sábado, 27 de abril de 2024

..uns tantos de anos depois..

 




umas páginas antes, ou são outras depois, não faz diferença, porque somamos tantos ontens, e tantos amanhãs, que deve ser por isso que o livro escangalhou-se todo.

e são tantos raios decepantes e neves, pra suportar, e também tanntos passarinhos e brisas, numa matemática infinita, cíclica, que te encorpa, te faz uma família num ser só, de tantos agregados, entre líquens, ninhos, fungos.. que somam, e fazem casa, no seu próprio ser.

dependendo de sua espécie ganha vista, se não, é proteção, cobertura.

a experiência te faz vô, vó, o tempo te faz o dono das histórias, o expert do exemplo preciso, e também do encorajamento, afinal, para além das  cartas marcadas é preciso saber a hora de ousar. e o olhar contemplativo de uma árvore pode ter isso, a perspectiva. 

resiliência ela já tem.

enfim..



a família se espalha e se integra num espaço de natureza que me parece, é um corpo só, nascendo e morrendo em si. sempre criando, e aniquilando, espandindo e absorvendo.



tô viajando aqui.

depois corrijo..

mas nas últimas duas semanas estive bem próxima desse livro, e nem dei por conta.


é que eu estive ensinando o quarto ano a fazer  ramificação de galhos em desenho. em "U" e em "V", bem fofo, adoraram.




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acabei de lembrar daquela trilha para o Moçambique que eu nunca faço quase, maravilhosa.

na verdade eu fiz um dia numa virada de ano com a Cibe e duas amigas, bem atípico pra mim. além de algumas outras poucas vezes ao dia.

e até devia fazer mais, porque é de uma beleza tão grande, que dá até pra esquecer desse prato principal que seria, chegar à praia,  se perder, e mesmo nunca chegar, perdida numa esquina de mato qualquer., saudade.


e esse caminho logo chegando na praia tem uma paisagem de árvores deitadas pela ventania habitual do local.

as árvores são deitadas, até se arrastam pelo chão, era  pra estarem em pé, no entanto estão deitadas., congeladas pela constante força do vento.

o que é fulgaz, banal, previsível tipo, o vento sopra e a árvore se inclina, algumas quebram mesmo inclusive, mas, essas não, elas se inclinaram tanto, sempre, e tantas vezes e por tanto tempo..

olho pra elas, que me dizem, quer morar aqui? não tenha dúvidas,.. venta

e agora elas têm o movimento congelado na forma né, inclinadas com força e tempo, como quem não quer e faz força constante contra, tudo muuuito devagar. 

não quebraram né, foram moldadas, se adaptaram e construíram uma passagem única pra mim. 

que coisa..

louca.



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tem uma artista..

Gabriela Albergaria, que tem um trabalho interessante mesclando fotografia e desenho.





dois exemplos...
claro que eu gostaria de mesclar contemplação, vivencia, mato, caminhada, mas, mil mais viu.

e porém, contudo..




resolvi falar do Guarapuvu com os do quartos anos. 

comentei o fato de ser uma árvore símbolo da cidade, famosa pela madeira de canoa açoriana que não é açoriana é indígena. mas que por causa deles correu ou ainda corre risco por aqui, e ganhou lei. 

conversamos sobre como ela enfeita os morros. prometi lembrá-los de quando ela florescer, pedi que se eles vissem primeiro me avisar...

o trabalhinho ficou foufo.



tô aqui viu, tentando organizar. mas já quero é dormir.


Ditado de desenho, galhos em "U" e "V"

aqui entra o Bruno Munari inconsciente, e se eu tiver que dizer para alguém em algum momento, nossa, foi super pensada a referência.

intuitivamente até foi né.

o ditado de desenho é uma prática engraçada eu gosto de fazer com eles.

eu digo que a prof de sala faz ditado de texto, enquanto eu faço ditado de imagem..

então nesse caso como percebi que muitos tiveram dificuldade no exercício do Garapuvu pra fazer os galhos, a ramificação,  o espelhamento também , mas aí é outra história, mas..

resolvi fazer com eles essa esse olhar para os galhos e disse pra eles que é como se a gente tivesse olhando para cima, para a copa de uma árvore, vendo só os galhos se enroscando.

aí eu desenho minha folha no quadro, e vou fazendo devagar com eles me acompanhando.

é um ótimo exercício de atenção, às vezes eu faço isso em turmas muito agitadas.

os resultados são legais porque apesar da gente partir de uma mesma proposta a de que eles emitem o meu desenho feito passo a passo no quadro, sempre fica diferente, eles acabam por agregar e reforçar seu próprio traço, mudando aqui e ali, incorporando o erro, adicionam outras coisas.., pedem o medo, o famoso eu não sei..


enfim..

isso.



28/04/24