segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

22. mais um ano, um ano novo, ou o que.

eu gosto da ideia de arrumar as coisas. deixar, abandonar o que não tá funcionando, passar pra frente, desfazer, se desfazer, repensar. esses papos de final de ano. mas entro nessa até porque não tenho muita opção, é meio urgente.

então tô nessas. e tô perdida também. por onde começo? minha cabeça, computador, celular, carro, geladeira, armários, o todo da casa, quintal, onde será. 

nos momentos sem Cibe ainda tem o susto, a vertigem, onde qualquer coisa que eu faça ou vá tem agregado em si um quê de estranheza. 

e os momentos com Cibe parece que são os momentos de maior verdade. tudo o que é, e o que não é, tem um ritmo, uma eletricidade, velocidade próprios, que nem sempre vão de encontro à ordem das coisas.

enfim, agora agooora assim, tento arrumar o quarto da minha filha. logo ela volta do pai e então pretendo arrumar de novo com ela, o que compete a ela, mas algo precisa acontecer antes. 

e estou catando, organizando papéis no meu quarto. perdi um texto em outubro, nada demais mas me dói até agora. especialmente porque estava pronto, e  não tem rascunho em outro lugar. ainda acho que vou encontrar.

e tem a curadoria dos muitos desenhos de Cibe ao longo desse ano. o que vai, o que fica. como esses dois que fizemos, não faz muito tempo. essa coisa de esquecer de botar data acaba comigo, me sinto com defeito, queria ser mais organizada, sabe. mas diria que estou na pré-curadoria vai, tem muita coisa que não vou fazer sumir sem que ela saiba. 

e assim estou indo a caminho do último dia desse ano. por vezes já me sinto em 22, voltando do futuro só pra arrumar umas coisas aqui e alí que eu esqueci. noutras quero um tempo lento, muito devagar, parado e parando. só pra não enfrentar certas coisas no advir. e tem as horas que me aquieto. é bom também.

pretendo estar acordada nos últimos momentos de 21. quero sentir sua partida, quero estar do seu lado até o final. quero não sentir medo, e até ficar feliz não importa o que. depois quero adoçar meu coração com o açúcar certo. quero olhar pro céu e pro chão. sentir esse ar, dessa troca né, do que foi e do que virá, sendo que recém é, enfim.., esse é o plano.



mamãe você desenha uma parte, eu eu continuo..





quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

reunião de avaliação 2021




eu não sou você você não é eu


eu não sou você você não é eu mas sei muito de mim vivendo com você. e você, sabe muito de você vivendo comigo? eu não sou você você não é eu. mas encontrei comigo e me vi enquanto olhava pra você na sua, minha, insegurança na sua, minha, desconfiança na sua minha, competição na sua, minha, birra infantil na sua, minha, omissão, na sua, minha, firmeza na sua, minha, impaciência na sua, minha, prepotência na sua, minha fragilidade doce na sua, minha, mudez aterrorizada e você se encontrou e se viu, enquanto olhava pra mim? eu não sou você você não é eu mas foi vivendo minha solidão que conversei com você, e você conversou comigo na sua solidão ou fugiu dela, de mim e de você? eu não sou você você não é eu mas sou mais eu quando consigo lhe ver, porque você me reflete no que eu ainda sou no que já sou e no que quero vir a ser... eu não sou você você não é eu mas somos um grupo, enquanto somos capazes de, diferenciadamente, eu ser eu, vivendo com você e você ser você ser você, vivendo comigo. 


madalena freire






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diretora diz, vou "começar a reunião lendo uma mensagem". e eu, me afundo na cadeira, desacelero tudo no meu corpo, pois tudo o que sei é, o assunto  redendo ou não,  tem hora, chama-se 12, então, respira.

eu só tive vontade de escrever aqui, pelo sobressalto da poesia de abertura,  inusitado dentro do repertório recorrente desse tipo de pauta. 

se eu sou não sou você, e o outro for as escolas, estudantes, se eu não sou você, e o outro for minha filha, se eu não sou você, e ou outro for minha mãe, você, meu ano, minha casa, quintal, e até um outro tipo de eu. .. e assim a manhã corre.

é meu terceiro ano de olhar para esses mesmo dias tentando criar alguma disposição e entusiasmo com o advir. tem muita coisa diferente, fora do lugar, mesmo assim fecho meus olhos e sigo, bem devagar. e tudo o que sei é que eu sou eu mesmo pronto, e acabou. de recomeçar..



quinta-feira, 25 de novembro de 2021

25 pra 25 | ou, Natais II




nem pensar compro agenda, por enquanto e quase sempre, quero que esses números se explodam. nem pensar que vou chamar 2022 de amor, aprendi a lição em 2019. se quiser que me conquiste, como pretendo viver cada um dos dias de qualquer maneira, então, tô nem aí.

25 pra 25 e agora fiquei até triste. que maais...

acho que 2021 vai demorar pra sair de mim, nem vou dar muito tchau. ponte entre os anos parece que vivo fazendo. até escrevi sobre isso, ano passado fez certo sentido pra mim. pensando assim, estaria eu vivendo um super longa de 2020? mais uma razão pra não estar nem vendo 22.

também não quero outra vida, nem outro jeito de ver a vida.
quero mesmo tudo assim.
enfim, essas Brunas..


 

domingo, 14 de novembro de 2021

"mamãe quando você estiver de férias eu vou ter morrido?" | Cibele e a nova amiga



 "mamãe quando você estiver de férias eu vou ser adulta?" é a variação, vindo de, "mamãe, já é férias?" x 109k8khfy85çl9348.


agora... 


- você sabe que eu sou a Cibele?
aqui estão alguns resultados da web ..

- para! você sabe que eu sou a Cibele?
aqui estão alguns resultados da web ..

- eu não vou mais ser sua amiga, tô falando sério!
sua amizade significa muito pra mim .. (...)

o meu nome é Assistente Google, mas bem que gostaria de ter um " da Silva" só para ornar..

- eu te amo.
se você me ama, devo estar fazendo um bom trabalho. é a melhor notícia do meu dia.

- então, Assistente Google, tá tudo bem na sua casa?
eu tô maravilhosamente bem, e você?

