sexta-feira, 31 de março de 2023

devaneios

 

e aí Brasil.. comé que cê vai de Franklin Cascaes à Augusto dos Anjos em dox toque? simples, é só procurar uma coisa e achar outra, lembrar de outra. aí esquecer o que estava fazendo pra escrever uma lembrança remota alltamente nada relevante, algo que eu adoro pra falar a verdade, e tá feito o loopping.

da série lembranças insignificantes.., eu acho poesia no geral algo chato,  me entedia,  não tenho paciência, e dificilmente leio.

O Silvio ama. e volta e meia ele me vinha com algum livro ler alguma coisa, bem filho da dona Vera sabe. se o visito ainda faz, e mais voltas ainda, ganho uns livros, que não foleio. 

não se enganem, não acho isso bom. mas tenho isso, um pouco. um dia quero sentar e ler todos os livros que quis, que deveria, e os que tenho e não consigo desapegar e nem tenho onde botar. já pensou que pessoa incrível eu não me transformaria? que nem a tirinha do Flash que acho linda, lembram, ele leu todos os livros da biblioteca, e nunca mais teve pressa? algo assim.

mas com isso de sentar e ler tenho uma revolta que não menciono. as coisas que doem de verdade é difícil de vomitar né.

ee, falando nisso, sem quer querer cheguei nelaa. Versos íntimos, Augusto dos Anjos. outra poesia muito presente nos livros de escola, que eu não lembro onde me apeguei, mas na adolescência eu a sabia ela inteira. e por muito tempo soube. 

sabe aqueles ditos escreva um livro, plante uma árvore... existe um tipo desses que diz que a gente tem que saber na ponta da língua sua poesia preferida. por muito tempo sabia essa. e quando meu irmão se apaixonou pelo Mário Quintana ele corria atrás de mim com os livros e com a pregação, Silvio é muito bom de blá, admirava ele muito, pelo seu dom de fazer e ter muitos amigos legais, e mantê-los, especialmente quando mudávamos de cidade. e também por falar muito e não se perder em um raciocínio, por vezes sendo inclusive extremamente didático. enfim, ele queria me mostrar, ler, e aí um dia num desses livros vendo com descaso, li uma que gravei. hoje não sei mais, mas vou até procurar. começava com quem ama inventa as coisas sobre o que ama. talvez chegaste enquanto eu te sonhava. e por fim essa é até a parte que eu mais gosto nela. bimbalhavam é uma palavra que é ruído pra mim, me incomoda, e quimera, da do Augusto, é uma palavra que eu amo. 

e acabei de arrumar mais um problema. não tenho mais uma poesia na ponta da língua. ferrô-se, não quero morrer sem ter.

e o Franklin né, veio dele para mim a curiosidade de que as Bruxas da ilha comiam flores de rosa para ter cheiro no coração. eu amo isso. ainda estou reprocurando a fonte.



quarta-feira, 29 de março de 2023

advir

 

dói, falando em dor, minha questão dos últimos tempos. dóooi, quando eu vejo imagens da Cibaby, especialmente recém nascida.

eu resgatei uma senha antiga de icloud, e tem parte de um passado lá, nossa.

desse reencontro, parte foi dor, outra foi saudade. a dor em ver Cibe pequeninha (amo todos os hoje dela, quando vejo aquela época não é bom), mas não vou entrar no mérito. 

e a outra foi saudade, saudade do Danilo! estou pasma. que saudaade que me deu da confiança que eu tinha nele, no quanto eu me sentia confortável e familiar com ele. como era bom aquilo, me sentir em casa sabe. 

vi algumas fotos, videos, e senti sim, saudade do acolhimento, do colo, da sensação de ser compreendida por alguém que sabe de mim, que me vê, e que eu vejo. 

mas também algo estranho é que aquele Danilo não é o que fez almoço pra mim esses dias. o do passado sinto um carinho gigantesco. esse aí que anda hoje pra mim é um espectro, quase um desconhecido que eu quero um bem normal de pessoa próxima.  na verdade estarei sempre disponível, atenta e interessada que esteja bem pela Cibe, por essa estória, nossa história, a qual ela é ponto convergente.  o extrato mais bonito do que a gente foi.

ui gente, ultimamente eu me sinto em final de novela. arrematando, finalizando, sei lá, guardando caixas. e pensar que poderia é ter jogado algumas fora aqui em casa nesse meio tempo de foco em saúde mental. mas eu me perdoo acho. estou num sonho ruim, daqui a pouco eu acordo e parto pro mundo das providencias. pode não parecer, mas ronda uma boa vibe, até otimista por aqui.

e um dia, pensando nos fechamentos, vai ser muito bom arquivar esse tibumm e nunca maais olhar, a não ser como uma extravagância de Bruna velhinha que resolve rir de si ao lado de algum neto quem sabe, nas portas de partir. 

esse espaço renasceu numa época esquisita de ressignificação e retomada dos meus espaços e identidade. que coincidiu com um período de reclusão e pandemia, que suprimiu meus pequenos impulsos, ou minha ligeira ingenuidade de que poderia recomeçar de forma leve. fui me iludindo, iludinndo, até chegar aqui hoje. entendi isso.

vou parafrasear meu pai mais uma vez pra dizer que eu quero ver ferver, quero mesmo que não sobre  nada de qualquer prospecção que já tenha feito na vida até agora.

e aí bom. e aí paz né, vou Só viver,.. e ufa.



segunda-feira, 27 de março de 2023

fatos e materialidade | revolução interna

 

primeiro afastei a pessoa que me colocava em suspense, odeio vácuo, é que eu não sei lidar  com isso, quando as pessoas significam. coisa de criação acho.

depois de um tempo silenciei stories e feed. e pode tomar como sacrifício (cumprir a determinação) porque sou curiosa até com bobagem, avalie com o que me interessa. 

ao longo dos meses deletei fotos, áudios, textos. .. doeu, foi agressivo pra mim, a última coisa que eu queria ter feito, eu tinha um carinho. era simples, mas era meu. 

numa época eu queria desfazer o contato total em redes virtuais mas pensei comigo que aí ia ser muito imaturo, tá loko passar esse recibo. mas fiquei com vontade. porque eu queria que isso sumisse, desaparecesse das internas, queria que nunca tivesse acontecido, essa encanação. 

o rosto adquiriu blur, seu conteúdo ou qualquer coisa relacionada eu tentava evitar elegantemente. eu queria me preservar, e me colocar no meu lugar. embora achasse bem triste. 

