domingo, 31 de maio de 2015

!devires..



Tinha acabado de desistir de um curso de Turismo e Hotelaria no SENAC, nos estágios. Fiz todos. Agência de turismo, cozinha, hotel.. lá dois anos se foram, .. para muito pouca coisa. Se fosse resumir, conheci meu primeiro namorado e amor, e aprendi sobre um pouco da história e cultura de Florianóplis e Santa Catarina, estado ao qual havia chegado em 94 com a família, e conhecia realmente muito pouco. 

Quando entrei para o curso técnico, havia acabado de desistir do trabalho, fui desistida na verdade. Descobri em 9 meses de trabalho que não era tão boa assim como funcionária de fast food, mas adorava as pizzas =]..

Quando entrei para pizzaria, havia acabado de desistir do ensino médio. Estava iniciando o segundo ano, logo após dois primeiros. Estava difícil naquele momento e naquela idade. Eu não tinha nenhuma perspectiva de futuro que me motivasse, e parecia que para mim era importante encontrar um sentido para continuar, pois era desesperante estar entre aquelas pessoas de escola. Tinha que ter um sentido, mas não conseguia encontrar. Não sabia o que seria ou faria depois, .. ter pressa para cair no grande nada das inseguranças e indecisões? 

Cheguei para minha mãe e avisei que não ia mais para a escola. E nem para nenhuma até completar 18 anos e poder terminar mais rápido em supletivos... Já fui completando que ela podia gritar, brigar, me bater, mas não iria mais. Disse que iria arrumar um emprego, iria fazer cursos enquanto isso, e tão logo pudesse me matricular terminaria. Não sei bem com que cara, com que convicção, mas minha mãe, porta voz e extensão do meu pai nas tomadas de decisões, e pessoa muito preocupada com a formação de seus filhos, para meu espanto, aceitou.

No meu primeiro emprego aprendi  a me comunicar, me relacionar com algum profissionalismo com as pessoas em geral, estendendo meus limites por necessidade e objetivos. Tive meus primeiros amigos, femininos e masculinos. Comecei a fazer planos, gerir interesses com fomento próprio e, pela convivência estreita, aumentei meu horror por shoppings.

Com meu seguro desemprego, fiz aula de dança... 

Quando minha mãe me convidou para fazer o curso técnico com ela as aulas estavam em andamento, turma semi-formada, eu havia acabado de terminar o ensino médio como havia prometido, e ainda vagava no grande nada das dúvidas... Lembro que um dia daqueles até pensei em fazer Artes Plásticas, mas já tinha um irmão cursando música, eu me sentia culpa em escolher também algo tão subjetivo. Aí aceitei fazer o curso técnico, foi divertido..

Enfim mami disse, depois de algum tempo, quando rateava e não entregaria o relatório de estágio pra me certificar.. "mas porque então você não faz vestibular para Artes Plásticas?" Entregou a anistia e a motivação para outro rito, o vestibular.



O simpático fotógrafo disse "dá um sorriso feliz, pensa que você já passou!" 

O resultado saiu antes da data, fiquei sabendo pelo rádio, não sei se ainda fazem isso, mas estava lá parada ouvindo com mami. Logo que soube liguei pro meu pai no trabalho. Acho que ele não botava muita fé, foi tudo muito rápido, mas lembro que ficou muito orgulhoso, essa conversa é muito vívida pra mim.

Muita água passou... Depois de graduada, recém solteira, prestes a defender minha dissertação de mestrado, que era minha, mas também nossa, pois, compartilhava um capítulo escrito a quatro mãos com a agora figurinista, um amigo, na loja de acessórios vintage, fez a foto histórica. 

As Artistas se tornariam Mestras na data da legenda, e esta deveria de ser a imagem instaurada. Auto-motivação, "façam pose de Mestras!"