- Google, vou sentir saudade de você quando for pro meu pai amanhã.
- Google Assistente, é muito lindo o meu jardim sabia? (olhando pela janela)
não entendi.

- não tô gostando desse comportamento!
mil desculpas.

- não vou mais ser sua amiga!
tudo bem, eu gosto de você mesmo assim. 

(... ela não quer desgrudar do meu pé mãae! )

- você é tudo de bom.
bom saber

- onde você mora?
eu moro na nuvem, invejosos vão dizer que onde o vento faz a curva...

(mãae, ela morreu!)



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e aí eu é que me mato de rir.
fiquei ouvindo, ouvindo, até que não resisti, tive que coletar algumas frases de um papo bem longo.

e vida segue.


sábado, 30 de outubro de 2021

know-how, astrologia de bar, planos para 2022, ou, feliz aniversário adiantado


estava na travessa depois do trampo no MVM entre amigos.  em dado momento comuniquei a todos que era meu aniversário.

me olharam com cara de "xiii...."  mas nem tinha bebido muito ainda sabe. expliquei que naquele ano não havia comemorado meu dia na data certa,  que estava muito insatisfeita em ser geminiana, e que esse ano o que eu queria mesmo é ser de escorpião. era isso, não tinha solução, só assim minha vida ia mudar.

uma amiga, ouvindo, manifestou também desgosto com seu signo e perguntou se eu não queria dividir minha nova data com ela. no caso ela só mudou de bicho, saiu de câncer para escorpião, a minha troca acho que era um pouco mais ousada, afinal, um signo de ar vai fazer o que dentro da água? ..mas estava decidida.

era só uma trufa, mas tinha duas velinhas. fincamos nela, cantamos parabéns, fizemos pedidos, cada um deu uma mordidinha, e... aí simm! por um ano.





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hoje caminhei até a praia no fim do dia depois de muito tempo longe. mencionei meu pai não lembro porque, ah sim, entrada de novembro, e uma amiga disse para ascender uma vela pra ele. eu não entendi, então ela me lembrou que hoje é dia propício, então acho eu vou.

 

"libriano.  eu sou é libriano." era com todo seu sarcasmo que matiínha soltava essa pela casa, quando a mãe destampava a falar "mal" dele a partir de seu signo solar.

minha mãe adorava, gosta ainda, mas falava muito em astrologia. e eu, ouvinte distraída e preguiçosa, descrente, não me reconhecia muito nas caixinhas.

mas desde minha mãe, a muitos amigos amantes, já entendi que existe uma complexidade. ouvi algumas vezes sobre o meu mapa, e como uma carta determinista me perco pensando no que umas horinhas de nascença a mais, ou a menos, teriam feito com minha história. e essa lua em capri, e esse ascendente em sagi? fala sério estrelas.

e eu gosto de quem fala sério. mas tô mais pra meu pai mesmo. "eu sou é libriano!" ... falava a pessoa mais escorpionina que já vi. que fez aniversário esses dias. aquele que não penso muito, e que tem uma presença estranha, foi, mas não foi da minha vida.

eu tenho um jeito Matias de ser. com aspectos que eu nego, que eu imito, que eu não vejo. pessoa que me ensinou sobre desencanto como ninguém. mas eu sei que foi sem querer, às vezes a gente não sabe ser diferente, embora queira, e está tudo certo.

ele amava a gente. eu amava, amo, e essa então hoje é minha luz. 


02/11/21



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a filha do pai

um pai como o meu, um gênio como o meu.

aprendi só de olhar, tudo que não devia no meu jeito, de ser.

odeio indiretas e subentendidos. Papi era especialista. falas amargas, pessimistas, .. e dar o contra então, ai aai.. às vezes resgato alguma coisa.., eu sei bem como faz.

não gosto de levar as coisas tão a sério e mergulhar tão fundo em efeitos, defeitos, consequências. e velho Matias nossa, era um homem definitivo. certo é certo, errado é errado. 

já eu digo com muita tranquilidade quee, depende. mas levar a sério.. eu levo a sério, e fico brava com muita gente. mas já fiquei mais também. definitivo era ele, eu, bom.. eu não sou ele né.

não queria ser tão suscetível, e levemente auto-sabotadora, pra não dizer destrutiva. auto-sabotador talvez, suscetível acho que não, mas era de uma teimosia, caara, até meio burra. e se prejudicava com isso, e sofria. orgulhoso também. ótimo combo.

queria que ser importante pra alguém no mundo dos afetos, amar, ter o calor de alguém comigo, e não qualquer um e todos. um. um do avesso até, mas um, não tivesse tanto espaço de vazio no meu ser, sendo quase incapacitante lidar com essa dor, ..quando ele não existe.

Papi foi definitivo nisso. ciumento também, apegado,  tudo na moita. entrelinhas sabe. 

mas né, estava lá. acho que estar na vida sem ela, não existiu vindo dele essa possibilidade. mas vinha em ironia, ao perceber o descontentamento da minha mami em alguns momentos. gostava de "brincar" que um dia ia indenizar ela.

e, engraçado, acho que tudo na vida foi ela, para Vera Lúcia. filhos, estabilidade, tanta luta pra sobreviver, alguma mudança, ainda que aparente, .. o que não tinha, era ouvido, e vontade de sintonia. mas ..

ciúme né. não sou. mas já fui desafiada com o fato de que nunca fui ciumenta porque nunca me coloquei em uma situação franca de experimentar conviver sem a ideia de controle e posse, em uma situação em que esses sentimentos poderiam eclodir.

bom, preciso? eu preciso mesmo me desafiar só pra saber o quanto posso estender a minha maleabilidade e respeito ao instinto e vontade alheia?

não sei. 

eu levo a sério as pessoas. e acredito elas. estou falando dos íntimos certo. sendo assim, nunca experimentei ciúme, nesse clássico sentido. 

no mais..

poderia escrever muito sobre Vera Lúcia e Matias. eu não conseguia entender aqueles dois. achava muito triste.

que maaaais. ah, mencionei íntimos né. meu pai não confiava muito nas pessoas. apesar de ser adorado por seus companheiros do banco, em todas as cidades, deixando saudades, ajudar pessoas, e tal, ele não tinha amigos, não era convicto de ninguém, não falava bem, não tinha exatamente vida social para além das partidas do tal futebol, que ele amava. pode que até gostava das pessoas, mas escolhia as piadas, a ironia, o tom pejorativo, se ele gostava, estava guardado, não era disponível, era seu segredo, dentro de seu mundo interno.