depois de muito mais tempo deletei o contato. 

e aí, e aí nada né, eu sou muito idiota. foi maaais tempo, resolvi, não apenas por isso mas sabia que iria ajudar, que estava me enrolando demais pra me entreter e me colocar em escolha e à disposição do mundo. então fui. eu me forcei, meu temperamento, meu gênio, me esforcei mesmo porque estava tentando me animar, mas é uma área difícil pra mim. 

bom, do que eu conheci, vou resumir com e aí, e aí nada. experiências do tamanho do que eu podia oferecer e receber, com pouco mais ou menos de artificialidade ou conteúdo. 

tempo indo, com foco no mundo manifesto, um dia, estava dirigindo até, aliás, ô horinha pra pensar no que eu não quero, me veio aquela pessoa do passado. e sua presença na minha lembrança foi diferente do que era usual, caseiro, recorrente e íntimo pra mim em todo esse tempo, que nem preciso mencionar nesse post. 

senti que era isso. não fazia diferença mais. o que era era, e o que não foi não precisa ser, não importando muito minha vontade ou não, pois isso não é parâmetro de nada e enfim, a vida tinha outros interesses apesar de tudo.

então havia chegado aquela hora que você pensa em pedir desculpas, retomar contato pra se retratar. que você está resignada no que é importante ser dito, apesar da possível indiferença do outro, ou ressentimento.

mas eu gosto de fazer isso. quando eu sinto que devo faço de coração. e sempre tento me convencer quando demora, mas sei lá, tudo tem seu tempo.

fez muito bem retomar esse contato, do po to de vista prático. mas pensei, pra não recair no dispositivo que me irrita, (e aí eu falo das minhas fraquezas, e não das razões e relevância do momento do outro) não vou fazer nenhuma pergunta, não ou criar nenhuma demanda nem expectativa de nada. não deu certo. sem querer eu fiz de novo, muito sem querer criei uma situação de pendência eterna de novo. que trouxa. 

aí me senti agredida pelo vácuo que se prolongava de novo, e quis manifestar de alguma maneira. então aí sim, deletei seu contato nas redes sociais. agora sim acabou, a última porta fechou, achei até bom. 

apesar de nas internas ter sentido muito, na prática estava decidida. a sequência disso já sabemos, fico por aqui.

mass, sempre me dou mal nessas, porque não faço pro outro né, é pra mim. então eu me sinto mal com algumas situações, e aí consigo dar uma piorada.. estou rindo até, mas foi legítimo no momento. 




e o que eu aprendi com tudo isso? nada né, hehe, sei lá, sou humana, dou importância pra coisas que ninguém dá, ou não do jeito que eu gostaria. e todo mundo é assim a seu modo, e tudo certo. 

a vida prega peças. cada um tem suas tramas antes de poder tecer novos enlaces e se você está no mínimo consciente disso consegue, ao menos um pouco, se poupar de um emaranhado total, e isso é maduro, talvez. cada um com o seu, vida segue, tal.

estou em auto terapia aqui né. é ótimo isso, manifestar, pra desapegar total, num ponto zero de interação e interlocução possível.  eu me presto.

mas pensa. isso é meio banal dentro das relações interpessoais. e esse é o de fora. é o que dá pra verbalizar baseado em fatos reais.

porém e o que não dá? o que eu aprendi nesse meio tempo vai, se é que existe alguma lição é, não  é manifesto, não existe. por mais contraditório, isso me tranquiliza.










se fosse escolher uma | revoltada, fugindo

 

te  empurrei

ó te empurrei, da escada

tempo rei. nunca prestei muito atenção nessa música. não gostava do título, do refrão, mas só também porque nunca tinha parado pra refletir. faço dessas, a chave cai aí já viu.

cheguei aqui na casa do Danilo, minha ex casa pra pegar a mochila, essa palhaçada de duas casas, e ele tinha feito almoço. fiquei de cara. quase me lembro lá lá láaa no fundo, que tiveram razões pra gostar dele um dia. tá, não foi pela comida com certeza na época, mas ahh papo lixo, não tô afim de falar bem dele, rs. porém, fofo.

aí me contando tudo o que fez que terminou com ele de bicicleta vendo Gil ao longe, e como tinha muita gente e tal, .. mas quando cheguei, tava tocando uma música que me deixou estranha, tocaram outras, de repente.. não me iludo, tudo permanecerá do jeito, que tem sido..., 

junto a isso, me veio um esquentar no peito, uma saudade com presença ao mesmo tempo, que me deixa um pouco revoltada, mas tá. e fui levada praquele não lugar, aquele que tenho até fugido quando posso. 

então comecei a prestar atenção no tempo, rei. e virou minha música de segunda.



domingo, 26 de março de 2023

na contagem | extrato

 

esse mês bati meu recorde de textos. esse março, inesquecível na minha vida, marco de não sei o que para não sei onde que de tão atípico só reforça, apesar da urgência em uma reação, a minha apatia. tenhooo tenho ganhos, mas podia ter sido tanto mais. já pensou? um mês inativo só pra mim, quanta coisa poderia ter feito, dos atrasados.

já acabei de lembrar do Germano, que me dá uns parabéns que meu Deus, umas coisa nada haver. mas eu acolho sabe, e penso que é isso aí, resgates.

uma peia gigante, cíclica, com ênfase em pontos diferentes. 

bom, dizem que se você não aprende uma situação ela se repete. que raio né. 

mas a única coisa que eu vejo se repetir, e foi muito triste de reconhecer, é. eu sou eu, sempre fui eu com algumas melhorinhas aqui e ali. sou uma pessoa triste, que se esforça pra se interessar pela vida, com uma lente turva, agora literal, porque nunca vi um óculos pra sujar tanto também, rs, e que carece grandes objetivos projetando o futuro. 

mas pensa,   quando eu tinha uns 9, 12, e me sentia incerta de futuro, do que eu gosto, do que eu quero, e salvo as devidas proporções, agora com quase 44, me sentindo igual? tá acabando o tempo Brasil, que vida de bosta ein. eu sinto algo muito muito muito errado. e infinitamente decepcionante, e desinteressante.

e que bom que não estou aqui pra impressionar ninguém não é mesmo?

mas até quero. eu tenho uma filha. feliz dela que é diferente de mim. que continue assim. que a virada da adolescência traga acréscimos, que a constância na mesma cidade traga pertencimento, amigos pra vida. que as descobertas a cada dia traga propósitos e habilidades bonitas. talvez ela já é, assim como aos 6 pra 7 eu já era bem eu. vamos ver. 

