quinta-feira, 12 de novembro de 2020

uma questão de gênio | coisas do passado

 

ela tinha uma amiga, conviviam, moravam próximas. mas a amiga era inconstante, geniosa, e de vez em quando parecia se sentir bem em depreciar seus amigos, como dizer, fazia isso para se sentir melhor, ou mais importante, difícil explicar. isso começou a incomodar, e embora gostasse da companhia da amiga, começou, mesmo, a incomodar, pelas tantas vezes em que relevou, mas não gostou. até que por fim, chegou a última vez. aí o que aconteceu? ela simplesmente nunca mais falou com essa amiga novamente da noite pro dia. desconhecidas. sem explicar, sem tentar ouvir ou dar uma chance, nada.

e esse aliás, era um mecanismo de delete que se repetiu muitas vezes na vida dessa menina. e ela não se orgulha, ao contrário, isso a magoa. porque ela sofreu, as outras pessoas sofreram, e, em alguma instância, ela sente que as situações (algumas) e pessoas (algumas) poderiam ter olhado e/ou agido diferente a partir de uma clarificação do problema, porque tem eventos, práticas por temperamento, que poderiam ser passíveis de mudança, porque as pessoas eram mais importantes que os atos, entende. mas mesmo que não fosse, seria importante expor, .. enfim. cada caso é um caso, por certo. esse, é um arrependimento.

essa menina em questão tinha poucos amigos, e essa vizinha era uma estrela, tinha humor, via a vida de um jeito muito diferente, inspirava até, em seu tom positivo. no seu tom negativo, bem, soube tornar esse período de conviver sem conviver um inferno bem sentido.

e então veio a mudança de cidade, de estado. nos despedimos até. ela quis se despedir, apesar do acontecido e dos acréscimos. foi um pouco triste. 

com o tempo, essa menina foi deixando essa rigidez em teste, questionada, vamos dizer assim,.. experimentando maneiras diferentes de lidar com os conflitos na vida. uma medida precautiva, pra não morrer mesmo, isso sim, sufocada pelas palavras que não disse. além do que, descobriu com surpresa que, pode-se surpreender muito, quando você descortina as informações, para além do que se supõe.  

.

tem tempo que estou com Júlia Ana na cabeça. 

tô com o Alan também, menino do terceiro aninho que eu joguei o apagador na cara só porque ele duvidou que eu jogasse, e provoquei muito sangue.. mas aí é outra história.  ..da bruna da terceira pessoa, que eu não reconheço, e que no entanto, habita em mim.


* aeeee que post velhinho, na sensação. hoje já tô pensando que minha reativa para com a amiga, não foi a melhor, mas talvez, tenha sido o que ela precisava para repensar sua conduta. e se não o fez, quem sabe ao ser confrontada pela incompreensão, em algum momento tenha sentido meu lado, ou o lado do outro. vai saber.., tem gente que tem muita dificuldade nessa prática. hoje não sinto arrependimento não.

*faz tempo que arquivei esse texto, e toda vez que o leio sinto que tem problemas, e não consigo saber qual é. pode ser que por ele ser o que é, já contém o incômodo né. fazer o que. vou deixar postado e pensar. e sabe-se lá quando, talvez volte de novo, no 'arrependida sim' de minhas fazes.

21/07/22