quinta-feira, 6 de julho de 2023

achismos de uma profe

 

Brubi minha aluna está fazendo uma pesquisa com professores. mas não tem tido resposta. responde pra mim, você gosta de escrever vai.



a menina parece eu, enrolou mil anos e só enviou o email ontem a tarde, e só pude responder agora, correndo ainda. e lá vai eu, lembrando que estou sem compú, e é um saco fazer esse tipo de coisa no celular. masss, amigas, né.

* bemm amiga, porém, se não estivesse de licença médica.., ia passar batido tranquilo.

ando estranha, poderia ter mencionado o afastamento e ter tocado terror geral, mas toquei um pouquinho, já que estou falando da realidade do público da minha escola. que aliás, ela não perguntou qual era. mas também não muda laaaa aquelas coisa também não, em outros bairros e escolas. mas atenua bem.

quero deixar isso aqui. mais um passinho em direção à escola.





Questões:

De acordo com a sua perspectiva, quais os principais desafios da profissão?

Desafio burocrático
Desafio de adequar teoria x prática
Desafio de seduzir, envolver, interessar seus estudantes entre prática, teoria, reflexão. Mesmo que sejam 31 alunos com temperamentos diversos em espaço de  sala comum, e só você com eles.

Como você acredita que a arte atravessa os processos educativos?

Que processos? Mas a arte é uma faceta importante da educação, uma maneira singular de expressão, que difere em tempo, cultura, pessoa pra pessoa. Tratar de singularidade, expressão criativa, repertório específico da área, exercícios de interpretar, ler, refletir, ponderar. Tecer relações entre passado e presente. Ou implicações do contexto atual sobre a criação contemporânea. São aspectos que de algum modo, pra uns mais, ou menos, dependendo da especificidade de cada um, são absorvidos e sim pode compor, trazendo camadas, profundidade, argumento e possibilidades criativas, com as outra áreas da vida.

Qual a sua principal motivação para ter chegado à essa escolha de vida artista/docente?

Não colocaria motivação, se não consequência. Estudei licenciatura, e eventualmente parei na sala de aula. Uma vez lá, passei a tentar dialogar com esse contexto de forma criativa. Não sou exatamente um caso de sucesso, no sentido que nem tudo o que se quer é possível entre tempo, dinheiro, material, locação, burocracia, temperamento dos estudantes, horário de aula, planejamentos de várias turmas, etc. Algumas propostas saem a contento, outras deixam a desejar. 

Como lidar com a dissonância entre seus próprios ideais de educação e a realidade do cotidiano escolar?

Do professor com relação à educação em artes, né? Assim. Eu diria para uma aspirante que ela precisa antes de tudo saber lidar com a frustração. São muitos aspetos que levam a situações positivas ou não. Ter em vista que seu conteúdo não é o mais importante. Passar a aula em conversa, contornando conflitos, e /ou fazendo com que acordos simples sejam cumpridos, construir uma rotina com eles pode fazer diferença. Por vezes as demandas e necessidades dos estudantes são tão pungentes, que seu foco, do profissional, não poderá ser apenas cronograma e planejamento. 
A realidade do cotidiano escolar especialmente hoje, é a realidade e fruto de nossas escolhas políticas. Se existe fome, violência, abuso, maus tratos,  desemprego, tráfico, dependentes, facções de bairro, etc., isso reverbera em sua sala. Perante o descaso, morosidade, complexidade talvez de alguns casos, convivemos com situações na escola, onde sua área de atuação não é significativa, sua humanidade sim. Um chingamento pode ser um pedido de ajuda sabe, e sua atenção de hoje, é o vinculo de amanhã. Através da afetividade, talvez, haja possibilidade de se relacionar melhor, e chegar a produzir algo. Enfim.

Para você qual a principal função de um/a professor/a de artes?

Estimular a criança, o estudante a ver a sua volta, agregando algo da complexidade de sua área de atuação, no meu caso artes visuais, possibilitando informação, vivencias, referencias e experimentação. Não esquecendo que antes de ser professora de artes, você é professora. Se não fizer chamada, avaliar cada estudante com o número correto de trabalhos acordado nas reuniões, incluindo comportamento de cada estudante, faltas, se não entregar planejamentos na data, preencher os registros e planilhas on line, estar ligado no cronograma escolar, seus direitos e deveres como profissional e os do estudante com relação ao PPP da escola. Se não for minimamente politizado, a ponto de ter senso de coletividade,  e defender a sua categoria, reivindicando valorização, reconhecimento, concursos, mais escolas, menos estudantes por sala, materiais de qualidade (...)  e todo o complexo necessário entre Assistência e Saúde, para termos cidadãos mais saudáveis em nossa cidade, vai dar ruim.


Boa sorte em sua pesquisa e estudos.
Até!
BrunaM