preciso refletir até, sobre isso.

quero estar com ela com qualidade, por isso a minha urgência, precisamos de outra Bruna, eu não quero essa pra ela.

mas tá, uma é melhor que nenhuma, acho. ai ai, só rindo.

ao rir fico mais leve parece. humor é lembrar do jogo, da brincadeira, da beleza, das cores, da paisagem, e de tanta coisa que me encanta em meio a tudo. começo com rir, depois rola uns deixa disso, aí umas imersão na rotina pra eu lembrar que tem umas coisas que eu consigo fazer sem sofrer, e que tem coisas que não gosto, que posso fazer por propósito pra chegar em outras, ou só porque tem que ser feitas e só, ou porque você faz por empatia, ou faz e não sente porque a música tava boa, ou uma conversa distraiu, sem necessariamente se deixar agredir. assim vai.



um pouco Muttley | o lado trickster



era acusada de sempre querer ganhar nos jogos de tabuleiro, no dominó, qualquer brincadeira. 

quando era pega, às vezes ficava de castigo sem jogar olhando, .. que injustiça, não gostava nada, nada. cuidado com a Bruna, ela é Dick Vigarista, o personagem do desenho. eu ficava brava, e ao mesmo tempo achava a maior graça. eu queria ganhar.

eu chegava pro Silvio com a mão fechada e falava agora é meu, e saia correndo, e ele corria atrás de mim, e eu corria muito mesmo, pra salvar minha vida, corria corria, ele me pegava. às vezes levava uns tapas e chorava, ele furioso, maior que eu, e não gostava que eu pegasse nada dele. mão muito fechada e ele forçava abrir, eu chorava, tava me machucando, e.. e lá no fim quando não aguentava mais abria a mão, estava vazia. eu venci. chorava e ria ao mesmo tempo.  muito divertido.

era acusada de trocar o copo de cerveja, meu vazio, pelo cheio da geral, que falácia, absurdo. trocava e gerava aquele descontexto, aquela coisa estranha de ué, algo aconteceu, que estranho. negava até a morte, observava a situação, ria por dentro. divertido.

mas nunca vi graça nenhuma em jogo de cartas. reuniões e interações desse tipo passo longe desde sempre.  hoje em dia ainda não vejo graça, talvez algo apareça, em função da Cibe. mas não sou chegada.

um dia resolvi que queria escrever com a mão esquerda, fiquei um tempão treinando cursiva. que difícil. ainda fico contrariada de não conseguir muito. 

fiquei feliz quando consegui confundir meu pai com a assinatura dele. eu amava a letra dele. a letra da minha mãe peguei o balanço, me intrigava o V dela, mas nunca ficou aquilo tudo. agora, já contei isso, papi disse que me deixou sua assinatura  de herança, que honra. mas hoje em dia não sei mais fazer. 

histórias bobas de uma vida que acabou.

parece que as surpresas, a graça das coisas por acontecer de uma vida que começa e que tudo é surpresa, novidade, ambição. vida leve né, não é mais leve.

agora eu trabalho no resgate sim, de alguns amores, ressignificar algumas importâncias em meio a muitas que não tem graça.

abrir meu coração e me encantar de novo. 

ano passado quando desisti das minhas plantas, pra chegar a mencionar, algo se partiu muito forte, e se intensificou até chegar ao que estou agora. 

afora o drama, e um viés bodejante de uma Bruna que só  reclama, preciso parar de desaturar minhas fotos, meu presente, meu futuro no presente que construo a passos pesados de má vontade, sem me aguentar muito e com dificuldade de me fazer importante ou interessante pra ser digna de nota em alguma passagem da contemporâneidade  dos meus trânsitos. é louco né, quem vê de fora concerta nossa vida tão fácil. 

mas é bom ouvir também, sempre tem algo que a gente não está vendo, tenho levado uns saculejos.


continua.



fantasia codificada | onírico | perturbação de insone


você me doa sua força e eu fico assim

mais mágica

e sempre que percebo, mais brava, e mais louca

uma imersão compartilhada num espaço vivo que me encanta e me estarrece

que mundo é esse

que vida é essa

e esse campo, existe será

quanto mais quieta na minha, mais coleciono interrogações, quanto mais delas, mais inconformada com o que nem saberia verbalizar

do que somos feitos, e pra que né, pra que isso tudo, eu não entendo, e aí eu desisto de entender, mas não me desprendo, e aí eu sofro, mas tem aspectos tão bonitos, eu cresço em parte, mas dói tanto.

dóooi

deve ser patológico

socorro alguém

e nada

e uma hora durmo





sábado, 25 de março de 2023

abobrinhas não | como não falei disso antes | heranças

 

eu amo essa música. mas ainda não sei o que é miosótis, e tô achando mais legal permanecer curiosa, a gente não precisa saber tudo, mas tá, acho que não vou conseguir, já estou me coçando.

o Silvio e seu repertório musical. as primeiras vezes que ouvi Itamar Assunção especialmente nessa música quase tive um chilique. queria que ele desligasse imediatamente o som do lar compartilhado, afinal, não era obrigada. filha do meio né, passei por isso com o mais novo e com o mais velho, rs. sem entrar no mérito do conteúdo.

pouco tempo depois já estava curtindo. quando a gente se separou, e isso é bem definitivo, nós irmãos encerramos um ciclo de vida e parece que acabou meio que. é muito estranho. quando ele saiu ocultei um monte de CD. mas ele notou e tomou tudoo, músicos, pff..

aliás pensando nessas relações, é bem intrigante pra mim. eles são tão diferentes, Léo e Silvio. e eu no meio muito. ouvindo um e o outro, e me ressentindo em parte, pela pouca interação qualitativa deles. uma pena.

adoro abobrinhas. mas com Itamar esgarcei a possibilidade de temperamentos e consulta qualitativa de uma horta, rs. sem falar que num futuro aí adiante até com gramíneas confraternizei então.., rindo bem agora.

e falar abobrinhas.. adoro. escrevo um monte delas também pra ser sincera.  só que é valiosa a dica né, diversificar.

mas o que é um miosótis. sim, não vou resistir.

ai, acabei de pesquisar, me apaixonei.






sem referente

 




é preciso silêncio

tocam apenas três músicas, elas se repetem,
elas junto com tudo que sei e já vi de você.. e a cada vez,
como aquele corretivo podre sobre o texto
vai formando uma camada falsa,
que ameniza, mas não apaga.
e se observo pelo outro lado da página,
é. também está lá.




