quarta-feira, 31 de maio de 2023

joão gualberto soares | dois entes

 

rua longa ein Brasil, muuuuitos comércios de tudo um pouco. mas sempre que passo por ali sei que vou ver uma árvore que eu adoro. seus galhos se bifurcam logo embaixo, andando reto pela calçada sem desviar você poderia atravessar por ela como um portal. me irrita não saber o nome direito. ela é gigante, as folhas láaa no alto, aí a última vez que passei por lá, peguei um pedaço de sua casca pra ver o que acontecia nos amarrados de ervas que estava fazendo. basicamente as ervas se vão, a casca fica, demora ascender, mas amei o cheiro.

não sei se é pinheiro, cedro, cedrinho não é, cipreste talvez, mas não é aquela coisa de jardim inglês sabe. essas árvores que parecem um algodão verde, tem vários tipos, mas se a que você conhece parecer muito algodão, é a minha.  ela me chama, me encanta, bom de olhar, ela tem algo pra mim que eu adoro não saber o que é.

e eu tive uma lembrança bem louca de infância ao ver uma outra árvore gigantesca. pena que não dava pra ver inteira, estava uma parte tapada por não sei o quê, muro ou tapume, linda, imponente, até assustadora. mas assim, a gente tirava folha dela, e cavava uns veios nos galhos e ela soltava uma seiva que era uma cola. aí a gente punha a folha onde escorria, e ia espalhando com o dedo pela folha. dali a pouco tava sequinho, mas nesse meio tempo a gente brincava de se pendurar nos seus muitos cipós, (acabei de ver que não são cipós, mas sim raízes aéreas, apaixonei mais um pouco) era uma delícia. a estrutura, galhos dessa árvore, formavam reentrâncias no seu desenho, em alguns casos dá pra quase sentir que entra nela. perfeita pra esconde-esconde. claro que a gente perdia nossa bolinha antes de crescer, ou não tinha paciência mesmo, aí outro dia fazia de novo. alguns poucos, crianças maiores que nós, tinham bolas grandes, uaaau todo mundo queria.

era Itambaracá, então eu devia ter uns sete anos, oito anos. isso era na praça  atrás da rodoviária que ficava na rua principal. essa que chamo de rodoviária era quase um ponto de ônibus normal, bem engraçado, mas vagamente, parece que tinha banheiro. ela ficava quase na frente da minha casa, e nossa casa ficava ao lado do banco. é a casa do jardim das delícias, o quintal dos fundos tinha muita árvore, uns milho, eles sempre inventavam milho no quintal, mas especialmente nessa casa os girassóis gigantes, muitos, era um matão encantado. ahh a casa das explosões de abacate, do bicho na pitanga e goiaba que até hoje não consigo comer em paz, dos pés de manga que davam manga, dos canteiros de morango.. a cidade era bem pequena, tanto que o banco fechou. quem quisesse banco depois o pai esteve lá, teria que se deslocar até Bandeirantes.

eu amei lembrar que amo Seringueiras. 

essa caminhada foi boa, muitas percepções, lembranças, paisagens, além de comércios de todo gosto. muitas muitas lojinhas de uma porta, muita informação, muito texto, muitos carros e pessoas, já disse isso, um pouco atordoante. 

as duas árvores não são próximas. uma fica láa quase no final, outra mais ou menos perto da minha casa. 

tomara que vivam para sempre.  ♡ ♡





digressões

 

enquanto a rede balança, eu tô assim, uma hora vejo a lua, outra não, outra sim, outra não.. ela tá bonita, lua crescente sempre me trás euforia, uma alegria por nada, é um filme repetido que nunca cança né, e sempre dá pra acrescentar um nuance  a mais. um evento que não costumo curtir muito assim, debaixo dela, uma pena até.

adolescente morei num apartamento em Capoeiras. foi nossa morada número 3 por aqui, primeira vez em apartamento. a lua cheia dava na minha janela sempre. amava. essa varanda aqui também é meio luxo, e outra presença marcante é a lua seguindo a gente no trânsito. a Bruna criança ficava de cara com isso quando estava em ônibus de viagem longa sabe. e caara uma vez morando aqui já, .. agora não sei bem, nunca mais aconteceu de novo mas foi aquelas experiências que a gente não esquece. era assim, lua cheia na frente, sol nascendo no retrovisor, de novo aquela euforia, e essa imagem gravada pra sempre. esses astros..

bom, porque o pé de abacate cresce tanto tanto, que depois nem dá pra alcançar com bambu seus frutos? quero registrar esse protesto super útil. na mami é assim, aqui as que deram abacate esse ano estão meio assim, e na rua hoje estava indo ao mercadinho e vi uma gigaaaante, linnnda, e os abacates também laaaaa em cima, naquela imensidão de altura. só fico imaginando os barulhos, a noite em Itambaracá, a gente ouvia os abacates meio maduros caindo em explosão no chão. aliás tenho medo de ficar embaixo da árvore quando tô colhendo com receio de levar uma abacatada. ixi, agora lembrei do absurdo que é um pé de jaca. mas nem vou falar nada. nem consegui chegar no meu assunto ainda..

ontem eu consegui fazer o que quero fazer faz uns três meses já, ir andando pra minha consulta. não é longe nem perto, foi bem gostoso, e me livro desse trânsito insano de fim de dia. outra coisa interessante foi reconhecer o entorno como pertencente dele. gravar onde fica o que, ler placas, imagens, barulho, tudo que o ritmo diferente permite.

é muito carro né, muita gente andando, bicicleta, moto. vi, passei por um acidente inclusive, o moço da moto caído no chão, aguardando socorro. aparentemente não sério. vou aproveitar pra registrar outra coisa, nunca quero amar alguém que anda de moto. vai ser bem assim, não pra fumante, pra não-mono,   pra cara de moto, os que querem ter filho, pros que fazem pose de top model nos apps, e já tô rindo aqui do quanto fica fácil dar tanto deslike com nem tantos assim critérios. e como é difícil também me interessar.  se bem que faz um bom tempo que estou off total de disponibilidade pra esse tipo de gasto de energia. não quero  conhecer ninguém gente, taí um empenho que eu não tenho pra conseguir algo que não tô precisando. dedicar minha atenção, seduzir alguém? poderia seduzir sim, mas até com pena da pessoa, porque ainda me sinto com defeito, tenho pudores.

que dúvida, já viajei bonito. vou parar pra pegar cobertinha. tô gelando, mas não quero sair daquiiii.

bonito eu, num chat comigo mesma, louquinha pra não fazer aquilo que eu preciso. divagando.

e o que quero formar texto tá me dando uma preguicinha.. talvez um outro post, ou vai ficar um livro isso aqui. pensando.