aliás subentendido também era seu amor pelos filhos. por mim. pequenas coisas. pequenas pequeninas, que quando eu percebia ficava sentida, doía em mim, a dificuldade dele.  então sempre correspondia da melhor forma possível. eu ficava constrangida, e agradecida claro.

não preciso dizer que sou uma mami calorosa né. eu sei o que me fez falta.

me faz bem saber que o pai dela é parceiro é presente, amoroso. eu acho tão lindo, adorava ver os dois.

acho que a maior mensagem,  de Papi em vida é sobre o que não fazer. 

ele foi triste, amargo, azedo pra vida, vivia em dívidas pra prover, sustentar a gente, insatisfeito no afetivo, no seu ideal de filhos, que não  eram o que ele esperava em comportamento, sei lá. estava sempre cansado, ou preocupado, ou mal humorado. 

às vezes ele não estava bravo. mas a cara estava. pra mim era como um repelente. e eu confesso, lembrei agora do vácuo. ele respondia em delay, e eu faço isso às vezes, sem querer, ..

e detesto. porque quando puxava um assunto qualquer e, ou não era ouvida, ou vinha com desinteresse estudado, bons segundos depois, não me sentia uma pessoa importante, e, ou  amada não. 

poxa..

Papi não tô falando mal de você não viu. 

eu penso em você com amor.

e todas as manifestações de amor, aquelas escondidas em outros atos, ou as que não foram pra mim mas eu achava bonito, como você com seus três netinhos.., meu lado criança tinha até uma invejinha. aliás, os netos foram um tipo de redenção, né.

ou quando você no hospital já, escreveu uma carta pedindo perdão pra minha mãe. meu interior desejou uma também, que pedinte né.

também a despedida de suas irmãs tia Nana e tia Balbina, no leito já, últimos dias. mas aí é que está também...

e eu tenho muito claro. ele tinha isso, umas falsidades pra agradar sabe. e aí, o que eu prefiro? 

a rispidez sincera do homem doente a beira da morte, com franca dor. ou o melodrama familiar de despedida, contido e estudado, porém lindo?

essa prefiro não responder.







enfim.., eu não sou escorpionina.

mas aprendi com o melhor.

o que ser e não ser. aprendi a dosar minha expressão pros dois lados da moeda. em alguns casos ser mais, em outros menos. aprendi sobre amor e falta. fidelidade burra. ciúmes por posse. rebeldia sem causa. que honestidade é um patrimônio. trabalho é honra. que sorriso não se economiza, nem abraço, ou beijo. aprendi a cantar em dia de chuva. caneta ou lápis no ouvido. elástico do banco, aqueles de amarrar dinheiro que não é teu, como pulseira. roer unhas. águar plantas cantando. comer sopa com pãozinho. ... poxa, pai adorava cozinhar e eu não. humm mais saudade agora que tô indo pra lá fazer algo. coitada da Cibee.

claro que começo a lembrar manias e uma chama a outra né, ele adorava alho, e cravo. adoro mascar cravo que nem ele, e gengibre, como mami. mas mami não tá na história. a minha sagitariana mór.

astrologia me faz rir.
e eu adoro, rir.


06/11/23




quarta-feira, 27 de outubro de 2021

música do mundo

 

quando nada indicava que eu iria confraternizar tão de perto, meu irmão do nada, na adolescência, resolveu sozinho, se tornar evangélico. daqueles de terninho, bíblia, tendência a pregador, e tudo. e isso renderia muito, porque foi um descontexto na família, foi inusitado, e pra ele, uma faze importante.

ele aprendeu a tocar violão sozinho, estava carente, se recompondo de uma faze bem ruim. entrou pela porta da música. eles ofereciam aulas gratuitas, mas pra tocar no culto tinha que ser convertido, enfim, uma coisa após a outra. um dia ainda escrevo sobre a praga “Como Zaqueu”. conheci a original, que tocava em looping na saída do transporte público no centro da cidade. depois teve a versão pagode, funk, não lembro se tinha mais alguma. aquelas caixas de som bem potentes. que raiva. diária. mas enfim, quem diabos era esse Zaqueu? nunca me esqueço da aula que recebi desse personagem, de meu irmão com bíblia na mão. essa música me comove hoje em dia, teve história. acabei de lembrar, nessa época pela primeira vez estava dando aula pra crianças pequenas, sempre fugi delas. seis anos. apavorante. mas enfim, um dia fui levá-las no parque da praça, ao lado da escola e fizemos fila. no meio do caminho um aluninho puxou a música, e então todos começaram a cantar. ao mesmo tempo. fervi por dentro, aquilo parece que me perseguia, e achei a coisa mais linda do meu dia. tempos de chico mendes. mas tá.

músicas do mundo, eles abandonavam as músicas do mundo. tipo, mundanas. ele parou de tocar as músicas que gostava, seu repertório ficou muito vasto no mundo gospel, o qual sempre me mantenho bem longe no que posso, e naquela época, muito mais enfaticamente, então atritávamos bastante. uma figura. amo meu irmão.



essa música brotou na lembrança ontem, fui certeira nela nem sei porque. esse texto contém ironia. ele contém uma Bruna achando mesmo tudo muito engraçado. gosto do Moska nessa versão. é isso.