a saudade é um arrependimento

a saudade é um arrependimento
ou a saudade vem de um arrependimento
ou o arrependimento vem com o tempo
o tempo trás saudade por arrependimento? 

são os três. possível o tempo, a saudade e o arrependimento são amigos
e trabalham na mesma repartição, algozes, sádicos, ..
período integral.




evitando conversa e/ou vendo muita novela 

achei você muito parecido com você mesmo outro dia,
que cheguei a ter dúvidas sobre sua identidade..
eu que te via de costas, observava bem seu perfil 90° a direita,
90° a esquerda, sua mochila, sua camisa, calça, o guarda-chuva.
tanto de típico que titubeio...
preferi minha posição e uma comunicação indireta, essa de pensar você, por te ver,
mas dispensando o social do encontro, me agrada.
estávamos ali, eu e meu possível você
que então me ignora no seu direito, pois pode não me conhecer,
nesse equilíbrio, esse cuidado interessante..:
não dar um passo a frente;
não olhar 180°, afinal, 

não existe duas de mim para enganos, talvez. 




(perdi muitas fotos no computador
ou, vírus de merda.) 

o problema de muitos nos dias de hoje..
a perda do passado em fotos.
...esses arquivos corrompidos, cds, dvds de 2ª e,
muito mais importante, os virus, que levam pra sempre,
como a morte, nossas imagens, que de
espontâneas até construídas,
não difícil, tornam-se preciosidades,
totens de momentos importantes.
e ficamos cada vez mais assim,
com um passado sem provas,
 e uma memória tão perecível
quanto um pensamento breve..




sem frase de efeito / sem texto de efeito

sonhei com você. acordei
logo após sentindo esse sonho com muita verdade
como se tivesse mesmo te visto.
sabe, já quase não penso em você. 

já quase consigo te imaginar como
capricho de momentos bobos...
mas pelo visto o esforço é só para despender energia
se logo mais, em sonho, estamos lá,
juntos.

todas as esquinas dessas mesmas ruas e esses mesmos,
não muitos, mas mesmos amigos e lugares de uma mesma
cidade.. onde afinal estará agora o acaso,
esse incompetente agenciador de nossos encontros? 



2009 / 2010










eu ouvi minha infância inteira Bruna deixa de ser pessimista, que as palavras tem poder. sim, minha mãe pregava muito na minha orelha, na nossa, mas confesso, ela fez diferença, deu uma amaciada legaal.

na época dos amigos de graduação eu ouvia Bruna você é muito niilista. era pra eu ver outras coisas na vida.

nesses dias um amigo da meditação disse diferente e toda vez que eu lembro dou risada porque eu achei muito fino, então Bruna você precisa qualificar as palavras.

bom as palavras tem poder, sim, eu concordo. carregam consigo energia agregada de todas as situações desastradas que chamaram por ela ao longo do tempo? sinto isso as vezes, não discordo. e sim, o oposto acontece com força também razão a qual fazer esse chamado e por vezes agradecer, aceitar a desventura e chamar um contraponto de sentimento pode ser uma prática revolucionária, não duvido.

e como disse, sou uma pessoa melhorada pelo tempo.

porém, em alguns momentos da minha vida, e acho que estou assim como nunca, reinvidico o direito de ser sincera e dizer exatamente o que eu estou pensando e sentindo sobre o que é, e como está a minha vida. é que eu explodi, fui vencida, estou entregue, não estou mais me importando, não afim de maquiar nada, e é isso aí. 

tenho dois lados. falo coisas que não sinto sim, omito pra não ofender, troco palavras pra não me expor, atuo em situações onde a espontaneidade falta porque é difícil muito essa coisa de se relacionar com o mundo.

mas no momento, como diria velho Matiínha, eu quero é ver ferver.

estou falando no presente, mas já estou diferente um pouco. já estou conseguindo acessar umas Brunas mais doces. é reconfortante.

e me incomoda ser um eu, eu, eu, a vida é tão maior e mais maravilhosamente encantada, e existem também tantas urgências, e eu às voltas comigo toda hora. mas tenho defeito, venho tentando me ajustar desde sempre mas ainda assim tô do lado de fora.  me esforço pra ser natural e me integrar onde pra outras pessoas é orgânico, que saco. fico correndo atrás, em parte por sobrevivência, por outra, por perceber que meus ganhos tornam minha vida menos árida. 

sigo. viver é um desafio, sempre foi. dói. e a dor faz parte da vida, mas não só,  tenho responsabilidade com a felicidade porque tenho um legado, não quero deixar cacos, que triste.

e que bom. sigo mais um pouco, meu otimismo oscila por constituição, mas por insistência, sempre dá as caras.



sexta-feira, 24 de março de 2023

manha

 

o medico disse pra bruna menininha acho que na idade da Cibe agora, conta de 5 até 1, não tenha medo, você vai dormir, quando acordar tudo vai ter acabado. lembro certinho que apaguei no 3, e abri os olhos como se o tempo não tivesse passado.

acordei no leito já, e achei incrível como o que o médico falou foi verdade.  época da cirurgia de apendicite.

hoje lembrei muito daquela experiência, não me pediram contagem regressiva, mas me disseram pra eu não ter medo também, ao que eu disse tá bom, então cuidem bem de mim.

cuidaram até. e logo ali do lado tinha a minha mami, pra eu poder fazer um pouco de manha, assim como naquela vez no passado.

claro que tive a cesária nesse meio tempo de vida, mas o astral de tudo foi completamente outro.

lembrei do meu papi também. era dele a função de me trazer um agradinho, se eu não fizesse muito bafão. em dia de injeção na farmácia costumava ser sorvete. naquele dia no quarto ganhei danoninho ♡. e atenção, e carinho. e caprichei na manha. mas tinha por onde, até hoje lembro daquela dor.

bom, dessa vez não teve manha muito, teve esse leve barato, teve mãe um pouco, carona solícita pra casa. mais uma chatisse vencida, e voltamos a programação normal..


fim.

quarta-feira, 22 de março de 2023

terra arrasada | pós tsunami | rio de lágrimas | e agora brasil

 


esse fim de semana em um dia eu acordei com uma sensação estranha. 

comecei a pesquisar a minha interna com receio de racionalizar, categorizar, e mesmo agora se eu disser o que estou prestes a dizer não sei se aguento o peso dessa responsabilidade. 