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é..

lembrando disso agora

andei pensando

eu tinha um pertencimento, estava quase sentindo acolhida pelo entorno sabe

meus médicos, meu restaurante, meu entorno, amigos

quase sentindo que tinha conseguido afinal, um certo tipo de meu lugar..


mas já voltei ao ritmo normal. como chama aquele tipo de casa, aquela que você só mora, tem um nome não tem? todo modo combina mais comigo, historicamente.

outro dia curti sem querer nos apps um vizinho, vizinho de distância não de conhecer sabe.

tenho horror dessas minhas patetisses às vezes. e sempre tive também receio de encontrar o povo do entorno aqui, ui, constrangedor. gente se meu ex- vizinho alugão me visse eu tava perdida viu.

mas como eu não o deletei, apesar de ter verbalizado engano, às olho nossa distância.

tão pertinho. dá essa sensação. de habitar qualitativamente um lugar.. 

imaginação é tudo né, e nada.

mas pretendo me despedir dele antes de sair. cansei da balada. 

o grande  lance é, vou sair,saturei total e geral, mas aí já tenho preguiça de quando voltar. 

só rindo mesmo viu. mas é verdade. no momento, entre algumas intersecções, a impressão que eu tenho é que já dei deslike na cidade inteira e arredores.

mas eu quero sair, porque é m e  d e l e t a r que eu quero ver. e quando quiser voltar, vou ter que rever todêsse povo de novo, pensa..

mas tô d boa.

vida segue, entorno, vizinhança, .. 

isso.


08/09/23


um salve pra essa Maria | 1h pra daqui a pouco

 



tô falando de um método científico, nunca tinha pensado assim. uma técnica usada em cozinha caseira, indústrias, laboratórios.

então aí você aquece lenta e uniformemente qualquer substância (dentre as possíveis) através do contato com o vapor de água em um recipiente inferior.

gennnnte o processo recebe o nome de banho-maria em honra à famosa alquimista (pra mim desconhecida, depois vou até pesquisar) Maria, a Judia, a quem se atribui a invenção dessa técnica.

banho-maria é muito empregado aqui também sabe, principalmente nas coberturas de bolo pra Cibe, aquelas barras gigaantes de chocolate. ai aai..


sexta-feira, 26 de maio de 2023

decorrência | gralhar na escrita | os símbolos | aleatórios significativos | costura | arqueologia de bugigangas

 

eu gostava de desenhar.

mas era mais um passa tempo, como ler.

e eu li muito na adolescência, literatura estrangeira, brasileira, nada excepcional, mas o que me incomoda como característica minha, não lembro de nada. inveja do Sílvio, era bem inteligente, se comunicava bem, era muito gostado, com muitos amigos, e volta e meia, soltava uma citação de algum livro que leu só faltava dar a página, o parágrafo.., eu queria.

a primeira escola que eu estudei quando cheguei aqui foi  Instituto Estadual de Educação, já escrevi um pouco até, das dificuldades de lá. 

um dia teve um concurso de desenho, não faço a mínima idéia pro que, eu não ganhei, e tiveram só dois inscritos, ou dois da nossa sala, mas foram bem poucos.

a proposta era combinar os arcos da arquitetura, com a gralha azul.

o meu não servia pro fim que eles queriam, tinha muito detalhe, difícil pra uma logo, mas não lembro bem o que era, sei que eu ganhei um livro de anatomia de animais, fui algo como segundo. na verdade foram muito poucos que tiveram a iniciativa de participar, aí quiseram me agradar.

eu não conhecia nada desse pássaro, nunca fiz conexão direta com Pinheiros naquela época, e não era tão simples pesquisar, não sei como isso se deu.

tenho confraternizado muito com as gralhas azuis, elas adoram fazer convenções aqui pelo condomínio, e eu amo ouvir. o som dos pássaros, hipnótico. passarinhos na mangueira no final do dia, no abacateiro, essa balada animada, incrível. mas aí já é de outra casa e cidade.

eu tenho um livro sobre animais xamânicos, não gostava de tirar as cartas, tinha o hábito de abrir aleatoriamente e volta e meia caía a gralha. esse livro eu roubei da mãe quando mudei acho, é bem bonito, se atendo principalmente aos ensinamentos dos indígenas norte-americanos, de onde veio o aprendizado e vivência da escritora.

como uma coisa vem depois da outra, falar da araucária, que a mami chama de pinheiro e eu também, sem aproximar a gralha, que tem estado tão próxima, desde que moro aqui, não dá. e abrir aquele livro e cair na gralha, sempre que acontecia dava uma sensação estranha. pelos simbolismos do livro, do quanto ela é enigmática.

quando comecei a conviver com elas aqui  achei muito mágico, lembrava um pouco daquela essência do livro, que sim, pra reproduzir algo daquele texto, apesar de já ter lido mil vezes vou ter que achar e ler de novo.

gralha "a lei", segundo uma lenda indígena, que ilustra o fascínio da gralha com a própria sombra, ela tanto olhou, tanto bicou, tanto arranhou sua própria sombra, que esta acabou acordando, tornando-se viva, e devorando a gralha. assim a gralha tornou-se a gralha morta - a guardiã do caminho da esquerda. 

gralha é um presságio de mudança, vive no vazio e não está sujeita às leis do tempo. ... a gralha é capaz de ver simultaneamente as três dimensões temporais: passado, presente e futuro, funde a luz e as trevas, percebendo tanto a realidade exterior, quanto a interior.

em uns bons anos pra trás, ainda no pantanal até, antes, abria esse livro todo dia. foi assim um bom tempo, até que alguns animais começaram a repetir com muita frequência e começou a me irritar. será que o livro estava marcado, pode ser, mas comecei a não gostar daquelas repetições e seus conteúdos, e como pessoa madura que sou, que super entende os sinais da vida, resolvi o problema parando de abrir, fui perdendo o costume, até que ele se perdeu na bagunça. aai ai.






lembrei de uns videozinhos com a Cibe, ela nem aí coitada, tava fazendo outra coisa dentro de casa. mas depois ela se animou, e curtiu procurá-las comigo. um evento. acho que isso foi no início do ano, finalzinho de férias. elas sempre estão por aí, mas tem um período, talvez ainda tenha oportunidade de perceber sozinha, que muitas se juntam, aí sim, pennsa na gralhagem.

e falando em Cibe, hoje é sexta! saudades da minha pequena. 

quinta-feira, 25 de maio de 2023

histórias, memórias, afetos


ele praticamente disse pra eu aproveitar o momento, relaxar e aproveitar, aceitar e me entregar. eu não consigo entender bem.

ele disse, se você tivesse quebrado uma perna, entenderia bem a necessidade, mas porque o que passo é de um certo modo impalpável, quero achar que tem diferença.

na minha perícia a médica antipática perguntava o que tenho feito, e eu nunca pensei que não fazer nada fosse tão infernal, e não ter ânimo por mais que tente, fosse tão indignificante. ela fez bem o papel dela, saí de lá bem pior do que o neutro que eu estava. será que isso é bom então? fica o questionamento.

