quinta-feira, 22 de junho de 2023

lost

eu tenho uma lembrança que é esquisita dos grandes plantios que cercavam as cidadinhas que eu morei na infância.

era tão natural, não tinha urgência, nada tinha. como é que eu ia saber, mesmo que me dissessem na época, que era pra eu  aproveitar mais, que sentiria saudade do que quis, e não fiz?

quando você começa a ficar muito reflexivo do passado acho que é sinal que seu presente tá encrencado. e talvez você procure então os erros, ou os velhos acertos, tentando desenosar algumas veias pra ver se flui, pra ver se chega no presente um sopro de entusiasmo pra recomeçar. eu sou dramática. sou, e pronto. 

fazer isso de mãos dadas com uma testemunha, com alguém que vai te perceber, questionar, problematizar os sentidos.., é um saco.

mas de vez em quando permito que Germano faça essas voltas comigo. ou ele que se insere, me incentivando, animado para perscrutar fontes, nascentes, e passear distante, loonge daquela salinha branca sem janela.

e faço isso com o sentimento de que não sei o que pode ter lá escondido, esquecido, representativo de algo que valia a pena, a não ser como um olhar de trajetória, sem granndes eventos na verdade. 

só que eu não tenho nostalgia, saudosismo de infância,  lembrar e me dói, sinto rejeição do quanto era difícil ser eu, e do quando eu não me gostava, me cerceando sempre de coisas que eu queria, por que não conseguia me jogar, horror da minha aparência, peso, vestuário, tudo. e não só, mas..

tava querendo aqui destilar um veneno. minhas insatisfações com tudo, ainda hoje sendo o que me adoece, e não sabendo como não ser, porque nem sei direito as escolhas que eu fiz, o rumo do erro sabe. que que eu fiz, certamente eu não sou uma vitima, mas cadê, onde tá esse avesso, cadê.

mas não vou reclamar muito não, nem ser muito cética apesar de desgostosa com relação ao presente. minha sensação de tempo decorrido ainda tá terrível. parece até que faz muito tempo que não escrevo algo aqui. já é junho, daqui a pouco julho e eu não vi, nem senti. 

mas estive sem assunto, sem nenhuma graça pra partilhar,.. aí ouvi uma música antiga. ia  falar dela, aí não falei, e agora também não quero mais falar. 

e vamos de malumor.