ao mesmo tempo ao pronunciar, parece que vou chamar uma série de outros aspectos e ações os quais na verdade ainda não sei se sei  enfrentar, porém, não está parecendo impossível.

não posso fugir, ando muito sincera, ou impaciente, então, lá vai.



estou melhor.


terça-feira, 21 de março de 2023

segunda-feira, 20 de março de 2023

equinócio

 

mais um outono na minha vida. eu nasci num final de outono, e sempre digo que é inverno, sempre esta um frio terrível.

aí veio a Cibe e me imitou.

sexta-feira a prof. Mariza deu uma pesquisa pra fazer com os responsáveis. "Quando começa o outono?"

hoje de manhã fui fazer com ela ali no solzinho e a parte que ela maais gostou é de saber que no final da estação será seu aniversário quase.

início de outono. melancolia. não estou pronta pra abraçar meu xale laranja, pro frio, não quero.

também zero ânimo pra aniversários e pra saldar a vida. Cibe no 7, eu no 44, ano  pessoal 7 na numerologia, seja lá o que isso signifique. droga, devia ter perguntado pro Bhagat.

passei por um turbilhão, e pegou forte questões do meu passado. ainda pega. mas agora em relação aos automatismos da vida e esvaziamento de sentido, coisa que a Bruna 7 já sentia. e isso me pira de novo se eu deixar..

mais um outono na minha vida, mas será que já estou no outono da minha vida? tô com preguiça de pesquisar. mas será que o meu inverno poderia ser mais quente? já sei, que tal universo, se  o inverno da minha vida acontecer numa primavera, ok ok? eu ia amar.



escolhas | despeito e fel | sem referente


segue o baile,

e nesse baile, não fui convidada.

se fosse, também não iria, e tudo teria um gostinho. nesse caso, não tem sabor de nada. chatisse.

é o "quem não é visto não é lembrado" de tempos atrás surtindo efeito hoje, bem feito Bruna.

 até achei engraçado um pouco agora. já estava esquecendo de rir.




16/10/21


domingo, 19 de março de 2023

pico do mundo

 

subir doí as pernas

para seguir, não olhe para trás

sobe em equilíbrio,

concentra

sobe, respira, para um pouco, sobe

sente o vento

olha a vista, assimila

sobe

sobe

quanto mais sobe, mais condiciona

o seu coração vibra

quanto alto, mais vontade de seguir, mesmo que não saiba ao certo onde vai

lá no alto, a perspectiva muda

a escala de tudo

a respiração

quanto mais altiltitude, mais embebida de céu

seu corpo fortalece

e dói

quanto mais dói, menos dói, ou dói diferente

porque que todo santo ajuda a descer, e a subida é sozinho?

não entendo.

aceitei várias ajudas pra sair la de baixo

pro impulso inicial

esses primeiros passos

aquela inércia infinita.., e cadê o todo santo, não faz sentido..

tudo bem vai,

certas coisas não tem explicação nem lógica

haja pernas

sigo



quebra-gelo | chá, colo, e sonhos

 

vou te receber, não gosto de cozinhar.

pessoas inseguras não tem paz para oferecer talentos.

você vem. o que eu faço?

tem que ser simples, fácil de gostar e fazer, rápido talvez. estou pensando.

se eu fosse uma pessoa que ama receber, adoora  preparar coisas, é muuito descolada nessa coisa de colocar alguém na sua intimidade, o que ela faria? isso é um bom ponto de partida.

um sobressalto, você chegou. minha casa inteira te observa, gata-fera, a cachorra do vizinho, plantas,.. tudo está em curiosidade silenciosa.

estou feliz. 

você entra, e reconhece o que em parte já conhece, e se integra na paisagem caseira. sua voz preenche os silêncios em simpatia hipnótica.

quaase nunca te imaginei aqui. deve ser esse meu gênio ruim.

mas a realidade é o espanto do desejo reprimido. e eu rio, sempre rio do que me desconcerta.

devagar o pó acenta, a louça é suja, os barulhos, a luz do dia vão mudando. tudo se integra, a casa sossega, a noite vem, tudo dorme.

você é de casa.


sábado, 18 de março de 2023



um toque de buzina de loonginho. tô chegando. devagar para preparar receptividade. 

vergonha de bater palma, espero pra ver se alguém aparece. 

com um "ohh de casa " me sinto melhor. 

espero um pouco, estou constrangida vou ter que bater palma. ainda olho pro celular, podia é ligar, .. mas não funcionou. 

olho o portão e a casa, observo o entorno. 

o problema é que todo mundo olha pra quem bate a palma. os vizinhos, passantes, pássaros, gato, cachorro, todas as plantas do entorno, até a terra treme. aai que irritante. palmas então. 

um tempinho e ouvidos ligados para barulho na interna. naada. 

aí é pior ainda, sobe um fogo, .. todo um alarde, o universo inteiro sabe que você está chamando. e aí é em vão. ai. 

estou me sentindo estranha. 

nada.. 

mas ainda estou aqui, enrolando um pouco para partir.. 

a vista é bonita.

sexta-feira, 17 de março de 2023

100 você | 100 ainda.. | 2 pra 100 dia 10 .. | cota mensal | olha, juros abusivos..











 

duas faces | campanha | reconstituição | meu papel é lembrar

 


perde, perde um tempo comigo  talvez dois. eu te ajudo a encontrar depois refazendo todos os nossos passos e atos mais uma vez, ou mais, até achar, eu juro. 

ganhou, ganhou a aventura de um tempo comigo. ganhou e agora com firmeza o guarde, .. aí depois, quando ficar com saudade, perde o tempo como sem querer, que prometo, estarei ao seu lado revivendo os fatos, até reencontrar.



quarta-feira, 15 de março de 2023

previsão de dia claro sem nuvens

 

prazer, escape, distração, criação, divertimento, provocação, invenção, .. desvio de tarefa, ainda é meu preferido.

quando voltei pra cá em 12.06.20 foi com dor. amargura.  uma tristeza profunda de perceber que um caminho bifurcou definitivamente e o lado da minha passagem era só névoa, e eu não sabia como continuar. 

a névoa tomou outra proporção nesses tempos, o meio dia de sol, não chega e está sendo difícil dissipar, clarear. eu não sei de nada e preciso me apegar a pura necessidade de estar e ser no meio de todo esse branco. 

um marco zero, onde será que eu coloco pra partir dalí, será que ele já existe e posso dizer que dei passos, acho que sim.