tenho coisas boas pra falar. e essa frase é a coisa mais bonita que posso dizer, apesar de ser tão simples. e o prático dela tão hetérico.

no começo do ano eu estava só com a ponta dos dedos pra fora. o segundo semestre do ano passado, me afundava nessa areia bem devagar, sem que ninguém visse, porque eu também não estava interessada nisso. o que eu queria muito é o que eu já queria talvez até antes de 2019, tomar conta da minha vida e pronto. que bosta né, puta case dee não consigo muito não. 

só que ter suas piores partes intensificadas e ignorar, só pensando que essa é sua nova vida não pode ser bom. e ficar lutando contra a maré do gênio também não, então o que é que eu faço?

entonces,.. acho que eu faço o que o Germano sugeriu, tô pensando em confiar um pouco nele. só que às vezes fico triste e acho que não tenho muito salvação, depois passa a tristeza, mas a dúvida ainda paira, mas veja só, já estou rindo.

aí aquilo que pra mim é precioso apesar de ser tão nada, é poder escrever aqui. deixar pra Cibe algo, aqui ou em outro lugar em outro formato, após uma curadoria necessária, talvez.

relembrar. ontem andei pela cidade, perícia no centro, médico no Saco Grande, e o meu bairro, esse da minha escola, é bonito, sempre achei. essa mescla entre o natural e o social, o administrativo e o morro, a comunidade, é um rolo, mas gosto. uma vez peguei um ônibus errado pra ir pra escola e fui parar láaa em cima de um deles, desci no alto pra ver a vista e vim descendo com as crianças,  era, é lindo lá. e perigoso, várias partes, do que a gente ouve, das histórias rotineiras das crianças, a realidade crua dentro daquela paisagem. 

adorei esse dia de descontexto e também de maior aproximação, apesar de ter chegado meio atrasada na aula. por mais que a gente tente é difícil alcançar a realidade deles. quanto mais a gente tenta, mais humano a gente fica, isso é certo, e mais confuso também. porque as coisas não funcionam e não adianta aquela coisa de ovo e galinha, o que vem primeiro, são tantas frentes problemáticas que compõem o estado atual que olha, eu não sei.

estive andando por lá, parei o carro longe, no meio do caminho vi uma árvore, essa da foto. dentre muitos lugares que dá vontade de parar mas fico com um pouco de vergonha que fiquem me olhando, observando. acontece quando tô mais frágil. 

e olha ela, cheguei hein, olhe bem pra ela o tempo que eu queria mas não pude. esse era pra ser o início do texto. eu queria era falar sobre essa linda. veja bem, isso vai loonge..



eu quando estava me alfabetizando escrevia letras aleatórias no chão com giz, muitas, e chamava a mãe pra ver se compus uma palavra. e ficava super feliz quando conseguia, aí continuava escrevendo, e chamando, e ela de saco cheio já, sempre vinha.

essa coisa de escrever com giz no chão, a mãe fazia muito isso com a gente, porque era uma época que ela precisava muito de sol, aí era perfeito. e eu ficava encantada com a árvore que ela sempre desenhava. eu fazia a árvore simples, estereotipada e olhava a dela impressionada. era um pinheiro. eu sempre que vejo um pinheiro, também lembro dele a giz, em contraste com o cimento do chão, e é doce, simpatizo, me sinto em casa. porque minha mami desenhava pinheiro será?


o Bruna, ué, o que deu em você? tá bom vai.. eu sempre adorei desenhar o Pinheiro. pensando bem, desde criança, quando eu tava na escola eu desenhava no caderno, talvez tenha visto nos livros e me apaixonei. aí eu desenhava, lembro que eu desenhava na calçada, desenhei a vida inteira.  depois em Siqueira Campos naquele pasto, você não lembra que tinha um Pinheiro? e no braço do Pinheiro tinha um monte de casinha de joão de barro? eu amava aquele Pinheiro, eu amava. agora pensando bem, acho que aquele Pinheiro, com aqueles moradores lá, de vez em quando enchiiia de piu piu eles ficavam num coral lá, acho que era um presente pra mim..


mami demorou pra responder. ela foi falando no áudio, adorei. aquela casa, aquele quintal, tanta bagunça que a gente fez. e eu não lembro do Pinheiro mas compôs bem com as imagens que me sobram de lá.

pra mim era olhar praquele fundão e, ou chamar as vacas com as folhas de milho que elas adoravam comer, vinha o bando todo quase, pouco a pouco, enrolando as folhas na língua e puxando com força da nossa mão. ou pra ver se elas não estavam lá pra catar esterco pras hortas do pai e da mami, ou então pra se enfiar no mato em aventuras com a mãe.


fui longe, eu disse. e agradeço aquela caminhada até, e mesmo essas associações involuntárias. sair de casa foi estranho, mas bom. aquele susto de civilização que costumo ter quando vou buscar a Cibe, ou saio pra alguma coisa. e pra mim, naquele momento o Pinheiro foi minha mãe, minha história, minhas lembranças, minha casa, meu acolhimento.

era isso afinal que queria dizer. algumas preciosidades mínimas que entrelaçam passado e o presente. tinha, tenho lembranças  soterradas, me alenta  o que venho resgatando.

agora, do presente pro meu futuro, que será que eu deixo? ah é, fui recomendada a não pensar lá na frente. 

então é isso.


___________

fiquei com isso na cabeça, e depois nem lembrava onde tinha escrito. o que será que eu deixo né. não saía da caixola como se tivesse algo sobre, que estivesse se perdendo. portanto nem vou mesmo prospectar, mas vou é lembrar da minha mãe.

quando eu fiz essa associação meu coração sossegou. ela luta até hoje, e sempre diz que tem que estar atenda, mesmo papo de outras pessoas também dando depoimento sobre isso, e eu ouvia e simplesmente não alcançava aquele significado, conteúdo, experiência. apesar de sentir que aquilo de alguma forma tinha haver comigo. só que lá naquele fundinho de pensamento escondido sempre tinha um ui gente, não é pra tanto também née.

e aí agora eu fui, e vou entendendo no couro, e abarcando assim essa complexidade maluca. 

então é isso, minha mãe me deixou uma mensagem muito forte. fico admirada com ela, porque eu podia não entender, mas eu vi, acompanhei, e hoje eu sei perfeitamente a história e o exemplo que ela deixou.



01/06/23 .. uma data que quando criança eu adorava.






