quarta-feira, 11 de novembro de 2020

para conviver, não para colher

 

sabe aquela florzinha bem pequininha, rasteira, igual a todas as outras, suas irmãs?
elas se espalham, sobrepostas, são forração, estão nas frestas, terreno arenoso, fazem composições aleatórias com outras florzinhas, podem ser branquinhas, amarelas, vermelhas, rosinhas.

se você olha de longe são pontinhos, se você olha de perto, são estrelinhas, são peludinhas, podem ter desenhos reconhecíveis e aproximados.. parece papoula, parece uma rosa, parece uma orquídea,.. longe disso.

elas não saltam aos olhos, não são presente, não servem no comércio, nem pra exposição, pra modelo de nada. sua medicina é irrelevante, talvez, sua historia muito recorrente, mediana, mato. 

se você colhe, murcham quase imediatamente. nascem pela manhã, descansam no fim do dia, voltam ou não no outro, e de novo. 

mas elas estão sempre ali, e é ali que elas gostam de ficar. não tem expectativas, nem dentro nem fora, e nada lhes é pedido. estão sempre presentes em seu habitat, quietas, entretidas em viver e reviver. 

sobre as belezas e simplicidade de apenas ser, em viva conexão, mas fora do circuito e manipulação de outras redes, por ser o que se é.