tenho que rir, meu psicólogo me dá parabéns por coisas muito ridículas. eu olho pra ele e penso.. "leite de pedra".. tem talento.

esses dias foram divertidos. escrever, elaborar, dar trela pra aspectos do meu cotidiano, invenções, abstrações, pequenos desejos, impressões. e eles são tão específicos que facilmente esqueço da existência deles depois que passa o contexto do momento. as vezes revejo e até me espanto.

sei que um dia eu vou ler e querer deletar a metade, assim como o arquivo que achei esses dias. vou sentir isso, esse limbo, e não vou querer o registro. mas algo sempre fica, e se reconfigura, assim como os textos antigos, enfim.



degustação | experiência | jiló e quiabo nada feito | delírios | fome


tava pensando

eu sei o que eu quero de você.

eu quero te ver saltar da tela, da imagem, e de trás ou frente do texto, da projeção também.

quero comparar o que eu sinto, com o que eu vejo. e quero ser vista. com todos os meus defeitos e incongruências produzidos a partir da circunstância em que fui vista pela primeira vez, pela segunda... quero por, e ser posta  a uma prova bem humana, que pode provocar um saldo simples. ele pode ir do nada, a poder chegar perto, muito perto, e te sentir.  seu cheiro, seu gosto e, eventualmente  estranhar, para depois experimentar de novo, e de novo, e mais uma vez, como uma comida exótica que você não apenas come, mas estuda, aprende e se envolve a medida que se familiariza com as circunstâncias que a fazem existir e ser como é. quem sabe me viciar. mas sem luxúria sabe. um vício que não é dependência, um prazer que não seja dor, ou apenas.  isso seria bom.




terça-feira, 14 de março de 2023

sinais | auto-crítica

 

tenho multas. ultimamente sigo como a placa, com atenção.
de vez em quando ganho mais uma.

certa impaciência trás uma recorrência que eu não gosto, e tensionada 
pelas circunstâncias, inclusive, compõe um belo bolo hoje difícil de saborear.

eu gosto de dirigir, o que não significa que dirijo bem.
não me importa a distância, apesar que o tempo conta.

e o destino, bom aí já fica sério.  destino é uma palavra muito forte, dá vontade de divagar.
ponto final também me tira do trilho.

palavras né, sempre são mais do que são. acho que me perdi.



sinais | auto-crítica

 


quanto mais eu remendo meu cortinado mais furo aparece. cada vez remendo de maneira diferente, mais aparente, com menos paciência e preciosismo do que seria de meu temperamento no passado, mais esquisito está ficando, mais eu gosto. outro dia quase usei uma linha diferente de branco, ia ser um escracho.  sinto que essa hora ainda vai chegar. contrariando o gênero, a estética, o gosto, em algo que ninguém se importa, não altera nem define o giro do mundo. nem o meu.

cheio de marcas. cheio de sinais. cicatrizes. poxa, meu corpo é bem assim. várias dá pra ver e várias não. nenhuma é colorida, desenhada, decorativa. nenhuma foi auto infligida para marcar ou comunicar algo a alguém. nenhuma é bonitinha, séria, ou banal. são acasos de dor mesmo, acidentes, o tempo. e se não é um é outro, de forma diferente, vai formando um novo tecido sobre a carne. um novo-velho. diferente. 

não se engane, sempre quis eu também provocar dor, fazer desenhinhos decorativos, e/ou significativos. um lado meu se afiniza muito com a liberdade de ser e transformar algo tão transitório e cada dia mais perto de apodrecer. afinal, marca a pele o quanto quiser, mas não marca sua essência, então..

mas um outro lado não convive com o arrependimento.  então prefiro lamentar o que não controlo, do que lidar com o que provoquei.



sinais | auto-crítica

 

vírgula não erre nunca mais! muito fácil!


eu olhei a chamada.. um clique e minha vida ia mudar. uns minutos e seria completamente outra pessoa. que oportunidade incrível essa que eu tô atrasando pensando se devo. duvidando de algo tão singular e imperativo. 

que pessoa hein, eu haveria de ser depois disso.. intolerante ou condescendente com a vírgula alheia, atenta ao conteúdo, ou a forma? eu sou da virgula vírgula e mais virgulas, um viva delas, gosto de ponto final também. mas tenho problemas com a exclamação. essa da chamada da aula por exemplo, são duas inclusive. não sei. eu duvido de exclamação. sempre que eu uso me sinto estranha. fico tentando escrever de outra maneira pra não precisar colocar. dá uma impressão falsa de excesso, excesso de felicidade, ênfase  exagerada. não gosto.  apesar disso, sou uma pessoa exclamativa eu sei, na expressão, mas no texto não me cai bem.

e vai que eu assista a aula do nunca mais erre e continue errando, não vai ser legal também né. dizem que errar com consciência é que é o verdadeiro pecado. vou deixar é frase truncada mesmo, minhas virgulas decorativas, as reticências de dois pontos e a minha falta de exclamação de boa.  

não sei. sei que não sei, é intuitivo e despretensioso. 
nunca mais, e muito fácil, com duuas exclamações, .. sobre as pausas da virgula. esse texto não vai ter final já vi. toda vez que eu leio isso o chão se abre em questões, e olha que nem falei sobre interrogações.





nunca fui boa com direções | quando duas casas se olham

 


a aurora e o ocaso,  duas palavras e acontecimentos que eu adoro.
tão comuns, e não. tão iguais, sem nunca ser. tão lenntos, sem demorar.


na minha casa, seu sol nasce.
na sua casa o meu sol se põe.

eu te desperto, te brilho, até te fervo
logo mais, você me introspecta, tranquiliza, me aquieta.

te cresço, te floresço, amadureço
você me inspira, germina, conecta.

dia afora, noite adentro.




segunda-feira, 13 de março de 2023

eu pra mim | atemporal


infiltra no meu passado
impregna no meu texto
vê os erros,  acertos, e o que eu não sei.
palavras minhas, que são suas, porque minhas um dia.

ele me devolveu um texto,
quase reescreveu meu texto!

e algo em mim fermenta.

o já te vi daquele corpo,  eu revejo, depois te vejo, nesse mesmo corpo. assim se formam seus três tempos, o passado, presente, e o ausente. mas ausência não é um tempo. ah é verdade, ele permeia. então já devia estar no passado, ou quando eu não era,

ou vai ver que sempre te escrevi e não sabia.



odoyá

a verdade do que eu sinto se desfaz a cada letra toda vez que eu penso em maquiar uma realidade com palavras que vão além dela.