  


certo ou não aí já são outros 500, enquanto isso amei as fotinhos | descobertas




em Londrina eu morava na Vila Yara, dava pra ir a pé pro Shampagnat sei lá se é assim que escreve, perto do centro, era altas caminhada, mas eu gostava, às vezes deixava de pegar o ônibus. era perto também de uma feira deliciosa de frutas, e aqueles pastéis incríveis que nunca mais comi.

eu morava numa casa de esquina e tinha várias árvores gigantes no entorno que floresciam e o chão ficava lavado delas. lindo. mas de vez em quando era minha função varrer. a mãe também varria, aquele barulho de vassoura de palha no chão se arrastando, uma hipnose pra mim que nem a festa da passarinhada em certas árvores no fim de dia. maior balada aérea né.

uma dessas árvores era uma que tem uma florzinha branca miudinha muito perfumada. é linnda e perfumada. queria saber o nome mas nunca soube. quando mudamos meu pai deu pra sua mãe dona Chica e pra irmã dele a tia Nana, uma mudinha. aaanos depois, elas deram uma mudinha da delas que cresceu pros meus pais, quando estavam na casa deles, a Flora.

hoje já é uma árvore considerável. e mami faz mudinhas de vez em quando. em uma das vezes que fui lá me empurrou uma delas. onde eu vou plantar uma árvore aqui. mas tive que trazer.

não sei do futuro, porém, é uma árvore da Vila Yara, que depois migrou em muda pro bairro Casa Verde, que depois mudou pra Palhoça, na Praia de Fora, e agora eu tenho uma filhinha. não me dei conta, mas ela é do meu coração, não é qualquer uma, assim como as que germinei na pandemia. até fiquei grata pela chatisse da mami, na época não pensei o que acabei de pensar olhando pro seu vaso, e perceber o estirão.

eu acho incrível essas pessoas que sabem o nome de tudo. chiquéeerrimo, admiro, mágico. especialmente de coisas que eu gosto mas não sou próxima, como o nome de algumas plantas.

outro dia, hoje vai, recebi uma visita surpresa. colhemos abacate, limão, mixirica. e ela passou pela árvore de flores coloridas e disse que era uma espécie africana, que se chama nonono, porque esqueci o nome. mas fiquei muito feliz de me aproximar mais de seus mistérios, de sua história a partir do nome.

ahh você tem uma.. nonono, esqueci completamente o nome também, agora falando da árvore de florzinhas brancas. que emoçãaao. momento euforia. 

então,.. esqueci os nomes, e vou ter que perguntar tudo de novo. sabia que eu ia esquecer. ela também disse um termo que nunca tinha ouvido sobre uma casca de fruta seca.., mesma coisa, apaguei. então estou aqui, remorrendo de curiosidade até ela me responder a mensagem.

e pra não dizer que não lembro de nada, ela disse que o que chamo de ameixa amarela, é nêspera. nas interna eu meio que duvidei, fui pesquisar e não só é certo, como chamar de ameixa amarela não é. bom, não sei agora do que vou preferir chamar, mas olhar praquela frutinha e chamar de nêspera tá muito frufru pra mim. bobear vou chamar de frutinha amarela peludinha com caroço marrom.

na espera.


Murta
apaixonada, completamente, por esse nome. queria saber antes, desde sempre, linda, de nome mais lindo ainda, aiiiii, eu tenho uma Murteira na minha história ♡.

 

querer o bem do outro nem sempre significa se fazer bem.

acho que isso se aplica a muitos assuntos nobres, talvez. sem entrar no mérito, certo errado, eficácia real, tal.

até querer bem o outro, pode não te fazer nada bem, mas você sempre pode se iludir, e já é.  no meu caso, dá um alívio superficial. como casca de ferida. sei lá, adiar tratamento sério com chazinho, como é o nome daquela pílula, placebo. mas tem um outro aspecto, faceta, agora também preciso lembrar, ou clarear. 

uma falsa.., tem um nome pra isso, jajá lembro. falsa alguma coisa, será, não sei.

mas por exemplo vai, vamos de futilidade. perdi o sono agora, e tava pensando. raramente, dificilmente, eu acho que sou a pessoa certa para as pessoas certas do meu interesse. começo a fazer listas de pessoas interessantes do lado da minha pessoa interessante. detesto fazer isso, porque queria que fosse eu, mas é difícil de evitar.

a mesma coisa sem ser. sempre achei que eu não tinha que ter filho porque não teria nada de bom pra ensinar. e se eu não achava direito os meus caminhos, como iria conduzir alguém.

isso é meio, .. ela precisa de terapia? estou rindo agora porque esse par já chipei faz tempo. e esse tô bem, ao lado, mas é um processo lento. já pedi atalhos várias vezes, mas aí só levo fora.

perdi o sono, odeio, portanto vou bodejar. ou Netflix? mas não tenho paciência. bom, talvez.

 

não ser o que eu desejo para quem eu desejo as vezes me coloca na posição de escolhas equivocadas também. me faz ceder a investidas aleatórias. é mais fácil porque não me antagoniza.

aai terapia, haha. 

e sono.

quero dormir.

 

quarta-feira, 24 de maio de 2023

azeite | o contraditório em festa, um mega hit


eu ando muuito arredia, isso não tá bom.

outro dia ia no restaurante, mas não gostei da sensação de ver gente, não fui.

passei no meio da feira da ufsc hoje, atravessei porque não tinha outro caminho, mas com horror de encontrar alguém, e ali é campo minado.

fora isso, ambientes felizes com gente animada me dão um pouco de desespero, já nunca gostei muito, mas nesses tempos.. alguns amigos só assim pra encontrar, e quanto mais tempo leva, menos eu quero também.

marchinhas, axé, até samba, qualquer deles, sem colocar os bons junto com os complicados, é difícil pra mim. eu costumo dizer que é felicidade demais, .. às vezes uma euforia forçada, mas não é, as pessoas estão genuínas em seu festerê, eu que não consigo naturalizar  esse estado. beber ajudava, fumar um tempo, não muito, mas me dava gestual e acentuava minha contemplação. aí já mudava um pouco.

a trilha sonora né, o repertório balada de novela, adolescência, o pop fácil, as músicas do Faustão, das rádios mais acessadas tipo top 10. socorro.

e bar com música ao vivo. socorro mil vezes. em qualquer dos tempos de minha trajetória social, mas hoje em dia, caara.

sem querer outro dia caí numa assim, o restaurante que eu frequento normalmente abre no sábado, e nunca tive costume de ir no findi, cheguei lá tinha um moço tocando. e eu me irritei do começo ao final do tempo que estive ali. 

fazia um tempo que não via a minha amiga, não pude conversar bem, e não consegui ficar à vontade.

e cada música que começava, era um ai que saco mais intenso. 

e o moço, bem lindo e simpático, pois é, deixa o menino trabalhar né, deixa quem gosta alegrar seu sábado a tarde. no período em que estive só azedei.  

e só pra não dizer que não quero te irritar, porque eu tô bem afim, deixo aqui a minha preferida das músicas de bar, a primeira que vem, verdadeiro clássico pra cantar junto, urrul.





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eu cantado e dirigindo feliz da vida e Cibe me pergunta porque ce tá ouvindo essa musica triste?


.. aquelas músicas de desgraçada que você canta pulando pela casa...


