segunda-feira, 28 de setembro de 2020

playlist do coração



tem dia que eu saio cantando a playlist de dias de chuva do matiínha. se acabava a luz então aí mesmo que ele cantava, ia na varanda de onde quer que a gente tivesse morando, deitava no chão. acho que também pra tirar o nosso medo de escuro, as vezes pra passar o tempo..., cantávamos junto, era sempre as mesmas. dias de chuva, sem luz..  .. tinha barracão pegou fogo, aquela da corda Mi, prova de carinhosaudosa maloca, o samba do arnestofascinação,  a aquela que pra mim por muito tempo era a música do eu sou assim do meu pai, a meu mundo é hoje (um dia vou escrever apenas dela)me emociona lembrar dele cantando estrada do sol... posso lembrar de outras depois, é só seguir cantando que vem o fio.

e agora chove, choveu até pedra ao longo do dia, ventou maravilhosamente, eu naquela letargiiia, ... acabei deixando pra esse início de segunda, literalmente, o que já tinha que estar pronto há tempos. mas chove, e eu aqui,.. com as musicas dele, resolvi escrever.


quando chegava a vez, e ele cantava felicidade, eu começava a viajar,.. ela é muito imagética, visual eu acho, ia longe. idílica, tem um ar de fim de novela, fim dos problemas, apesar de simplesmente não entender porque que, que a felicidade foi embora.. 





domingo, 27 de setembro de 2020

tempo decorrido | fins e começos | com durantes






o artista curitibano Cleverson Salvaro na exposição portátil amor.love. nesta publicação foi pedido aos artistas algo sobre o tema, (amor) a ser exposto nas dimensões da publicação. essa imagem seria o contorno, a linha do mapa, da distancia que o separava de sua amada. eles moravam distantes, florianópolis <--> curitiba e o caminho era feito com frequência. 



a performance realizada por Marina Abramovic e Ulay, The Lovers, 1988 (The Great Wall: Lover at the Brink). cada um sai de uma ponta da grande muralha da China, se encontram em certa parte do caminho três meses depois, trocam um abraço, e cada um continua seu caminho, terminando seu relacionamento de 12 anos com esse ato. 





sexta-feira, 25 de setembro de 2020

.. ainda precisamos de outra bruna


era uma vez eu me apaixonei por um cara na faculdade.

era uma vez eu li que geminianos eram chegados a amores platônicos. como eu sempre altamente não me identificava e não me reconhecia nesse estereótipo de ser geminiano, vamos dizer assim, completamente ignorei isso também. 

mas ele caminhava, ele comia, ele ia a assembléias, tinha aulas, ele conversava com pessoas (uau), eventualmente ele conversava comigo também, era supostamente solteiro, conhecia meu irmão (que conhecia todo mundo). ele andava de bicicleta, ele respirava... ele tinha olhos verdes, ele fazia design gráfico, ah, ele era paranaense.

aí um dia eu resolvi tomar uma atitude a respeito do meu jeito de ser.

"vou escrever uma carta pra ele!"

pensei nisso por muito tempo.

até que decidi.

escrevi.

e nem me lembro, juro, como entreguei.. 

bastante tempo se passou.

e esse tempo entre angustia, ansiedade, um misto de arrependimento e expectativa quee, sabe ser cruel, né.

um dia ele se materializou na minha frente e disse. "então.., não entendi."

eu juro2 que não me lembro o que respondi. ou o que aconteceu.

mas esse "não entendi" me acompanha a cada linha de texto, desde então.


fim.



quinta-feira, 24 de setembro de 2020

a primeira bem sucedida

 








o que cê faz da vida sem pão-de-queijo quando você resolve que não quer mais comer produtos que fizeram outros seres sofrer? na época, não tinha tannnntas opções como hoje, mas achei sim algumas receitas, e não dava certo, completamente não dava certo,.. e o mau humor ia aumentanndo. até que eu ganhei essa receita. que incorporei pra sempre. ela é grande, dá pra fazer a metade, mas normalmente faço inteira e congelo uma parte, o que torna a vida bem cômoda e feliz.



