A Bruna ganhou um sapo. O presente, era promessa e também desejo. Um príncipe amaldiçoado, solução em potência para uma convivência penosa entre amigos, com uma broken heart insuportável e niilista.
A receita era simples, mergulhe o sapo na água, ele derreterá como vitamina C e então... “felizes para sempre!”. E todos estariam bem..
Desconfiada do destino, se apegou ao sapo. Anos se passaram no limbo, postergando e desacreditando, segura, com o sapo na prateleira.
Aí um dia ela se apaixonou. O ser amado era calado, hesitante, meio subnutrido... mas, muito vivaz nas ideias. Animado em tecer planos não viáveis para o presente, muito sedutores, era seguro da ideia de Nós.
Depois de um tempo feliz, continuava um feliz diferente. Não era como antes, não mais, não menos. Outro tempo passado, o que tinha também já não tinha sido, sem mais do que tinha, nem menos, mas com outras palavras.
Um dia na arrumação da casa ela encontrou, caído num canto, o velho sapo companheiro. Num repente, o tacou num copo d’água, haveria mesmo alguém alí? Nada a ver com a vitamina C, formou-se uma placa mole, desforme, grudenta que teve que cavar para então confirmar...
Algo meio calado, hesitante, subnutrido e quase disforme. Para mini-príncipe era um ótimo sapo, pensou, contudo, inserta ainda do destino e determinismos da vida, ela o colocou no lugar do sapo, na estante.
Seu ser amado passou por ali, em outro momento, não reconheceu aquela peça mirrada e, inseguro, jogou a peça em direção aos vasos do jardim. Isso foi um pouco antes das chuvas.
Desde então, não parou de crescer...