09/06/23



cabelo, cabeleira

 











eu abraço meus aluninhos. eles vem cheios da maior animação, eu não tenho coragem, mesmo na época da máscara com todos os protocolos, dava uns agarro neles, não conseguia afastar

aí na sala dos profs. ficava ouvindo os top 10 piolhentinho de cada turma. do quanto é complicado, tipo, o bichinho caindo em cima da mesa, de tanto.

uma amiga estava me contando que a mãe morreu cedo, e as irmãs não tinham a menor paciência, e ela sofreu muito com piolho na infância, sendo excluída e sofrendo com chingamentos.

eu ia derretendo no solzinho, e minha mami futricando no meu cabelo pra matar na unha as lêndeas tal.  era uma delícia mas logo enjoava e queria fugir, aí ganhava uns puxão de cabelo, ficava presa ali, e não virava mais, tãao legal, mas fazia parte.

e eu era muuito piolhentinha, é coisa de sangue será, não sei, me amavam. passada a faze, esqueci da existência deles até pegar de algum aluno. mas foi bem tranquilo, logo tratei, tranqui. isso bem antes de engravidar.

nas férias de um ano da Cibe, Danilo tava cabeludo, eu mais ou menos porque tinha cortado bem curto pela primeira vez, encontramos a prima Jú na mami, e Cibe pegou piolho dela que estava entrando em férias e ainda estava com os inquilinos. eu e Danilo inocentes, longe dessa questão infantil, envolvidos nos temas da nossa faixa de tempo né. piolho não existia até então. quando descobrimos a questão esta crítica as três cabeças. e eu não consigo lembrar disso sem rir dessa infestação. piolhos on, na nossa vidinha.

aliás, nunca me senti tão feia, desinteressante, sem brilho, personalidade, quanto a época em que cortei meu cabelo. já parecia, por um lado muito interno, praticamente invisível, já tinha começado a desistir de coisas importantes ali.

e Cibe na escolinha, e agora no primeiro ano, tranquilo né, a mais nova piolhentinha da parada. desde final do ano passado que teve um surto na creche, até hoje em dia, tipo, o ano já começou com bilhete de alerta. sempre estou em alerta.

e aí.., Cibe tem quarto, cama hoje em dia. mas não faço questão nenhuma de transferí-la, a gente dorme muito juntinha e eu amo. então, não precisa perguntar. eu não preciso responder. esse cabelos looogos pfff, tive que desenvolver altas técnicas para tirar, e também na real reaprender a usar pente fino no meu cabelo. estou revivendo essas experiência infantil junto com ela. mais essa né.

e a cada chilique dela ao passar pente eu lembro da minha mãe e eu, lembro que era um bom momento, apesar das intempéries, e tento fazer com que pra ela também seja, até porque, tamojuntas nessa. 

e morro de peninha dos meus aluninhos que os amigos não querem chegar perto, que os responsáveis são ausentes, ou tem carga horária fora do normal. sinto pela história da minha amiga, doeu ela estar só naquele momento. algo tão simples, e não.





terça-feira, 23 de maio de 2023

listas

experimento - engessamento 

cobaia - suspeita

estudo - expectativa

teste - silêncio

jogo - afeto

impotência - medo

passa-tempo - desejo

excentricidade - incrédula

curiosidade - curiosidade

poder - abertura

ego - borracha no lápis

tempo - tempo

cheio - vazio

vazio - cheio

paralisia - franqueza 

silêncio - tomar rumo


segunda-feira, 22 de maio de 2023

 

minha mãe gostava de dizer que eu era insensível, fria.

ela dizia isso porque a gente brigava muito, e por vezes ela chorava, e eu só ficava olhando, sem dar sinal de emoção.

eu não ligava que ela dissesse isso. e se ela não sabia eu sabia que não era verdade.

mas às vezes, muitas, quase todas, eu não queria demonstrar nada, e fazia um esforço grande. muitas vezes por certo eu poderia ter agido diferente,

mas em  outras me sentia manipulada então não queria fazer parte daquilo.

nesses momentos de conflito ela recorrentemente era enfática em dizer  o que eu era, particularidades do meu temperamento, leituras que ela fazia, das minhas reativas, tal, que simplesmente não correspondiam a realidade. 

será que vou fazer isso com a Cibe também, ser aquelas mãe iludida, ser uma mãe inquisidora, equivocada em suas leituras?

eu receio a adolescência. tive uma difícil por muitas razões, mas eu encrenquei muito com minha mãe, claro que não sempre, nem em todos os assuntos e situações, mas a parte que a gente se desentendia era feio, queria tanto ser diferente. 

vejo o povo dando receitas de bem educar, e eu irritada, bem sem paciência. talvez devesse refletir mais. nem sempre fazer diferente de sua criação significa sucesso, isso eu sei.

e nem sempre a gente escapa de reproduzir algumas reativas. e eu sei também, sei não, nesse caso sinto, que educar tem mais haver comigo, do que exatamente com ela. não sei se me explico bem, mas ela está aberta ao que vem, no seu pequeno grande mundo de experiências infantis. como eu me integro a ele, influencio, inspiro, sou eu que vou escolher. os meus limites de inserção e os limites dela na socialização, essas escolhas, essas conversas, que difícil.

muita coisa é orgânica também. só vai acontecendo. e eu com essa tendência de sofrer antes, pra depois tudo ser tão fluido, não sei.

sabe aquela história de cuspir pra cima? adoro essa imagem porque sou dessas. e antes de ser mãe dava tannto palpite, noossa, como eu era crítica da educação alheia na minha cabeça, e olhar observador. eu só não fui pior porque a experiência de ter tido um Leonardo como parte da minha criação deu um olhar condescendente e empático de antemão ao que foge ao controle, às fórmulas de bem educar. ainda assim, passar por essa experiência de ser mãe, de acompanhar de perto o crescimento de um ser, pra mim, é um baita  exercício de humildade.

humildade inclusive pra reconhecer hoje a situação limite da minha mãe, seus nervos de aço pra administrar essas três personalidades e do quanto muitas vezes eu não facilitei.

teve que lidar com etapas diferentes, lidando com os marcos de cada um, e com os seus próprios e do casal, adversidades financeiras, expectativas, sonhos frustrados, projeções..

projetos, anseios, idade, seu ser mulher, sexualidade, vida. já disse aqui, e várias vezes para muitas pessoas quando reflito sobre o tema, passou de um filho já passo a achar de outro mundo, não sei se conseguiria.

essa experiência é uma escola, a frase é um saco, mas é bem ela que vou usar. escola por vezes escolhida, em outras pura surpresa, mas que te coloca nessa senda infinita, de exercitar todos os verbos do mundo, dentre eles, acho que se preocupar, cuidar e amar já dizem muito, e só esses três já podem abarcar pratos bem diferentes pra um mesmo tempero sabe como? em nome deles a gente vê muita coisa linda, e outras, nem tanto, enfim.

a Cibe aprontou uma comigo esse findi, e eu aprontei igualzinho com a minha mãe na mesma idade. eu nunca mais esqueci a consequência do que eu fiz, e também acho bem certo o que ocorreu. mas eu eu Brasil, que que eu façooo. 

estou aqui, pensando, a parte o primeiro impulso, que seria mais rico em significado, reflexão e aprendizado.. e vou dizer, apesar de ser muito de criança, e de eu ter feito igualzinho, eu fiquei muito estranha, senti um pouco uma decepção,  nem entendi porque já que o que ela fez está na exata faze de fazer, e minha presença ao perceber também. 

escolhas, né, como reagir. 

não posso demorar.