se crua, verde ou podre, torta ou amassada, pode ser um desvio da convenção, da normalidade, uma salada agridoce, um chocolate com pimenta, verdade.

pode ser decepcionante, enervante, mas sei que também pode ser apaixonante. existe uma atração na dor, ou na sedução dos intensos, que talvez, jamais usem de muita clareza, apesar de sonharem com ela. 

mas existe algo no olhar, no silencio, um conteúdo diferente, obtuso, caminhando por vias que não se pronuncia. 

a verdade do meu texto se desfaz a cada letra. é um só um  passeio pelos sentidos. um canto de sereia na esquina daquela onda no mar, onde só se entende o "..vemmm.."

sábado, 11 de março de 2023

resguardo | menos mágica

 

medida cautelar contra sofrimento. a primária, sofrer por suas próprias dores não por duas. a pedida para momentos de fragilidade não é assim? não sei se é assim. mas tem sido sabe, o quanto o que é meu e afeta, não encontra o que vem de fora e que se sobrepõe, e mesmo reforça as minhas próprias questões? eu quero leveza, beleza e assertividade. eu quero clareza e um ponto de paz no meu presente, a se expandir. 

advir.


____

poxa, pensando nisso..

bemmm menos mágica.

mas não é ruim talvez.

tem um lado meu que sente falta. um lado sensível que agradece muito ter conseguido alguma constância, num momento muito mesmo, singular.

tem um outro que diz que só voltamos à programação normal.


04.09.23


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sóbria

seja sóbria porque sem aditivo

seja o sóbria pelo medicamento

e a vida real ganha contornos nítidos de tédio, cachorro molhado e falta de guarda-chuva.

eu fico bem, até animada, conformada, a semana foi boa, apesar do Apa doente.

mas eu. e só eu e minhas energias. 

se outras me errarem, sobrevivo.

escrever já é recair. 

mas tô de boa.

e menos magia também é menos fuga.

menos é mais.

já diria prof. Célia.


28.11.23

quarta-feira, 8 de março de 2023

 

outro dia, tipo ontem. encontrei um arquivo com textos antigos procurando outra coisa em emails do tempo do êpa. gostei de muito poucos. alguns completamente perdi a referência como se eu não tivesse escrito. outros quero deletar.

eu gosto de escrever. mas eu sei que às vezes sou prolixa. também sei que sou do despropósito, não quero ter muita referência, sou centrada nas minhas percepções, mas acho que tudo bem.

é verdade, a gente nasce e renasce na vida. rebenta uns ramos, também dói. se ao longo do tempo você cresce, a perspectiva muda, a vista e possibilidades se ampliam. se você está rasteira, as sombras te fazem filmes. distrai.  se você floresce atrai amores, amigos, a generosidade plena é a frutificação né. se funga bom, daí complica. muitas questões. era a semente ruim, terra, lugar, água, poda, o que é, quem olha por isso? vai ter que descobrir, porque não é só tirar. volta, ou aparece outro problema, ou a planta mingua mesmo, fazer o que.

mas eu tô viajando aqui só porque posso. ruminando. alías tem um texto, ele até gostei. tem uns outros depois vou lá resgatar. pra por aqui.




sem o bem 

estar praticamente mal significa estar minimamente bem. esse prestes a ser
completamente algo que não se quer ainda te trás algo a mais. do verbo ruminar, aquilo
que fazem bois e vacas.
remoer, revolver, ver, rever, sentir, reviver, ressentir. aí o prestes trás uma urgência. mas estar
ou não estar 100% de algo talvez seja sempre muito preciosismo e na verdade
impossível. neste caso nem há necessidade de pressa. se esse quase já é suficiente,
então já se pode dizer, fim.



2009

terça-feira, 7 de março de 2023

 

não lugar


aquele lugar onde sempre estivemos e até rimos de nós mesmos quando nos questionamos  se ele de fato existe. ele não existe oras, no entanto sempre esteve lá, e nós também.

razão a qual por vezes se sobrepõem dois ambientes, mesmo dois corpos, duas ações, dois sentires manifestos de formas diferentes entre externo e o interno.  um espaço onde não se compromete, um espaço livre, criativo, vivo e atemporal.

raras vezes a realidade nos aproxima. e então o não lugar é aqui. .. é uma junção bem linda.




segunda-feira, 6 de março de 2023

qualquer jeito | quando Kátia virou meme eu adorei

 

a Katia era cega! tinha uma revista bem antiga do meu pai que falava numa nota de fãs que queriam doar a córnea pra ela, algo assim. eu era pequena, e aí ela ainda cantava que "não está sendo fácil viver assim".. váarias vezes na música, sentia pena dela. nunca esqueci a kátia e sua música única, ao menos pra mim.

me lembrei ainda nessa coisa de música, de cantar no inglês da Solange do BBB, as músicas de álbuns de novela que passavam nos intervalos da TV.  eu me acostumava com as músicas assim, aí quando ouvia a original na rádio achava estranho, tava faltando uma parte. mas não, era eu que tinha ouvido as colagens de fragmentos de música e achado que era uma só. aí depois eu entendi.

e qualquer jeito é do Roberto Carlos, acabei de pesquisar. curioso. vi que Katia fez muito sucesso nos anos 80, fiquei mini curiosa de reavivar na memória outros hits, mas vou me conter e ficar só com essa mesmo que já é grudenta que chega.


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ando muito bobinha hoje, esses dias, ..dando trela pros meus botões de loucura. ainda é o bom humor, então..

minhas as palavras dela e..

chegar com franqueza. com cuidado, com tato, sensibilidade aguçada, passos marcados, farejando, no escuro talvez, porém mirando em tudo que é mais certo pra você e no que você quer.. veja

*Kátia era cega mas tinha voz.. 

10/08/23



domingo, 5 de março de 2023

meu mundo é hoje, Paulinho da Viola | quando suas flores foram de plástico meu coração partiu

eu disse que um dia voltaria pra essa música, mas eu sabia que era pra falar dor. aí enrolei um tanto. eu a escuto e automaticamente a voz de Paulinho é substituída pela de meu pai.


Soturno, Mudo, Carrancudo

"eu sou assim, quem quiser gostar de mim eu sou assim..."

Irônico, Amargo, Desencantado

"eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim.."

Reservado, Econômico de afeto, Triangulava críticas

"eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim..."

