queria, devia, nunca vou ler, pode que tu leia pra mim, ia adorar, mas eu sei que não vou, mas sou grata a uma postagem que vi dela um tempo atrás e que teve o poder de colocar a casa um pouco mais em ordem, com relação ao meu ponto, minha referencia, minha linhagem no mundo hoje.
eu sou filha do Brasil, filha do presente, fruto da consequência, .. eu sou o caso de sucesso, o clichê, a massa desforme. isso me ajuda, aquieta, me centra.
não é vitimismo, é só poder verbalizar verdadeiramente o que se é, e tudo bem.
quanto a menina do Partitude, não posso criticar, tenho alguns poréns, mas são insignificantes já que não estudo isso, mas dentro da superficialidade do que vi, do pouco, de alguns relatos manifestos, comentários da página, bateu em mim, forte. tem eco.
com uns 16 anos um rapaz negro, um amigo até, trabalhava comigo numa pizzaria, e era meu monitor. era engraçado, bonito, eficiente, uma figura mesmo, e gostava de me passar umas cantadas as vezes. tinhamos mais ou menos a mesma idade. eu lembro que no trabalho ele tinha uma seriedade, ele não brincava, e tinha algo genuíno, um dom, de se dar bem com os gerentes e com os pares. admirava isso nele.
sempre que podia, ele fazia alguma investida, mas também ele vivia dizendo, em diferentes momentos que mulher negra é pra casar, a branca é pra trepar.
embora ache a reversão digna, e admirasse também a posição de valorização de sua cor, e de se tratar de uma resposta, à tanta objetificação, histórica, não quero problematizar o ponto dele, machista inclusive, e lógico. quero trazer o meu.
mulher negra é pra casar, a branca é pra trepar, beleza. mas se ele soltava isso até pra mim, e acho que ele não me via exatamente como branca, porém incluída no "descarte," o que eu era?
e eu era tão bobinha, estava literalmente nas minhas primeiras interações sociais.., achei bem agressivo, na parte que Me compete achar.
e eu completamente rejeitava, tinha horror de verbalizar que era, ou poderia ser, ou que deveria me reconhecer como parda. palavra feia, com valor de condenação. a nada.
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no início de 22 eu estava animada, queria
que fosse um ano de estudo, achei que fosse dessa vez que fosse consumir um
curso, e aproveitá-lo, assim como revertê-lo na minha escola, o mínimo que eu
posso fazer né. que nada bobinhos, foi é uma continuidade de uma ladeira que eu descia, pra chagar hoje bem assim como estou, sem adjetivos. mas pelo menos tentei..
me inscrevi em tres cursos, e agora posso
ser maldosa ou injusta sem querer, então não quero, inconteste a categoria dos profissionais e artistas
e pesquisadores, sei lá, conteúdo é conteúdo, pessoas incriveis, mas eu
novamente quero falar da minha apreenção.
a lei 11.645 08, não é isso? eu sempre me
preocupei, com essa defasagem na minha formação, e no buraco instituido por ser
e estar, nessa educação de pessoa comum, com babá TV, e valores de consumo,
sofrendo pelo eu queria, e crescendo não pensando muito mais do que o
básico, preciso me sustentar, colaborar com meus pais, ter uma vida mais fácil.
eu sofri, e isso parece muito idiota de
mencionar que eu sofri, e levei mais de um ano de atraso na minha formação, sem
conseguir decidir por outra coisa, sendo que não queria dar de novo o desgosto
e a incerteza de fazer Artes, já que meu irmão mais velho tinha dado anos atrás
com a mesma. eu assisti esse filme em termos, não queria sentir de novo, comigo
na vez.
até que minha mãe disse por si, como se a
ideia fosse dela, porque você não vai lá e faz Artes, você não gosta? ela me deu
anistia, eu vivia um tormento. e olha onde estou agoooora! ironia tá. não quero
isso aqui, essa reflexão não é pra agora, esse vim vi e venci é pra
outra hora.
voltando. num desses cursos o historiador
abordava o termo Decolonização, proveniencia e tals,bibliografia. ele se apresentava como
indígena, estava em processo de ...-=--´esqueci a palavra que ele usou, assim
como outros ali, que tardiamente estavam podendo remontar sua historia e se
reconectar com sua ancestralidade direta, povo ect, seria algo como um reintegração.