ó céus...



sexta-feira, 19 de maio de 2023

verdades quebradas

 

Cibe desmaiou antes de comer. estava aqui enrolando pra deitar.

eu me presto né, capítulo sei lá qual, vamos ver o que sai.

ui a rede está boa, mas o ventinho está frio..



...

então eu entendi. é preciso agradecer, engolir seco, seguir. e por favor, pra quem se empolga em vibrar uma energia positiva, intensifique aí, vou precisar. 


porque a vida não é filme, gente adoro lembrar dessa musica, eu preciso desapegar. e qualquer um vai concordar comigo, tenho certeza que sim.



*até voltar a rotina de trampo, as cinco é nóis. senti muito a falta. só achei um pouco despropósito meu, seguir. mas é muito lindo, eu sei.



* poxa tá tão difícil, e tão necessário aqui, nos dias 20 de julho de 23 =/..






 

Danilo fez esse print num dia em que Cibe falava com ele. ando irritada e minha garganta também, já faz  tempo. tenho tocado pouco também, e não posso se não cai no limbo, e não quero muito, que isso aconteça de novo.

outro dia tava tocando algo e Cibe disse mamãe você canta lindo, derreti. a plateia cativa mais querida do meu mundinho, que jájá sai da escola e tô louca pra abraçar.



_______


Cibe, se a mãe estiver tocando, você deixa acabar, não interrompe.

Cibe, se a mãe estiver tocando, não pula no meu colo!

Não, não pode mexer no violão Cibe. 


o pedido de não interromper mesmo, noosa, nem aí. e ainda faz aqueles ô mãe, ô mãe, o mãaanhee responnnde, não adianta.

e ela nem nunca foi muito o tipo que canta junto, se envolve com as músicas. raras.

nossa falando em rara. um dia desses Cibe virou pra mim e disse, minha rara. minha rara! derreti, gennte que coisa mais linnda ser rara. e ela viu que gostei, então tenho sido um pouco mais rara esses tempos.

eu tava tocando umas musiquinhas, ela vendo tv e desenhando talvez, de repente acabou a luz. não tinha acontecido com a gente ainda. ela ficou super incomodada, não tem naada pra fazer. aí eu disse que tinha sim.

canta comigo! aí ela cheia das má vontade foi se animando, porque realmente, não tinha muitas distrações. mas não isso, o que foi legal é que  Cibe sabia cantar praticamente todas as músicas que eu toco, fruto de sua atenção desatenta. adorei perceber. 

faz um tempo isso, já ano talvez, e depois disso as vezes eu ainda consigo convencer ela a cantar comigo, nem que seja na base da chantagem. amo aquela vozinha comigo.


22/05/23



queima de estoque


 

um oferecimento, "as artistas".




















 

barranco da mami

 






sumindo com uns desenhos aqui em casa antes que a gente não tenha mais espaço pra nós, encontrei essa duplinha do ano passado. será que já tem aqui Brasil, me ocorreu agora, mas, resolvi desenhar com a Cibe na casa da mami, num dia que a prima não foi visitá-la e ela tava bem bravinha.

funcionou, cinco minutos. ela escolheu a planta dela, eu a minha, falei pra ela observar folha, florzinha, o conjunto, e tentar fazer no papel da maneira que conseguir. esse foi o primeiro, e o melhor, depois ela já cansou e solucionava o desenho super rápido indo pra outro, e eu não conseguia terminar o meu que ficou assim, ela já tinha vários, já querendo sair dali. aí e eu escolhi esse pra representar.

*e Hortência, era Hortência, minha mãe gosta, tem lá rosa e azul. eu pensei numa flor, e falei outra, mas um pouquinho depois já expliquei pra ela. visualmente não sou muito chegada, mas amo o cheiro de Gerânio, da flor, da folha, amo, falando nisso. e Hortência acho meio sem graça, mas adoro quem tem a azul em dia de yema, e muita gente tem.



só um bem pouquinho de ordem, no caos

 






sempre acho o que me acha ♡



good mood..



 








..se forma quando você escuta uma música que gosta que fazia milanos que não ouvia. aí é como se fosse a primeira vez, sem lembrar de onde veio, nem porque saiu de seu repertório. combina com essa sexta, com os meus afazeres de hoje, combina com um bom lado de mim. =)

fica o registro.



21/05/23



alguém adorou =)..




quinta-feira, 18 de maio de 2023


 

eu escrevi um texto pro Leonardinho. ele tinha acabado de ir morar com a namorada, futura mãe de sua filha Júlia. sim, sou a do meio, mas fui a úlltima a sair de casa. lembro que saí um pouquinho antes deles se mudarem para a casa que construíram meu pai e minha mãe.



uma vez o leonardinho me deu [sem saber se eu gostava e/ou queria] um panetone. fiquei feliz até, presente do irmãozito, acho que o primeiro.... um pedaço comeria, pra prestigiar o ato se tivesse tido oportunidade, saí de perto quando voltei não existia mais, ele tinha comido tudo. sobrou o cartão e a intensão. a impressão q tenho é que a maior diversão dele em vida enquanto crescíamos era me irritar. mas uma coisa é verdade, o léo tem alegria de viver. e a alegria pra te ajudar é a mesma pra rir da tua cara, e contar piadas com e sem graça, te incomodar até o limite, pra morrer de rir com qualquer das consequências.... vocês nunca passaram por isso né, privilégio de irmã. e só porque sei que ele está súuuuuuuuuuper feliz na casa nova, vou confessar, aqui as vezes fica tãao vazio sem o furacão mais novo. Bjinho, vc é um chato mas eu te amo.



eu encontrei esse texto, porque tenho encontrado muitas coisas que não preciso pra fugir das que preciso, mas que reconheço, precisam de um espaço de significado em mim. 

além disso, eu vou voltar para refletir sobre isso um dia, e trazer as imagens, mas encontrei dois registros da presença dele nos meus diários de adole, invasão de privacidade, sim, nem me fale, mas reencontrando agora, depois de tanto tempo, a intervenção dele ali se tornou mais importante que qualquer conteúdo que possa ter depositado na época.


