sábado, 5 de dezembro de 2020




estive pensando na historinha do deus da oportunidade que minha mãe contava. nunca esqueço dela. é meio que uma sombra, uma assombração na verdade. um desconforto, sempre penso que sou campeã em sentir o vento de seu vulto. e quando acho que o vi, é exatamente aquele momento em que sinto, bruna você perdeu de novo, deixou passar, trouxa. quantas vezes, quantos assuntos. 

minha mãe sempre contava que a gente tinha que ficar muito ligado porque o deus da oportunidade é um monge que passa ventando na nossa frente. é necessário segurar nos seus cabelos e voar com ele.., só um reflexo, se hesitar, e já era. se foi.

claro que tem os dois lados. quando você sabe que não está incursionando em algo que foi feito para você, dá essa ressaca. agora, se você observa uma chance e não vai, e se ela até passa de novo, mais sedutora, mas você ainda assim não vai, por pouco, falta, ou outro interesse mesmo, vai saber, .. então está certo, melhor não ir.  é até um bom gesto. 

e então estou aqui, entre papéis, enrolando um pouco, pensando. nisso. aproveitar uma oportunidade. todos os contextos ultimamente em que vejo essa palavra me suscita algo positivo demais, restrito e competitivo. só de pensar em me projetar para uma situação assim já sinto rejeição imediata, off, cai a chave. mas talvez isso precise ser repensado. e mesmo o entendimento de oportunidade precisa ser repensado. porque se não não tem a positividade da palavra, leveza, clareza, assertividade, objetividade. talvez não seja, não é. tem mais cara dee,.. isso não é pra você? e ao abandonar, não há que gerar frustração. mas é difícil.

oportunidade como uma palavra ascendente. não publicitária, a qual você não compete, porque conhece, e confia porque é seu. aquela que você recebe nas mãos do nada, como um retorno de algo que você nem sabia que estava procurando, ou à altura de receber. é bonito sim. é bonito assim.