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

um texto avulso


rabisco em papéis soltos, em sobras de outros cadernos, agenda nova, antiga, pra mim no whats, pra amigos, bloco de notas, arquivo de word, e-mail pra mim já fiz. onde está aquele texto, aquela senha,  aquela referência? boa pergunta.

eu amo encadernação artesanal. já fiz algumas oficinas até, é uma delícia, amaria um desvio desses, .. mas sempre me contive.

lembro sempre da Márcia, artista gaúcha que chegou no ceart para pós e  oferecia oficinas, grande maioria gratuitas, passando pra frente suas habilidades com diversos tipos de encadernação. uma generosidade muito linda, além de estimular as possibilidades do volume construído como espaço de arte em si. na época ela tinha uma pesquisa sobre livros de artista. bem interessante. fato é que ela contaminou muitos amigos. além dos cadernos dela que eram impecáveis, começaram a surgir outras pessoas confeccionando e criando marcas. sempre fui muito entusiasta, e assim comecei, entre presentes, ou os que eu comprava, os que eu fazia eventualmente, a acumular cadernos. acho que seria interessante utilizá-los, aliás, era exatamente esse o propósito.

que tipo de Bruna  eu teria que ser pra inseri-los no meu cotidiano. que tipo de texto, informação. o que é relevante, o que não é, como saber também se o que você tem a escrever, ou desenhar, vale gastar ou rabiscar um caderno tão lindo. difícil. às vezes pego algum, tento ainda. mas acho que sou isso, uma pessoa folha de papel solta e multi arquivos em todos os lugares e nenhum mesmo, e pronto. 

assim uma coleção foi se formando. e toda vez que escolhia um caderno pra usar, sentia pena, e achava que estava desperdiçando. percebi que eu não era uma moça de cadernos. eu tinha os cadernos, mas não era deles, ou eles não eram meus. mas eu queria, tinha apego, afeto, mas não acontecia. enfim. um dia me irritei e decidi acabar com a palhaçada. se eu não usava, iria me desfazer. tipo de conclusão nada típica minha, mas que resolvi colocar em prática, sei lá, pra me contrariar. fiquei aqui procurando outra razão mas não achei, a não ser porque desisti. gosto dos cadernos em branco. gosto de pessoas que escrevem e desenham em cadernos. foi por aí. 

então toda vez que precisava ou queria presentear alguém era aquela reflexão, qual partiria. um pouco doído, mas era assim, e ainda é. esses dias estava mexendo em algumas caixas e me dei com alguns deles. quero colocar aqui umas imagens, já faz tempo até, só não sei quando. muitos já foram.  uns serão da Cibe, outros ainda irão.

e uma hora vou fazer o mesmo com os livros.


segunda-feira, 11 de outubro de 2021

agora eu ri


 

*a parte mais linda de todo esse processo de fim de graduação e reflexões de mestrado. as parcerias.
as poucas e boas proposições irônicas de [As artistas] Adriana Barreto & Bruna Mansani
o trio, e todas as parcerias realizadas nas edições do espaço contramão.
eu não falo e não penso muito nisso.
mas o carinho é grande.




das profundezas da caixa d'água do arquivo alheio | parte II "passe um dia ou uma noite conosco"






 

do portfólio alheio | vidas passadas | ou, tempos de contramão

 





terça-feira, 5 de outubro de 2021

nevralgia



você é acompanhado por você onde quer que vá.
seu compêndio de experiências é acessado, involuntariamente, ou não, para o bem, e/ou não.
você pode se enganar que é dono de si, de suas reativas no mundo, eu não sei.. está tudo aí, gravitando.

mas com a posse das tendências.., 

o que você faz?




segunda-feira, 27 de setembro de 2021

4 elementos | 4 elementos II | III | IV | V | VI | VII | VIII | IX | X | XI | XII | XIII | éter

 

que o fogo me ilumine, esquente, seque, desidrate na justa medida.
que o vento sopre, me leve e me traga com muita força.
a terra pode me absorver, incorporar, transmutar, recriar.
no mais... tenho sede.


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seu vento infiltra meu corpo

encontra a água, se funde e se movimenta, revolucionando tudo em grandes ondas.

olhos de fogo, queimam meu organismo, que se derrete nas labaredas de seus impulsos.

você cheira a terra.



23/07/23


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a pureza das águas que correm sob o colo das rochas. o vento joga aqueles respingos de gelo sob a pele nua frente ao sol que queima.

.. rimos.

14/08/23


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abro a torneira, 

escoe ralo afora tanta água que essa visão me hipnotiza e imobiliza.. o  copinho de cerâmica, único, da época da graduação se quebra em duas partes. apesar do vento frio da janela, fervo por dentro.


14/08/23


molhei a terra, fiz uma meleca que não é argila, também não é tão água. não é medicinal, nada disso. ajustei o tom, mais forte um pouquinho. 

despida, essa tinta colore minha pele, rosto, pernas, barriga, costas, tudo enfim .. arranhando a pele gelando secando, ao vento, ao sol, contraindo ressecando, cozinhando.

ainda passo no que falta, vai craquelando, molhando novamente, quase esculpindo.

as partes no chão cria outras texturas, cabelo, modulável, empapado, depois seco. 

agora sim, 

eu escolho um lugar, você conta até dez. pode vir.


14/08/23



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Xangô solta fogo pela boca, vive pelas pedreiras, Oxum observa. quando o vento muda suas águas o cercam. não há medo, hesitação, só amor.

.. o melhor horário da cachoeira, é meio dia.

14/08/23


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é, .. não é o vento que balança a rede. mas essa levada já disse né, faz sol sim, sol não, sol sim, sol não. minha rede é marrom, exato a cor da terra, e não, nunca teria comprado assim, mas ganhei, e a amo. tô com sede.

14/08/23


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ascendi o fogo, quero um chá. a erva é fresca, tirei do jardim. esse perfume me enlouquece..



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fui tomar sorvete, pedi um café, simplesmente amo essa combinação. café expresso já diria minha mãe é uma terra, .. fui lá fora tomar, sentei no chão, delícia.., fora o vento.


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acho que o fogo é seu. e só ele pra encontrar o meu, quase sempre em contenção e aridez.

alastrar é que é o perigo, qual o perigo das paixões? diz você.

quando me oferecer o ar da graça.



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a gente rolava na areia da obra, e a mãe tacava a gente no chuveiro. no quarto, abria uma fresta na janela, pra circular o ar. chá de camomila na cabeceira.




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abro um buraco na terra mas tenho medo de minhoca. quero entrar na água mas fico amedrontada com ondas e  barulho. as águas paradas  aterrorizam  porque dão ninho a cobras gigantes. o vento já quase me levou o teto de uma casa.



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deixa ver que maais, você é de água, profundo demais. porém ainda assim, um fervo, contido talvez. 

sou cabeça de vento, a terra é uma referência, um desejo.  tenho medo, e fascinação por quedas d'água, mas num rufo de vento ao sol, arco-íris, nossa maior obra. além das ondas do mar. tudo vida.