"a mulher que derreteu"

 


a mulher que derreteu
 
 
por reter, conter, reprimir e acumular sinto que sou um à parte de um todo que desconheço.
tudo o que tenho me compõe, tudo que digo me caracteriza , mas tudo que peso me imobiliza.
.
solidificação
 


caiu do céu um pingo na poça de mim. outro e outros.
quanto mais sou menos, mais ocupo, até que... transbordo.
.
liquefação

 

perdida de mim algo em muitas partes inertes, a febre aumenta, tanto queima, tanto arde... até não mais importar, e então, silvo como vento, no ar..
.
evaporação








______

ela põe uma das mãos sob um frasco de vidro. 

aos poucos o pote se enche do suor que verte de suas mãos, ininterruptamente. 

a mulher que derreteu é o registro dessa ação. e fui convidada a escrever sobre este trabalho para uma exposição, texto livre, a partir da visualização da obra da artista.



a mulher que derreteu, Juliana Crispe, 2010.




idealizações, marcos e clichês



Bruna Mansani, mãe da Cibele, professora de artes visuais pela rede municipal de Ensino, Mestre em Artes Visuais pelo Centro de Artes da UDESC. Atualmente, com seu um ano e dez meses de maternidade, tem buscado abranger, incorporar, assimilar e se relacionar em real interesse com as outras atividades do mundo, ao mesmo tempo em que percebe a possibilidade da arte como expressão da intensidade dessa própria experiência.

 

Eu fiz esse resumo de atuação pessoal, e coloquei em primeira atuação a maternidade, porque até então, como num processo de distanciamento, mas totalmente imbricado, ela povoa minha mente o tempo todo, e abrir o espaço pras outras atuações da minha vida e as outras importâncias é o que eu tenho feito desde então. É sobre isso que eu tenho vontade de falar, é isso que eu sou agora, se for pra me apresentar. Meu passado me constitui, mas uma criança me colocou num presente muito intenso, e humildemente é nele que eu quis me colocar, e assim que eu queria ser vista.

Eu trouxe aqui pra mostrar pra vocês dois experimentos, não que eles tenham importância em si, mas porque as circunstancias com que eles foram criados tem haver com a proposta de hoje. Talvez eu seja bem pontual, mas fica em aberto pra gente conversar depois na sequência.

Então a primeira situação que eu vou contar é a de que aos 36 anos eu engravidei de meu companheiro, a gente mais ou menos planejou depois que eu realmente aceitei que seria algo fluido e dentro do contexto da gente. Sozinha eu por mim, nunca tive isso de ser mãe como um fator principal, importante na minha constituição de mulher no mundo, mas nunca neguei a possibilidade desde que viesse de uma relação bonita, e que isso fosse o desejo dos dois, como foi. Meu companheiro, foi companheiro, ele esteve comigo, e era a pessoa que eu mais confiava em todo o processo, até hoje. Intuitivamente ele exerceu e exerce um papel ativo. éramos dois inexperientes, o processo é intenso, eu olhava pra ele no início via aquelas olheiras parecia um panda, eu, nem me olhava na verdade, mas não estava melhor. Era muito reconfortante vê-los juntos, as rotinas que eram só deles, os artifícios que ele criava pra distrair ela, como ele criou uma rotina pra cuidar da casa e foi assumindo coisas que eu naquele momento inicial não tinha a mínima condição de pensar.

E então, a partir da relação dos dois, e do espaço, do respiro que isso me dava, e do quanto aquele momento era “sagrado” pra mim, eu comecei a me lembrar daquelas imagens de mãe e filho tão recorrentes na história da arte, e em minha imaginação, passei a ver Danilo e Cibele, aquele momento deles, que era um momento completamente meu, e comecei a imaginar um registro assim, me apropriando minimamente da estética dessas imagens, mas dentro do interior e da realidade da nossa casa. Quando eu comecei a pesquisar, caiu a grande ficha de que essas imagens não registravam qualquer mãe, e nem qualquer filho – até pensei nossa Bruna que sacrilégio! – mas na verdade, dentro da minha história minúscula do lar não havia também, situação mais preciosa.

 A segunda situação tem haver com minha relação com um bebê tão pequeno, todos os estranhamentos de uma mãe inexperiente sob uma responsabilidade tão grande, do quanto minha história, facetas da minha infância afloraram, do quanto eu gostaria de estar pra essa pequenina mulher em todos os momentos, garantindo que o trato com um ser vulnerável digno de respeito, por alguma razão ou outra não  fosse subvertido. O presente e o passado em relação, eu comecei a pensar numa maneira de purgar esse passado, e homenagear o presente corpo livre de minha filha através de uma ação, uma imagem, uma palavra. 

Essa é minha contribuição. 



                                abusada, uma instauração, 2018.




                                imagem da artista Silvana Macedo | Teia de Afetos, 2018.
                                https://catarinas.info/mostra-teia-de-afetos-discute-mitos-e-verdades-sobre-maternidade/








 

c'est finit | sim e não | cada um com seu cada qual, mas com amor.

 





uma assertiva

dizer um sim, pode conter vários nãos

dizer não para algo, pode ramificar vários sins

aí tem o silêncio, a mudez, a inércia

neles você pode optar habitar, caminhar num fio de faca e até jurar que essa zona tem conforto

bem, nem julgo, entendo bem a potência dos senões

só não preciso ser refém dos que vão além dos meus



quarta-feira, 17 de maio de 2023

azeite| modus operandi

 

uma vez resolvi que iria transferir tibumm pra outro lugar.

bobear até criei outra conta, estava super certa disso, mas aí, .. fiquei com preguiça.

estava um pouco incomodada, querendo sumir, sem sumir muito, só achar um outro canto nesse vasto labirinto, e ficar mais quieta quando quisesse escrever, esquecendo um pouco a consequência  de escrever para alguém que lê, e ficar só com o escrever e a praticidade de escrever por essas vias, e poder socializar quando quero.

venho tentando criar teias, fazer paradas em esquinas com espaços neutros de convivência, assimilar as experiências e seguir com outros engajamentos.

e para isso estou sim disposta a desistir de alguns interesses, que são importantes, mas para me preservar, para esquecer, para construir algo novo. no mundo existem tantas outras coisas, não é impossível.

labirinto é uma boa imagem, mas me veio a lembrança do comecome fugindo do fantasma. não deixa de ser. e eu não tô nem aí pra psicologia, se não vejo, não existe, não importa a dor, t u d o dói em certa instância, e se não vejo, eu esqueço, tenho memória ruim mesmo. 

ou não esqueço, porém me entretenho mais facilmente com outros eventos, e só abro a caixa guardada se eu quiser dar uma sofridinha básica, com hora marcada talvez.



segunda-feira, 15 de maio de 2023

.."por isso deixo aqui meu endereeçooo, se você me procurar  eu apareçoo, se você me encontrarr, te reconheeeçoo",


.. já cantaria Ceumar. te reconheço, mas provalvelmente, vou esquecer seu nome, e passar uma vergonhinha. acho até que é coisa de professor, não sei se justifica.

