sábado, 23 de julho de 2022

skills

 

pensa em todas as coisas as quais eu fujo pra estar aqui.
se eu estou aqui, é porque tem algo importante que não estou sabendo resolver. e se é assim, valorize Brasil, um pouquinho, meu tormento. só rindo.., e vamos de historinha.

outro dia convenci uma pessoa que não precisa dar aulas, a me dar aula de violão. na verdade estava atrás de indicação, mas aí, ganhei de presente o prof. mais querido que poderia, amigo antigo, não muito próximo, mas de valor.

então, .. e quando alguém pergunta "você toca algum instrumento?" não. "você toca violão Bruna?" não infernoooo. sempre respondo com muita delicadeza claro. mas é isso. um recalque feeio. nunca me esqueço de quando eu era pequenita e foi me dada a opção, preferi aulas de desenho. saco de vida.

preguiça de ter aula, preguiça e impaciência de tentar fazer algo que já era pra eu ter feito há tempos, gastura, mau humor, e claro, assim como estar aqui, desvio de tarefa, bem grandão também, culpa.

já tentei algumas vezes fazer aula, muita gente toca à minha volta, então aula 01 já tenho coleção, todas bem diferentes, engraçado. no início da pandemia troquei meio vidro de óleo de cannabis por um violão com meu irmão mais velho. adoro ele, e a forma que veio pra mim. e aí de vez em quando tentava tirar algo. mas essa coisa autodidata já foi mais presente em mim, atualmente acho que ando carente, quero alguém pra trocar, se não parece que não anima muito, especialmente nas partes mais chatas, tipo, harmonia.

acho que nem digo que toco nada, e nem digo que tô aprendendo. só acredito em mim depois de alguma constância, porém na verdade só queria é contar as coisas estranhas mesmo.

estava ele me ensinando coisinhas, falando de acordes, coisas das mãos, braço do violão, tal, aí me ensinou um ritmo de samba, treinei um pouquinho, aula segue.. mais pro fim ele disse que ia deixar uma música comigo, pra eu estudar. ".. de tannto levar, frechada do teu olhar.. .., conhece?" "conheeeço sim, gosto." animada por fora, mas com tédio interno né, ando muito "crente" em outro viés de músicas que nossa, pior que meu irmão Léo nas épocas dele, mas tá. achei que era isso, não quis induzir, porque sei que o que virá dele é exatamente o que eu preciso, tendo em vista a área que a música atua na vida dele.

treinei um pouquinho mais, ele explicou outras coisinhas, voltou pra segunda parte da música pra dizer que mudava poucas coisas, e começou a cantar. quando ele começa a cantar e tocar, levo um sobressalto, e começo a chorar. pausa pro chorar. que vergonhaaa. mas cara.. de repente senti muito forte a presença do meu pai, e fui levada pra todas as vezes que ele cantarolou essa música na minha frente fazendo suas coisas, cozinhando, ou na varanda vendo a chuva. as vezes eu cantava com ele também, aquelas memórias perdidas que nem minhas fotos, na bagunça da minha cabeça. 

nada disso veio quando ele apresentou a música, o tédio veio, a lembrança não. aaaai, pedi desculpas, contei pra ele que a música era especial, mas eu não me lembrava o quanto, e que simplesmente, .. foi sem querer. pro meu papi, prometi que ia aprender a tocar bem bonitinho pra cantar pra ele. e ao longo do dia, toda vez que lembrava ou que ia contar pra alguém eu chorava de novo. uma energia muito forte do Matiínha que adorava Elis. e olha que nem sou muito saudosista não, não tenho muito isso de grandes saudades, lamentos, e tenho uma relação muito natural com sua partida.  quando eu quero falar ou rezar, eu faço e é tranquilo pra mim.

enfim, música tem poder nas entranhas.


eu simplesmente a m o esse desenho. mas advinha? não pus data. ai aai, mas é desse ano



* agora podia contar a segunda parte das emoções dessa aula, que foi quando na hora de ir embora meu carro literalmente quase caiu da rua em um dos morros da vargem né. humm, melhor não.