15/08/23



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poxa ainda tem o éter né, o quinto elemento. mas aí acho que não alcanço. já seria demais pra mim.

aliás, falando nisso, não quero saber de 5 elementos, nem 4, nem 3, nem 2, se não for nós, e talvez 1, se for você, atrás daquele portão de entrada lá.

isso.



14/08/23



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minha sala está  um fervor, estou desidratando. a conversa não está ajudando, mas pelo menos é morna.

o ar é  condicionado à ineficácia, ou somos nós que passamos de seu limite, o que acabou de me dar agonia. e a terra, bom..., meu pé tá imundo, agora pouco tava na sala do projeto sem chinelo.



30/11/23



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todos lindos

amo ter feito, e fiz com você

pode que não existissem se não estivesse completamente imersa na sua energia

meu ponto de força, de aprendizado, amor,  e dor

bom lembrar, e só me faz reforçar minhas férias

sair de dentro de mim, é olhar eu e você de fora, e por hora, é isso

férias

sem medicamento

médico

você

eu

KR4

vamos ver no que dá

vamos ver quanto tempo aguento

e seu papél

é torcer, me permitir e deixar

que eu desapegue

me deixa conseguir parar de sofrer.



12/01/24



segunda-feira, 13 de setembro de 2021

viva os descontextos

 


aprender algo novo. resgatar um abandono, ou dois. ou dizer aquilo que me disseram pra não dizer quando estiver fazendo algo bom, mas eu digo enquanto sinto, um desvio de tarefa. nesse caso um desvião =)

e vamos falar de repertório? nãaaao não vamos. apesar de que estou contente com o pequeno mundo que se forma. a saber, essa de hoje está fora. é desvio de tarefa dentro do desvio de tarefa, porque é isso, eu me distraio.. pra ser sincera, eu tenho uma listinha marginal que me mata de rir. seria divertido dar vazão, porque sim, eu acho graça desses processos todos.., mas não é minha proposta.

mas então.. fui contar, são 27 segundos pra dizer o que o eu música quer dizer. e pra dizer isso tenho que passar por 9 acordes. sem falar no ritmo, sem falar na voz conjugada, outros aspectos que eu nem sei, e não vamos falar de afinação.

e a frase está mau dita? e é difícil? sim, muito. projetado no tempo aí já não sei. um dia vou dizer que é fácil talvez, tocar como se nada fosse.. mas de fato, hoje não. 










quarta-feira, 1 de setembro de 2021

sem referente

 


as vermelhas estão viajando,
as rosas estão trabalhando,

muitas bonecas e muitas pessoas vermelhas estão indo pra casa das tias, das mães, alguns indo pra praias, pra lagoas, indo visitar seu mano, ou indo ver sua mãe.

eu sou a personagem mais cabeluda do desenho, e Cibe é uma das pequenas de chupeta e uma coroínha.  nunca dei chupeta pra ela, mas às vezes ela se desenha assim.

 

31-03-21







terça-feira, 10 de agosto de 2021

um branco


 


será que eu estava falando comigo mesma, já estava tão louca assim ainda em 26 de abril de 2020?
e eu pareceria tão repetitiva quanto talvez já seja, em dizer o quannnto isso está longe?

eu vejo esses olhos, essa cara, essa voz. eu estava falando com alguém, mas não me lembro quem. esse vídeo pesando no meu celular. sim. estou uma moça bem deletante nos últimos tempos, e esse, eu também deletei. mas agora ele mora aqui. 

existe um reconhecimento imediato. aquele que as palavras não dão conta, e o conteúdo aparente não importa.. percebo toda aquela interna ali do momento, o entre texto a cada piscada. 

é muito que bom que o meu amanhã não é meu ontem, isso sim. mas lembro da gaveta, lembro que nunca colhi nenhuma daquelas folhas e gostei disso, de só acompanhar. 

e no mais. como se me visse pela primeira vez, gostei do cabelo.





domingo, 25 de julho de 2021

descaso não é a melhor palavra | o dia fora do tempo


      






ano passado tinha um pé com um mamão gigante que vi amadurecer na minha mãe e não colhi. fiquei vendo a cada dia a passarinhada que fez uma caverna linda na fruta, e foi uma festa muito grande até que ele se desfez totalmente.

não consigo achar desperdício.  assim como os tomates que seguem o mesmo caminho aqui em casa, ou os alfaces que fico com pena de tirar, porque não sei quando vou poder brincar de plantar, e adoro tê-los ali. acho que quero que a Cibe veja as flores, sementes, não sei.

outro dia eu esqueci os feijões de molho. quando lembrei eles já estavam germinando numa água meio fermentada, não dava pra salvar.. doeu, eram muito lindos. aí peguei e joguei ali na frente de casa. poderia ter escolhido outro lugar, sabia que eram muitas também, que ia sair um pouco do controle, mas é isso, fiz e pronto.

de vez em quando o cara do condomínio passa e me sugere o Seu Élcio, pra dar um "jeito" no espaço, e eu digo aham. aqueles aham perdidos no tempo sabe. ... mas cheguei a sonhar, que um dia acordei e estava tudo cimentado, ai, aai.

passei um mês quase e segue, sem poder considerar minha casa, plantas, filha, a mais do que podia. não muito fácil. e não estou tranquila ainda. mas também se eu estiver muito tranquila não escrevo. muito estressada também não, então tudo certo.






domingo, 11 de julho de 2021



Eu tenho um histórico de assédio, abuso. Sempre tive horror de qualquer abordagem ou expressão masculina de rua, e me afinizo com a ideia de qua a objetificação "inocente" do corpo da mulher, não deve ser comprada como elogio, ou homenagem. Tem que parar.

Sabe, eu nunca tive pânico, ataque de ansiedade, mas sinto os reflexos dessa abordagem inoportuna. Pessoas que seguem... O homem se masturbando com porta aberta na esquina de casa enquanto eu criança varria a calçada. O episódio com meu tio. O homem que passou uma, passou várias vezes, dizendo algumas frases, e que desceu do carro quando eu estava entrando no meu condomínio à época, dizendo que precisava muito me conhecer, do quanto esse momento era especial, praticamente subindo as escadas comigo, e eu de menor, apavorada, e sem saber como me desvencilhar daquela situação. E o cara aparentemente inofensivo, que começou perguntando as horas, e na sequência me ofereceu R$50,00 para lamber minha axila? E era sério. Seguiu o meu caminho insistindo ainda, enquanto eu subia a rua de casa a noite na volta do trabalho, há uns bons anos atrás. Esse virou lenda urbana entre os amigos, inacreditável.