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eu peguei ontem espinafre um monte na mami. 

da última vez fora os que eu dei pro Gabi, deixei estragar.

pisquei tudo, e taquei no pão de beijo que saiu meio verde.

mas o que foi surpreendente mesmo, foi o sabor.

na infância eu amava bolinho de chuva tipo, salgado, com espinafre. gennte, lembrou muito, amei.

13/11/23






quarta-feira, 23 de setembro de 2020

o desenho que eu ainda não fiz

o tempo contemplado nunca é perdido. o produto não precisa ser óbvio, pode até ser mental talvez, como uma meditação? não sei..

eu pensei melhor se algum dia pensei assim, tempo não se perde, o tempo decorrido tem história, assim como o tempo do desenho, o meu primeiro amor abandonado, vamos fazer as pazes? 

não vai ser fácil. intimidade se ganha com o tempo, esse tempo fenomenológico, dedicado, exercício de cumplicidade entre olhos, mão, intenção. o que você dá importância, o que não, e o que o gráfico mostra. distâncias. e o registro, o que é? esse extrato, produto, objeto, que pode não valer mais que a experiência, pode ser um devir, rascunho, não importa. 

ainda sou uma observadora por excelência.





experiência

 


                                              27-05-20










                                            23-02-21


            









quarta-feira, 16 de setembro de 2020


 felix gonzales-torres
"untitled" (perfect lovers), 1991 - MoMA





felix não passou despercebido, ainda me lembro das aulas que trouxeram seu processo criativo, .. e de vez em quando algum de seus trabalhos volta, como esse, nesse momento. sua maneira de imbricar arte e vida, de expor o íntimo, o privado, a perda, a despedida de maneira não óbvia e profunda... eu olho pra esse casal de relógios, e posso sentir algo de sua história e intensidades. e como espectadora, também vejo um pouco da minha, entre passado e advir..

amantes perfeitos aliás, pelo que vivi, não são perfeitos só quando tudo parece perfeito. pode desandar um pouco, uma que outra pilha falha mais e/ou menos, especificidades. acho que no processo, um alcança o outro, por alguma razão, enquanto tiver que ser, um alcança o outro, um alcança o outro. até que o inexorável se instaure.






segunda-feira, 7 de setembro de 2020

q u e tempos..


é uma época engraçada. me permite estar aqui.
eu gosto de escrever, mas jamais estaria aqui em tempos normais, e sem ser provocada pelos inusitados da vida. e esse espaço estaria mais desatualizado e repleto de potencial de mágoa.

e não que o que tenha a dizer seja importante ou que eu tenha muita vontade de me expor, ou que minha vida seja incrivelmente interessante, pelo contrário. o que eu gosto é de tornar meus mínimos, assuntos. então esse espaço é importante.

nesses tempos, cada vez que posto algo penso que acabou, é o último, oi vida real. mas depois outro aspecto, reflexão, assunto vem, e eu entendo o processo, de algo pungente.

os dias, os meses passam e eu ainda abismada com esse momento. tudo perde e ganha sentido. muitas promessas são feitas de ver e estar no mundo diferente. eu mesmo ixxi..., e quanto mais nessa, mais tudo fica lennto. 

ainda assim, do fogo nasce um texto, da dor nasce um texto, junto as nuances, oscilações, e instabilidades desse tempo, e da distância do que desejo.

prefiro arder e sentir tudo que tem, imersa nesse momento,

e mesmo que esteja presa, .. não estou.




quarta-feira, 2 de setembro de 2020

matar um leão por dia.
mas eu nem gosto dessa coisa de matar,
sou do time da convivência, ou então, vazar, e olhe lá.
mas entendo a questão da sobrevivência e da iminência.

iminência, aliás, é uma boa palavra para quem deseja o advir,
mas ele amedronta e põe muitas reticências quando não depende só de você.
e se estiver entrelaçado com o imponderável então, ... choove palavras,

e eu em sopa.