domingo, 7 de maio de 2023

uma coisa à outra | mar

 

tava pensando porque as músicas do Chico estão tão entranhadas nas minhas memórias de vida.

meu pai, mãe, irmãos, minha adolescência talvez, quando algumas muito boas eram novidade, ah tem os livros de escola, sempre tem alguma letra, normalmente as Construção da vida.

é de 97 um filme que não gostei nada nada, que tinha uma música que eu amava que era  A ostra e o vento.

afrodisíaco, sensual, viciante, crua saída da casca, ou com tempero,..   ostra. uma vez só botei na boca e quase morri de nojo, idem pra casca de siri, camarão sempre não gostei também, e nunca tive relação com nada de mar e praia. mas eventualmente comia peixe.

quando eu fui pela primeira vez perto do mar foi em Santos com a tia Deda. chegamos a noite e fomos pra praia, era bem pertinho. um monte de primo, me colocaram tanto medo dos bichos que vivem no mar e da dor de suas eventuais mordidas, sei que foram uns quinze minutos ali que eu carrego até hoje, nunca entro em paz. e sempre quis deixar isso pra lá, mas não consigo. eu posso fingir pra mim que não sinto mas.. e daí. pensando nisso acho que é uma das razões de não ter visto muita vantagem em vir pra essa ilha na época que mudei.

se eu quiser falar bem do Danilo posso falar isso. um mané muito da água, ele me pegava pela mão, dizia várias coisas que eu não precisava temer, normalmente ele já tinha entrado algumas vezes antes de mim então falava da água, se tava gelada era bom por isso, se tava quente, bom por aquilo, as ondas, se estava puxando ou não e tal, mas tinha uma doçura e um cuidado que meus primos na infância não passaram perto. sou grata.

aí depois dele foi eu comigo, aprender a gostar de entrar sozinha. pra mim ainda  é um desafio, mas durou pouco esse treino já dá pra saber porque né, a filha do pai tomou seu lugar com uma classe e perfeição de rir isso sim. ela impetuosa e eu desesperada atrás, basicamente. mas amo demais, e vou ter saudade agora nos dias frios, de nós duas na água.

tinha mais alguma coisa nesse texto, que me esqueci o que era, sim. outra música. de um albúm que ouvi muito, por causa do Silvio, aquele da música o meu pai era paulista, meu avô pernambucano, meu bisavô mineiro? esse álbum, estou quase lembrando o nome ée, Para todos

nele tinha aquela dos escafandristas, nunca gostei muito da sonoridade dessa palavra, mas adorava a música. também tem haver com o mar, só tenho um pouco de ranço dessas musicas que falam da cidade do Rio o tempo todo, mas isso é outro papo. 

não se afobe não que nada é pra já, ... futuros amantes quiçá se amarão sem saber, .. amores serão sempre amáveis.., desvãos, posta-restante, umas imagens que a Bruna da época viajava. a Bruna de hoje também, mas sente outras coisas, realmente amores serão sempre amáveis, se não por você por outros, que seja, amor é amor.

Ostra e o vento, tem a coisa do vento, você vai ouvindo a música, e o vento é o vento, dá pra sentir. muito lindo, meio hipnotizante.

eu estava na beira de um mar muito bravo. era noite com chuvisco fino, estávamos todos em  roda e eu já tava meio cansada de ficar em pé, mas nada tinha haver com conforto ali naquela madrugada. eu senti num momento, vindo do mar para dentro da roda uma energia muito poderosa, que era de um corpo coletivo, a força de uma falange do mar. aquilo foi significativo pra mim, essa energia que veio dessa parte da natureza tão grande, imponente, viva. marcante como a vez dos primos, dentro daquela outra noite na infância, mas diferente. foi um dia de cerimônia no moçambique, em dia de yemanjá.

aai Brasil, nada com nada. acordei nostálgica de domingos passados. uma coisa leva a outra, .. aquela coisa.




sereia Kiara é a filha de Yemanjá, Cibe, novembro de 22