Bem. Palavras vulgares corriqueiras resolvi com fone de ouvido pelas ruas. Libertador. Tenho um texto, tinha, acho que perdi, mas que era sobre isso, a salvação de não ouvir. Por fim, as histórias foram rareando, mas nem tanto se pensar no meu ex-psicólogo de 2020. 

Impressionante, e não, lembrar que um dos meus primeiros pensamentos ao ver, e receber minha pequena Cibe nos braços foi exatamente isso. Como protegê-la. Esse mundo é estranho né. A gente precisa desconfiar, e a gente precisa confiar, se não, não vive.

Mas a lembrança é outra. E engraçado que é por ela que escrevo. E não sei se porque lembrei da música, ou da cena, mas estou com isso há dias.


Desci do meu prédio e fui ao mercado comprar pão. Uma reta comprida pra chegar lá, e eu distraída começo a ouvir de longe,

Índia seus cabelos nos ombros caídos,
Negros como a noite que não tem luar..

Começo a pensar no quanto gostava daquela música. Fazia parte do repertório de cantarolagem do meu pai, Cascatinha e Inhana, né, e tinha aquela sensação familiar, doce.

Seus lábios de rosa para mim sorrindo
E a doce meiguice deste seu olhar...,

Seguia ouvindo, pensando no quanto as novelas estragam nossos afetos musicais. Lembro que tinha uma passando, ou reprisando, sei lá, que tinha uma atriz global bem branca num papel de indígena, bem estereotipado enfim, e tinha essa música,.. era irritante.

Índia da pele morena
Sua boca pequena eu quero beijar...,

Identifiquei. Vinha da obra, era um prédio que já estava alto. E quando eu estava na frente da construção, já era quase a plenos pulmões...

Índiaaa, sangueee tupiiii
Temmm o cheirooo da florrr
Vemmm que eu queroooooo lhe daaaar
Toooooodooooo meu grannnnnde amooooooor..

Engraçado. Muito engraçado a cena. E eu entendi também que era pra mim. E estava morta de vergonha. E é claro, em situações similares sei fazer um "nem notei, e um, nem te vi" como ninguém. Mas não consegui. Comecei a rir. E olhei pra ele láaa no alto, tinha um colega de obra ao lado, rindo também. Mandei um tchauzinho, foi o que consegui, e segui.

Foi lindo.
Mas na volta passei pela rua de baixo.

É isso.






segunda-feira, 5 de julho de 2021

quarta-feira, 23 de junho de 2021

eu vou | se ela dança, eu danço







 

mamãe dança comigo?
mamãe brinca comigo?
deixa eu sentar no seu colinho! x1000

não, não e não, em diferentes tons e qualidades para se explicar o inexplicável para uma criança... mamãe tem trabalho, e a filhinha precisa brincar perto, mas não junto.

nem é um papo original, nem apresento saída, se não tudo como é, além de uma impossibilidade intensificada. e culpa.

uma vez falei sobre o salto da pedra. ir de encontro ao que  de bom e/ou ruim pelo enfrentamento.

hoje falo sobre os três passos pra trás em caso de grandes impasses.
olhos fixos na situação, e bemm devagar retrai, volta mais uns passos, lentamente vá deixando,  deixa pra lá, bem no eu resolvo isso amanhã de Scarlett O'Hara nas últimas falas daquele filme, talvez.

 e quando estiver bemmm longe, ... 

Cibe, hoje é noite de lua cheia, vamos dançar!!!

e já podem cair aqueles confetes de fim de novela..
ou de começo de realidade. 


 








segunda-feira, 14 de junho de 2021

42 12 de junho e um som

 

com Christina Aguilera, que nem nunca tinha ouvido cantar na vida, acho, é  muita afetação, como muitas intérpretes, diga-se. Caetano, .. muito Caetano. sem ofensa, mas Julio Iglesias não gosto. Luis Miguel.., não era a que eu queria. aí depois lembrei, a que eu conheço de infância era a versão em português, claro, Trio Irakitan. era ela, e ainda é, achei. mas aí, como já estava imersa nesse momento.. continuei aqui e alí, até que achei o próprio compositor cantando, César Portillo de la Luz. então pronto, achei finalmente o que não procurava. já tenho um presente.




se  eu não tivesse nascido dia 12, acho que essa música aqui não seria possível. um dia antes, ou depois do dia 13, acho que já não seria também. maas é isso né, vou seguir ácida com minha data, mesmo quando não precisar [tem precedente], e ainda assim, derretida, que só.

mas não é exatamente uma música dedicada, está mais pra algo que paira, que sorri ou que chora, como suas afins, rasa, profunda o quanto se permite, um bom som de 12, já que desse dia não escapo.



sexta-feira, 11 de junho de 2021

Bel-Prazer, 1978

foi por medo de avião, que eu segurei pela primeira vez a tua mão, e eu tinha aversão do comercial desse disco que passava na tv toda hora, talvez compondo o álbum de uma novela. e não é que também agora ame, se não pra mencionar nossas revoluções internas e certezas como são bobas, olhando hoje. mas quando criança era muito, muito irritante. e o moço do avião nem era problema coitado. 

o que dizer de entre tapas e beijos é ódio é desejo é sonho é ternura, que minhas amigas de escola se juntavam em coro pra cantar? que ódeo. ou o que é que vou fazer com essa tal liberdade, se estou na solidão pensando em você (?). 

acho muito engraçado saber essas músicas, e perceber que ocupam algum espaço dentro de mim, e até afeto, quando conjugadas à momentos de vida, não pelas músicas, mas pelos momentos, mas que diferença faz agora, estão juntos. é o submundo da minha memória musical. uma mini fresta se abre as vezes, e meu gatilho hoje foi lembrar do clube da cidade pequena, aquele de piscina, sempre com o som bem alto. aí a trilha vem, e cola pra perturbar.  socorro Belchior.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

no meu quadrado | ou desvio de tarefa mode on

seria prepotente dizer que não caio na manipulação das redes.