dependendo do meu estado de humor já me entrego logo, pergunto o nome messmo e já é. em outras fico meio chateda, porque a pessoa chega toda feliz, quase falando até meu cpf, e eu naada, sabendo que deveria.

e data de aniversário, nem gosto, é sempre um drama, mas odeio quando sou esquecida.  e de meu lado, esqueço o de todo mundo quase. não é muita cara de pau? ano passado levei uma bronca. mereci.

tenho meus encantos também, tem uns presentes que adoro oferecer, me agrada a ideia de algo significativo e específico. às vezes escuto, guardo aquele seu presente até hoje, eu não faço a menor ideia do que é. aí se vejo, acho bonito, e a memória distante  vem aos poucos.

tenho uma amiga de olhos granndes e profundos. ela sempre quer deixar bem claro que não convivemos mais, mas tenho importância. aí ela faz terrorismo comigo. sempre que nos vemos começa a contar coisas, situações, com riqueza de detalhes olhando pra mim bem atenta, pra ver bem minha reação, e realmente, muitos desses acontecimentos simplesmente não aconteceram, de tanto que eu não lembro.

mas apesar desses furos, ou de eu simplesmente não ser presente, decepcionar com ausências, eu estou, e eles estão pra mim. não tenho constrangimento de acessar, os próximos né, nem de levar as tal broncas. por que se for pra reclamar também tenho importâncias fundamentais, que pra outras pessoas, essas, não é.

eu deveria ser mais atenta, minha memória deveria ser melhor para coisas objetivas. tinha que me comprometer seriamente com algum tipo de agenda, tinha que gostar mais de socializar, gostar de uns jogos, quem sabe cartas, carteado mesmo o d e i o, morro de tédio, e poderia ser legal né, me enfiar num jogo.

meu ultimo crush até tentou, sabe. e apesar dele querer me convencer que tinhamos razões para estar juntos, foi nesse momento, em que ele estava descrevendo suas últimas incríveis aquisições, que eu tive bem certo qual era a porta de saída. 

está próximo o dia em que volto ao mundo real. que abraço meu ser adulto, supostamente são, e recomeço a socializar. ai ai, já fui recomendada a não pensar lá na frente, mas não consigo. cumprimentar pessoas, receber felicitações por voltar, ou de repente explicar o que houve, ser simpática, abracinhos e beijinhos já me dá vontade de ficar doente de novo. 

mas vamo parar com essa palhaçada então. não precisam gritar, tô indo.




domingo, 14 de maio de 2023

segundo domingo de maio, um dia, três momentos / 2023

 


eu não sinto nada

eu escuto felicitações de algumas pessoas mas eu não sinto mais

assim como não sinto Natal

aniver me deixa um pouco triste, agora com a Cibe que é um pouco antes do meu, fico ansiosa pra funcionar, é importante pra ela, mas não é prazer pra mim, e talvez nem deva ser

eu não gosto de ter que ficar feliz por causa de data e se em alguma instância fico culpada, em outras tantas não tô nem aí

porque eu sinto muito o tempo todo, eu sinto toda hora o que eu quero, não quero e o que eu não sei

então hora marcada não faz sentido pra mim no momento, e pra ser acessada com pieguismo vai ter que ser muito ninja.




______

mas tá, fora o acesso de malumor e azedume. adoro ver as duas juntas. minha mãe tem uma paciência linda de quem tá fazendo questão de marcar presença. e já brincou de casinha, de escolinha, vai pesquisar vídeos sobre o buraco negro com ela, queria fazer pão, da outra vez que fui lá elas fizeram pão juntas, Cibe curtiu.

e eu fico entre a mami e Cibe, a senhorinha e a menininha, uma com 7 outra com 70, que engraçado, fazendo a vontade das duas. comprei chocolatinho pras elas, vou levar as duas pra tomar sorvete, queria ter saído um pouco com mami em alguma trilha de praia, mas me perdi no tempo. na verdade ela vem tão pouco aqui que a casa bastou. mas queria. queria e não queria. por ela sim, mas vai ficar pra próxima.

quando eu disse pra mãe que estava grávida ela não acreditou. a reação dela foi essa, ela não achava que eu ia ser mami nessa vida, e pensou  que eu estava brincando. logo depois ficou muito animada, e depois bem chatinha dando palpite em tudo, mas tudo bem, eu aceitei bem esse migrar de amor. agora eu sou um meio, um canal que liga avó e neta, e responsável pelas duas pontas, interessada e grata pelas duas.

minha mãe desejava a gente. do tipo que colecionava recorte de revista de bebes. desde pequena era seu grande interesse. de todos os filhos a sonhada, que já tinha nome desde que namoravam era a menina, a Bruna. até poesia eu fui. não gosto dela. sinto uma coisa estranha, olho e penso, que pena que eu não fui tudo isso pra eles.

eu acho meio triste também, você sonhar tanto, com algo que te fez sofrer horrores. e ela sofreu. decepcionante né, não estar à altura do sonho, ou da expectativa de alguém que você ama. ou mesmo fazer esse alguém sofrer, sem querer, embora sabendo que a vida é frustração pra todo lado, e, na justa medida, é o que faz a gente crescer.

eu não sei. quer dizer, sei, eu sei que sou muito amada, sempre fui. e que onde coloco sofrer, dá pra trocar só por viver só mesmo, que já abarca tudo, e tudo certo.

mas eu tô nessa faze, e tem hora que fico aflita com minha incapacidade de encarar alguns protocolos com naturalidade e até a banalidade que merece, como ouvir um feliz dia das mães. e sei que a maneira que eu recebo, não é igual à energia que me ofertam. sei também que é bom ouvir, embora no momento eu não esteja querendo é ouvir nada. tem uma Bruna que agradece azeda, em nome de uma outra perdida, que vê as situações com mais doçura, mas ninguém nem nota a diferença.

pra ser sincera, existe um feliz dia que gostaria de ter ganho, um que talvez me fizesse sentir, pela força da história partilhada. um que eu penso que deveria ter sido mencionado como um mínimo reconhecimento, pelo fruto tão lindo que produziu. pena. e sim, eu sou bobinha.

eu sei que vão dizer que a felicitação mais importante é a da minha filha. eu até marquei a deferência do dia por ela, mas esse amor eu recebo todo dia, e é lindo demais. enfim. sei lá.

a rede tá boa, elas estão nos videozinho até agora. vida segue.






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fiquei pensando no que eu poderia dizer pra minha mãe de diferente, que ela se lembrasse com algum significado talvez 

então quando nos despedimos dei a mão pra ela e pra minha filha, Cibe deu a mão pra avó,

aí disse pra dona Vera,  que fico muito feliz e grata que ela tenha me posto no mundo

assim eu pude fazer uma filha também, maravilhosa 

e que coisa linda que a minha filha conheceu minha mãe, que a netinha brincou e ouviu histórias de sua  avó

disse pra minha mãe que amei que ela veio nos visitar

que o presente foi nosso

ações valem mais que palavras

especialmente as não ditas