Humor negro, Frio, Crítico

eu sou assim, quem quiser gostar de mim, eu sou assim..."


e era uma pessoa boa.  tinha dores e dificuldades, mas  qualidades também. e eu o amava, e cresci me ressentindo por seu silêncio, ou por suas respostas em delay, como se o que tivesse dito não fosse digno de resposta. .. e quando ela vinha, tinha tom de desligamento, ou distração. então eu me sentia mal, e depois menos pior, em uma gangorra hesitante. era o jeito dele.. "ele ama vocês a seu modo, tem suas dificuldades, a educaçãp dele também não foi fácil, procure entender" eu cresci ouvindo. e sim, entender não é sentir. eu tinha rancor e eu tinha raiva e me sentia ignorada, desprezada e não digna. então esse ".. procure entender" veio depois de adulta, quando percebi que ele também estava tentando, aí eu passei a sentir, o que eu cresci entendendo. entreguei os pontos e passei a ver apenas o amor que eu sabia que estava lá, que eu quase podia sentir, e eu quase podia experimentar. e eu admirava e amava meu pai igual, e como sempre. viver não é fácil.

enfim.., eu sei que ele gostava dessa música e cresci ouvindo não só porque ele  adorava irritar minha mãe com o refrão, mas porque ela fala de dignidade, honestidade, retidão, e esses valores para ele eram muito importantes.

quando eu penso em um pai, eu lembro do que me faltou e doeu, a clareza do amor. uma criação de amor subentendido em pequenas coisas. mas as pequenas coisas eram uma poesia curta, a dúvida, a carência de afeto voltavam rápido demais. 

meu coração esquenta com a paternidade calorosa, parceira e declaradamente amorosa. cada caso é um caso. muitas nuances. ..

meu psicólogo iria adorar tibumm, certamente.



vovó Redonda

 

depois de muito, enfim dormiu, esgotada. segui só, e ao entregar os bilhetes ela disse que a Cibe sabia que não conseguiria conhecê-la, e estava preocupada com seus pais, por isso fez questão de escrever os três nomes.

estávamos no banco de espera, a cria circulando por tudo e viu uns papeizinhos com lápis do lado. 'mamãe o que é isso?' expliquei que era pra escrever o nome de alguém para ganhar um benção na hora do atendimento. 'então quero escrever o nome do meu pai, como escreve? ajudei soletrando. na sequencia foi lá e pegou mais dois. 'agora quero escrever o meu e o seu'. tentei convencê-la a não escrever já que estávamos prestes a entrar, mas não teve jeito. e ela ficou um tempo segurando esses papéis, até que os peguei e pus junto à senha.

ela estava exausta, e eu também. e juntas passamos por uma experiência de espera bem intensa, inesquecível na verdade.

no dia seguinte contei pra ela como foi. ela ficou chateada de não ter conseguido ir junto, e ficou bem contente ao saber que tinha um recado pra ela.


depois, Cibe fez um desenho. 'mãe, se ela é redonda, vou fazer ela como um círculo.'



 início de novembro de 22. Vovó Redonda.
no fundo um pássaro trazendo um presente. 
mora na cabeceira da nossa cama.♡









sábado, 4 de março de 2023

rede

 

cem palavras, é diferente de sem.

nada a dizer, como um vale pra  pensar, ou sentir.

cem desejos não substituem  uma realidade.

cem realidades, podem não valer um desejo.

hora do almoço.



quinta-feira, 2 de março de 2023

 

altos e baixos

penso no pico mais alto que já subi. e continuo pensando. não tô achando. ahh será a altura do avião? pode ser. o ponto mais baixo, qual seria? eu já caí de um telhado uma vez. pelo menos foi um tipo de baixo né, estava num alto, caí, e não foi por querer, doeu, me apavorou, não gostei. é, vou aceitar assim. eu ando, um passo depois do outro e uma linha se forma sob o solo, indo e voltando nos meus caminhos. queria chamar isso de meu horizonte. não sei se posso, mas acho que sim.


pensando nisso da linha me lembrei de um texto de o performer, de Fabio Moraes. tinha algo com um graveto e linha na areia, tinha uma sensação familiar, fui procurar reencontrando agora, num email acadêmico de 2007. fui lonnge.







quarta-feira, 1 de março de 2023

 

dona Vera estava sentada no sol. o sol era muito importante para ela, se não tinha, ela caia de cama.

dona Vera estava sentada no solzinho. eu e Leonardo brincávamos e brigávamos alternando à sua volta, casa muitas vezes por arrumar.

tinha um quintal no fundo, grande, que terminava num pasto. agitávamos folhas de milho pra chamar os bois, adorava ver eles saindo da fila, vinham vários pra comer da nossa mão.

minha vó, agora tô em dúvida de qual mas, mas minha mãe também, me mostrou como brincavam com bonecas feitas da casca e cabelo do milho, na antiga delas.

não sei porque, inventaram de plantar milho em casa, fizeram carreiras, plantaram, cresceram e a gente corria pelas fileiras. tudo vago. mas era Siqueira, a cidade que eu nasci. era casa da apendicite. era a casa que estraguei a fachada tentando aprender a andar de bicicleta, e era a casa das olarias.

a gente de zoeira no quintal. dona Vera sentada no sol de olhos fechados. tricotando. lendo um livro. fazendo a gente ouvir algum trecho interessante do livro e brigando com a gente porque não estávamos  prestando atenção..

eu tinha mais ou menos a idade da Cibe. ela me falava como se sentia, tiveram épocas que ela falava até mais do que eu estava disposta como filha. mas ela queria que eu refletisse, e acho que ela queria ser ouvida já que sempre foi muito sozinha, sobretudo ela queria que eu fosse diferente dela.

tão diferentes, tantas similitudes.

eu observava minha mãe, hoje eu entendo muitas vezes mais o que ela sentia, mas sei que não alcanço tanto. e também não quero que minha filha seja como eu. não quero um futuro semelhante. queria que certas experiências terminassem comigo. eu rezo pra conseguir respeitar as suas escolhas, mas influir positivamente em algumas. pra crescer com a experiência da maternidade aproximando minha filha, não afastando. não sei.

quando não era a hora dos bois, às vezes a mãe chamava a gente pra andar. passávamos pelo buraco da cerca e seguiamos pro mato, pros riozinho, brincar e desbravar. muitas vezes eu ficava como medo da gente nunca mais achar o caminho de volta pra casa. mas amava a aventura.

saudade dela.





para "palavras ao vento" ..

 


exitar e hesitar soam iguais né, isso daria um texto.


esse é o texto.