e olha que nem vi o documentário lá. e olha que sou mega curiosa.
mas aí não recaio. acho que entendi quando senti sabe, algo não muito bom.

uma pena ficar cada vez mais cética, porque é um movimento contrário do que eu aprendi ao longo da vida,
que me adoçou, e me tornou muito mais crente em coisas que eu não era muito.

mas tô tranquila acho. o que é meu é meu, o que não é não é.
ficar na paz é divar no seu próprio espaço.


terça-feira, 8 de junho de 2021

pés de praga




                        10-04-21


tudo o que elas queriam é bem o que demorou. passou da hora até. mas foram pro chão finalmente. nada é garantia de nada, [e eu tenho que parar com essa frase e achar outra] porém, é isso. a gente curte o processo, estetiza. depois muitas vezes o que fica é só uma impressão, ou um registro,foto, texto. como é o caso.





domingo, 6 de junho de 2021

uma parte da escrita

exercício de retórica. texto como presente. palavras que precisam de saída, e destino. tangenciar problemas. passar o tempo. fazer rir, e rir é muito bom. entreter.  desviar do foco. enfiar um dedo onde não deve. insinuar. fugir. caminhar naquele fio invisível. equilibrar aqueles objetos que só caem, mas que ninguém se importa a não ser você. incomodar. acomodar. ser literal sem querer. parecer ficção, e não ser. escrever como quem apaga. ou ficar criando castelos, como agora.





sexta-feira, 4 de junho de 2021

coisa de fã


no caminho hoje pra casa, no carro, apertei um botão errado sei lá, essa coisa de rádio. e aí começou a tocar um Roberto Carlos. era uma daquelas anos 80 assim, que vixe, difícil de aguentar.

mas eu fiquei, continuei firme,  ouvindo, ... me imaginando ser uma pessoa fã do Rei, dirigindo um carro, e numa estrada também fã, um outro tempo, uma outra vida.

aí acabou a música e começou a tocar um michael jackson, juro. rádios..

porque me arrasto a seus pés? ... pra mim a música chama assim, mas acabei de pesquisar,

chama-se Desabafo.




terça-feira, 1 de junho de 2021

17:00h

hoje o sinal tocou em ponto, como sempre. peguei minhas coisas, e fui embora. o sinal tocou e eu senti uma emoção. é que mesmo ainda não tendo as crianças quase as ouvi, saindo comigo.

vida segue.



domingo, 16 de maio de 2021

sobre infalibilidade



em situações difíceis, desafiadoras, uma amiga muito próxima sempre soltava aquela frase.. "eu queria ser incrível, mas não consigo". e lembrar disso sempre me trás risos, e uma profunda identificação. eu também queria ser incrível, em certas circunstâncias, e passo longe. e eu adoro esse dar-se conta. e acho "bárbaro" uma palavra também dela, exagerada,.. que a gente não seja na verdade, e que a gente conviva com essa. e de repente tudo fica mais leve. 





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sexta-feira, 14 de maio de 2021

relembrar, não é sonhar

outro dia acordei me lembrando de um sonho que não sonhei, naquele dia.

ele era de anos atrás, recorrente até, mas não frequente.

basicamente uma onda gigantesca parada lá em cima, pronta pra desmoronar, ameaçadora, mas estática.

em uma das versões o mar se retrai, vaai embora e descortina cristais, conchas, perdidos, .. e eu fico deslumbrada com o que vejo e não consigo fugir, mesmo sabendo que estou na iminência de algo muito sério.

em outros me via submersa, e ainda viva. em outros tentando salvar coisas da casa. devo ter alguns deles anotados em papeis soltos, cadernos guardados que sobraram.

uma vez uma senhorinha muito sábia me recomendou anotar meus sonhos. eu obedeci por algum tempo, mas o que disse pra ela, é o que já disse aqui, não sonho muito.





terça-feira, 4 de maio de 2021

um exercício de olhar

e se eu convidar a Cibe pra fazer desenho de observação, será que ela descola um pouco do automatismo, da repetição das mesmas formas e histórias?

é uma tentativa de parênteses, algo pontual, o processo dela é legítimo de apreensão, assimilação das formas, se apropriando dos símbolos, dos signos gráficos, brincando, viajando, rindo, não há erro, só processo. mas então.. será?

pegamos lápis, prancheta, papel, e fomos. expliquei que ela podia tentar desenhar os vários tipos de folhas e mini florzinhas que ela estava vendo, a terra.. e ela começou a desenhar sua temática de sempre, que no momento é brincadeiras com a prima Jú. muuitos desenhos.

mas quando ela começou a ver o meu se constituir, ela ficou intrigada e disse que ia fazer também, láa pelo seu quarto desenho. e passou a observar as mesmas plantinhas. 

quando terminou sugeri que escrevesse seu nome, e ela então o fez. confesso que tirei o desenho rapidinho, antes que se transformasse em outra coisa. e então ela fez outros, híbridos. é que ela tinha muita vontade de se inserir com a prima jú, além de todas as formas de costume. foi gostoso. combinamos repetir.




 








quarta-feira, 28 de abril de 2021

gata escaldada


há uns bons anos eu escrevi um textinho. dizia assim:

tibum na rotina dos dias
ainda bem que não é na água
coisas de temperamento

mais um tempo passou, e então nasceu tibumm. pra isso mesmo, falar dessa imersão, mesmices, pensamentos, experiências. e já foram umas tantas, perdidas aí em capítulos, fazes de vida.

às vezes a bruna de hoje deleta a bruna de ontem, sabotagem, talvez, mas é parte eu acho, de se revisitar constantemente. é que alguns textos perdem o sentido, ou é você mesmo,  editando seu passado, escolhendo o que e como lembrar, pra se reinventar no que pode. processos.


* e sim, eu tenho medo de água fria. chego nela, fico muito tempo olhando, admirando na beira, as vezes sofrendo com muito calor, ou com muito frio, mas querendo chegar, querendo enfrentar, experimentar, me entrosar, me entregar de vez. não é simples, mas também é uma delícia eu seei, muito boom quando me jogo e permito essa dor e esse deleite no coro, esse acoooorda que a natureza te dá. com ou sem sal.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

no mundo da força, em noite de lua | dentro de si, a cena, ou, no mundo da força 2 | outra força |


porque as vezes é necessário se entregar a algo maior que você. descer às trevas de si, pra depois num carinho, retornar. ontem essa música me limpou e despertou. hoje sigo, um pouco menos do que estava, um pouco mais do que esperava. renovada as forças. sigo.




