer no seu desenho? elas eram meninas do passado, e vieram dar oi pras suas irmãs. essa aqui [embaixo da menina cabeludinha] fazia esportes que nem sua irmã do passado. (...)








________  outra dia me dei com essa música, e me lembrei daqui. de uma maneira diferente de dizer algo, daqui.


01-09-21




a ordem e o brilho dos dias

a gente não pode pedir pro tempo passar rápido. deixa o tempo à vista, deixa no papel, na prospecção, nos planejamentos, no calendário. falando em calendário, é algo que nem gosto, mas sempre que vejo o do ano novo, refaço o tique de infância onde ia procurar o dia do meu aniversário, e se meu pai tivesse chegado antes,  o dia 12 estaria circulado com um coração. ai ai, lembranças. enfim, agora eu que vou marcar, dia 07. homenagens..

Cibe esconde algo por trás de si. aquela cara de quem fez arte e sabe que eu posso ficar muito, mas muito brava. ela já sabe que não é pra riscar nada além das folhas de papel, ou algo diferente que eu saiba, e tenha deixado (tratativas mil nisso.....). bom, aí ela me mostra o calendário, desses de loja que estava por ali na mesa do computador..







aí meu coraçãozinho bobo derrete. ela adoça meus dias. do presente, ao advir. sim. ela pode desenhar nos meus dias, ela já desenha, e sempre desenhará.




sexta-feira, 19 de março de 2021





                               19-03-21                           03-04-21





 

domingo, 7 de março de 2021

elementar


                                     janeiro-fevereiro 2021   

 


filha, por que os bonequinhos que você desenha estão sempre chorando?
eles não tão chorando sua loca, é o pescoço deles!






       o tempo.., não é mesmo?





filha sabia que a gente vai ter que ir na escola da mamãe hoje? é aquela que tem a sala de brinquedos? não. é aquela mais pertinho de casa. então posso ir no parquinho? não filha, tá trancado, nenhuma criança está podendo entrar, lembra? e se tiver outras crianças não é pra sair abraçando Cibe, não esquece! ..mas posso dar oi de longe? de longe pode.

perco um tempo correndo atrás de Cibe pelas rampas. namoramos o parquinho pela grade, ficamos um tempo na sala dos profs., conversamos com alguns colegas presentes no momento, funcionários da escola. partimos.

não existe naturalidade nos dias de hoje. normalidade. a gente tenta ser feliz mesmo assim, mas possível que feliz seja uma palavra muito forte. que seja.








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dias antes, fiquei eufórica ao ver pela primeira vez Cibe desenhar um escorregador, e uma outra criança pulando corda. sem falar na estrutura do corpo e da representação de olhos, boca, que também estão se modificando. é muito lindo ver, e muito rápido. as soluções vão surgindo, e sua empolgação contagia.

e esse céu, gente.





26-02-21










quarta-feira, 3 de março de 2021

nem estou dizendo que você reviveu


*um dia ainda escrevo sobre grades..


só um eu muito distraído. mantive esse toco de planta comigo. ele insistia em se manter verde, eu insistia em pensar, quem sabe uma hora.. ela não dava nenhum sinal, eu também não fazia nada de diferente. e ficamos assim.

e lá vou eu pras histórias procrastinadoras, aquelas que ninguém quer ler, nem eu quero contar, mas que neste momento, o que mais eu quero mesmo é estar aqui, daqui ninguém me tira.

floriculturas, casas de tias e vovozinhas. os famosos vasos de 7 ervas? não fazia muito sentido pra mim. mas adquiri um respeito quando percebi, ou conheci pessoas que viam ou sabiam, ou tinha acesso a um tipo de devoção, ou entendimento a mais, que me deixava muito curiosa. 

sei que quando comecei a pensar no que eu gostaria de plantar perto da minha casa, pensei nelas. isso a algumas casas atrás. sem ser tão importante o que eu não sentia, ou percebia, e, especialmente por isso. a ideia é que elas cuidassem do que eu não via, que me inspirassem, intuíssem no que eu não notava, ou que só crescessem mesmo, algo assim, enfim..

quando me mudei pra casa arco-íris, a primeira coisa que pensei em tentar plantar naquele espaço foram elas. as sete ervas. vou pular muito papo aqui, pra chegar no caso. faltava a última, a comigo-ninguém-pode. e não que uma ou que outra também não fosse, mas ela, tive muito medo de plantar no chão. muito perigosa com seu veneno. 

morávamos em uma casa ao lado do banco onde meu pai trabalhava. era Itambaracá/PR. tinha umas escadas de acesso e ao lado uns canteiros grandes com essa folhagem, até que um dia resolveram podar. enfim, sei lá como meu irmão mais novo catou do chão um pedaço e encostou na boca, ele achou que era um pedaço de cana. foi bem horrível, e ele só encostou um pouquinho. mas apenas um susto no conjunto. e uma lição. e um aviso. a gente precisa saber com o que lida né. vamos aprendendo os distanciamentos apropriados ao longo, acho. experiências e convivências.

então peguei minha mudinha e a deixei na água, onde ela se desenvolve bem, outro pedaço ia colocar no galho da árvore, próximo as outras, mas esqueci. e ficou esse toquinho, na água também, um tempão, depois resolvi por na terra, mas isso já aqui, na casa do futuro. também ficou muito tempo nesse copinho. mais de quatro, cinco meses nesse processo todo. sei lá, pra mim é bastante. 

maaas, plantinha, veja bem, nem estou dizendo que você reviveu tá. se eu acreditar muito nisso capaz de você estacionar de novo. então não digo nada. faz o que você quiser, quando quiser, .. e lide com o que vier com sua força de vida. tudo tem sua hora é a frase pronta mais irritante da face da minha terra, não gosto de ouvir, não gosto de dizer, mas é isso, ou você sabe a hora, ou a hora sabe de você. minha janela é sua, tome seu tempo.

seguimos...