segunda-feira, 25 de outubro de 2021

um texto avulso


rabisco em papéis soltos, em sobras de outros cadernos, agenda nova, antiga, pra mim no whats, pra amigos, bloco de notas, arquivo de word, e-mail pra mim já fiz. onde está aquele texto, aquela senha,  aquela referência? boa pergunta.

eu amo encadernação artesanal. já fiz algumas oficinas até, é uma delícia, amaria um desvio desses, .. mas sempre me contive.

lembro sempre da Márcia, artista gaúcha que chegou no ceart para pós e  oferecia oficinas, grande maioria gratuitas, passando pra frente suas habilidades com diversos tipos de encadernação. uma generosidade muito linda, além de estimular as possibilidades do volume construído como espaço de arte em si. na época ela tinha uma pesquisa sobre livros de artista. bem interessante. fato é que ela contaminou muitos amigos. além dos cadernos dela que eram impecáveis, começaram a surgir outras pessoas confeccionando e criando marcas. sempre fui muito entusiasta, e assim comecei, entre presentes, ou os que eu comprava, os que eu fazia eventualmente, a acumular cadernos. acho que seria interessante utilizá-los, aliás, era exatamente esse o propósito.

que tipo de Bruna  eu teria que ser pra inseri-los no meu cotidiano. que tipo de texto, informação. o que é relevante, o que não é, como saber também se o que você tem a escrever, ou desenhar, vale gastar ou rabiscar um caderno tão lindo. difícil. às vezes pego algum, tento ainda. mas acho que sou isso, uma pessoa folha de papel solta e multi arquivos em todos os lugares e nenhum mesmo, e pronto. 

assim uma coleção foi se formando. e toda vez que escolhia um caderno pra usar, sentia pena, e achava que estava desperdiçando. percebi que eu não era uma moça de cadernos. eu tinha os cadernos, mas não era deles, ou eles não eram meus. mas eu queria, tinha apego, afeto, mas não acontecia. enfim. um dia me irritei e decidi acabar com a palhaçada. se eu não usava, iria me desfazer. tipo de conclusão nada típica minha, mas que resolvi colocar em prática, sei lá, pra me contrariar. fiquei aqui procurando outra razão mas não achei, a não ser porque desisti. gosto dos cadernos em branco. gosto de pessoas que escrevem e desenham em cadernos. foi por aí. 

então toda vez que precisava ou queria presentear alguém era aquela reflexão, qual partiria. um pouco doído, mas era assim, e ainda é. esses dias estava mexendo em algumas caixas e me dei com alguns deles. quero colocar aqui umas imagens, já faz tempo até, só não sei quando. muitos já foram.  uns serão da Cibe, outros ainda irão.

e uma hora vou fazer o mesmo com os livros.