achei muito legal, fiquei feliz com os relatos, porque muitos como eu, não tem
pra onde voltar, não existe como, a história é pó faz tempo.
claro que se eu quiser, nacionalidade que se
diz, esqueci, aquele de descendencia italiana, e tiver bastante dinheiro, eu consigo com o Mansani do
vô Sílvio, olha que coisa. de resto..
e de resto desse curso, eu não terminei,
larguei no meio, mas fiz algo que tá difícil de esquecer, fiz algo que eu
detesto, confrontar realidades horrorozas, seja em filme, relato, enfim, não
sei lidar com o que me piora, mas acabou que li aquele doc. da ditadura, o
Relatório Figueiredo. sem palavras, como se já não bastasse tanto, e claro que
ninguém é inocente aqui, sempre teve, e tem ainda agora, mas ler aquele condençadinho de desgraça tão perto de nós, uns aninhos só de ré, que bosta.
o outro curso...
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eu não vi direito, não era o que eu queria. eu precisava pontualmente de referencias que eu gostasse, queria ouvir sobretuto, deglutir, e ficar quieta no meu canto. mas ao me inscrever no curso da artista indigena Moara Tupinambá, na verdade, estava, e teve inclusive uma seleção, e nem me dei conta fanzendo isso, de que se tratava de uma vivencia criativa, voltado também para desenvolvimento de poética, com a interlocussão da artista, e dos pares.
foi dificil, importante pra mim também. nesse, meu senso de responsabilidade soou, e eu não me permiti abandonar, embora já estivesse completamente sobrecarregada com minhas coisas, razão de ter deixado o outro continuar sem mim. eles aconteceram mais ou menos concomitantes.
amei o conteúdo, a fortaleza e propriedade de Moara, adorei conhecer seu processo e suas pesquisas, assim como referencias. o que eu não queria, até porque não podia, e porque desisti disso, era criar, ainda mais por obrigação, no sentido que se tivesse entendido isso antes, não teria me inscrito.
vendo assim, melhor não ter notado mesmo, e ter feito. consegui alguns diálogos que gostei, especialmente na parte de texto. se bem que a m e i aquela onda de giz. até já postei aqui, tempão atras.
marcante pra mim foi que na seleção. na inscrição, até pelas cotas, a gente era obrigado a declarar cor, e na época, eu me senti muito irritada, com um desgosto muito grande de ter que usar essa palavra Parda que é um combo neutro, indefinido, um grande nada que não fede nem chêra, a vontade é que existisse outra palavra sabe, outra categoria, mas na verdade, de fato não é a palvravra em si, se não o que representa, né, sei lá.
não se engane, sinto bem boba em expressar essas sensações e conflitos, que são pra mim, no ambito da relevância da hora do Brasil, e mesmo dos meus Problemas de verdade, nada mesmo.
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o terceiro curso era bem longo, e era uma formação sobre cultura negra afrodescendente, matriz curricular da prefeitura, a lei local, e a nacional, e as diferentes blibliografias e facilidades para aboradar esse conteúdo na sala de aula em diferentes idades.
eu assisti o começo, e voltei no final para apresentar o que tinha feito, acabei apresentando o trabalho dos carimbos Adinkra, foi legal. mas a sensação nesse curso era, e não julgo, Me julgo, era de que, se o proficional hoje não aborda esses temas-lei em sala de aula com a recorrencia que deve ter, é porque não quer, está sendo displicente, incompetente.
eu não me senti acolhida e instigada, senti o peso da cobrança, e o que isso me gera é ruim, não sei, é bom se move, mas é ruim, meu viez é outro pra estimular alguém, aí juntando a cobrança externa com a minha. ..., meu estômago tá estranho num crescente, algo assim.
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mas a Bruna de hoje está mais acentada, bem colocada em sua posição, acompanhando os pega da geral, as mudanças de paradigmas, vendo as discussões da platéia do meião, administrando pesos, tentando fortalecer quem merece, e já é.
porém antes disso ainda tenho que lembrar, meu peso mesmo é pena, já que minhas preocupações esvaziam meu conteúdo de energia pra qualquer coisa.
pode que eu Já seja um caso perdido, auto consumido.
rezo que não.