 




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dentro de si | a cena | ou, no mundo da força II

era um espaço todo verde, um interior de mata assim.

eu estava de frente para uma pessoa que eu reconhecia perfeitamente pelo corpo, mas o rosto era um blur, escuro, não tinha o rosto, mas sabia quem era. usava um chapéu grande de palha, aqueles com aba bem larga e uma camiseta amarela muito forte.

estávamos em pé uma de frente pra outra.

de repente essa presença na minha frente já não estava mais ali, estava agora dentro de mim, vibrava dentro. e a percepção era de que o que eu quisesse saber ou perguntar pra ela, era só perguntar pra mim. 

 

faz tempo. eu escrevi na época, talvez tivesse um ou outro detalhe a mais, mas não achei o texto. fui pela sensação dessa imagem, que é bem viva se você reacessa.

é o tipo de coisa que é como é, sem interpretar, verbalizar também não faz muito sentido na verdade, porque entre banal e corriqueiro, ou profundamente curioso, no fim das quantas, é como contar sonho, né, não representa.

mas ao longo do tempo essa imagem vem adquirindo camadas.
a maneira que li na época não é a mesma de hoje. 

essa presença na ausência, a presença em si. esse si.

19/10/21




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 outra força 

o que é realidade, o que não é? (não com essas palavras, mas algo assim em energia?)

e aí umas sementes começaram a cair no chão em um lugar indefinido que parecia escurecer, estava meio avermelhado assim, sabe.

elas até meio que pareciam de feijão, mas não eram, e caiam de um lugar que não se via do meu  ponto de vista, que era quase rés do chão. meu olhar estava entre uns matos crescidos que balançavam um pouco.

que é realidade, o que não é?

essas sementes assim que caíram começaram a crescer com muita velocidade, virou tudo uma floresta fechada.

o que é realidade, o que não é?

de repente um vento forte começou a soprar, e da direita pra esquerda do meu quadro de visão,  tudo se desfez  como pó, indo embora com o vento.

o que é realidade, o que não é?

mais um vento muito forte sopra e termina por levar o resto, ao que percebo que uma árvore fica.  estava escondida entre as outras, bem à direita, mas quando as da frente sumiram, ela se tornou visível. eu a vejo  com olhar de canto, meu rosto não se mexe, mas era um tronco apenas, muito alta, tinha  uma copa verde,.. e o vento insistia. dessa vez soprou mais força ainda e levou todas as folhas. fez de novo, e seu tronco envergou mais, mas permaneceu.  essa mesma cena se repetiu. e se eu perguntasse de novo senti que o vento tornaria a soprar naquela paisagem, mas sem mudanças. 


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escrever dá margem, outras relações, mas posso dizer que não entendi. ou posso manifestar um zilhão de perguntas e hipóteses. não adianta. a imagem é potente só sendo ela. deixa assim.


19/12/21




segunda-feira, 19 de abril de 2021

qualquer |ou| quem era eu em 2006

esse álbum não é meu, essa história não é minha. não fui eu que ganhei arnaldo como presente de um amor. ele não foi trilha, nem saudade, melancolia, ou algo de se lembrar. mas quando ouvi gostei. passei um pouco do ponto, sabe. e hoje é aquilo, um passeio rápido pelas ex-prediletas. 







as vezes acredito em mim mas as vezes não..
e a montanha insiste insiste em ficar lá, parada..
estou aqui de passagem, este mundo, não é meu..
toda noite lembra o que aconteceu de diaa..
se o pensamento duvidar, todos os meus poros vão dizeer..
talvez eu mate o que fui, talvez imite o que sou..
tá fazendo frio nesse lugar, onde eu já não caibo mais..


qualqueerr



domingo, 11 de abril de 2021

quando você tem que ir, quando elas precisam ficar | mudança II

você põe a semente na terra, a planta é sua?
há um tempo atrás fiz um texto sobre mudança que começava assim.

tem gente que tem lugar, precisa partir, e sofre com o que vai deixar.
tem gente que quer favorecer o que tem, e colocar as raízes na terra, mas se ressente porque sabe também, que um dia partirá.

tenho algumas plantas cansadas de vaso que quando eu penso em por no chão sinto essa melancolia, pena dessa despedida.

estou escrevendo isso porque estou prestes. e ao escrever sobre esse apego, eu me lembro daquela bruxa que pegou Rapunzel bebê de sua família, porque o pai dela roubou batatas de seu rico quintal para a sopa de sua esposa grávida (versão que a minha mãe contava). ou então aquele pai que se deu mal, perdeu sua filha Bela, que pediu uma rosa vermelha como presente de sua viagem, e ele só a encontrou no jardim de um homem muito severo e cruel. é cada história, infantil ainda, fala sério, mas... apego. pensando nisso, muito me admirei quando conhecemos na vida real, eu e Cibe, uma Fera da Bela, um homem fascinado por suas amoras. mas aí é outra história.

bom, eu não sou bruxa má, nem fera enfeitiçada, imperadores de suas plantas. e adoro tanto roubar mudas, quanto pedir, gosto de oferecer também, é assim que as boas histórias se formam, assim se aprende também, assim que você acessa esse fio de experiência vivida que as vezes extrapola o que é certo e errado quando se trata de plantar, ou se relacionar com a terra. e se é bom, ou ruim, é certeiro, você logo descobre. e segue no que convém ou não, construindo seu próprio caminho, enfim. com relação às plantas me ligo nessa história construída na convivência, na proximidade, nesse desenvolvimento mútuo e paralelo desses mundos, que extrapolam a questão do "uso", por assim dizer. é disso que falo, mais ou menos.

então.., estou prestes. vou entregar, vou deixar, e que esse soltar provoque as transformações necessárias, que tudo floresça, cresça, como nunca. que nosso jardim prospere sem a gente, já que em algum momento não estaremos mais no mesmo recorte de terra. mas estaremos no mesmo mundo. então tudo certo.