domingo, 14 de maio de 2023

segundo domingo de maio, um dia, três momentos / 2023

 


eu não sinto nada

eu escuto felicitações de algumas pessoas mas eu não sinto mais

assim como não sinto Natal

aniver me deixa um pouco triste, agora com a Cibe que é um pouco antes do meu, fico ansiosa pra funcionar, é importante pra ela, mas não é prazer pra mim, e talvez nem deva ser

eu não gosto de ter que ficar feliz por causa de data e se em alguma instância fico culpada, em outras tantas não tô nem aí

porque eu sinto muito o tempo todo, eu sinto toda hora o que eu quero, não quero e o que eu não sei

então hora marcada não faz sentido pra mim no momento, e pra ser acessada com pieguismo vai ter que ser muito ninja.




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mas tá, fora o acesso de malumor e azedume. adoro ver as duas juntas. minha mãe tem uma paciência linda de quem tá fazendo questão de marcar presença. e já brincou de casinha, de escolinha, vai pesquisar vídeos sobre o buraco negro com ela, queria fazer pão, da outra vez que fui lá elas fizeram pão juntas, Cibe curtiu.

e eu fico entre a mami e Cibe, a senhorinha e a menininha, uma com 7 outra com 70, que engraçado, fazendo a vontade das duas. comprei chocolatinho pras elas, vou levar as duas pra tomar sorvete, queria ter saído um pouco com mami em alguma trilha de praia, mas me perdi no tempo. na verdade ela vem tão pouco aqui que a casa bastou. mas queria. queria e não queria. por ela sim, mas vai ficar pra próxima.

quando eu disse pra mãe que estava grávida ela não acreditou. a reação dela foi essa, ela não achava que eu ia ser mami nessa vida, e pensou  que eu estava brincando. logo depois ficou muito animada, e depois bem chatinha dando palpite em tudo, mas tudo bem, eu aceitei bem esse migrar de amor. agora eu sou um meio, um canal que liga avó e neta, e responsável pelas duas pontas, interessada e grata pelas duas.

minha mãe desejava a gente. do tipo que colecionava recorte de revista de bebes. desde pequena era seu grande interesse. de todos os filhos a sonhada, que já tinha nome desde que namoravam era a menina, a Bruna. até poesia eu fui. não gosto dela. sinto uma coisa estranha, olho e penso, que pena que eu não fui tudo isso pra eles.

eu acho meio triste também, você sonhar tanto, com algo que te fez sofrer horrores. e ela sofreu. decepcionante né, não estar à altura do sonho, ou da expectativa de alguém que você ama. ou mesmo fazer esse alguém sofrer, sem querer, embora sabendo que a vida é frustração pra todo lado, e, na justa medida, é o que faz a gente crescer.

eu não sei. quer dizer, sei, eu sei que sou muito amada, sempre fui. e que onde coloco sofrer, dá pra trocar só por viver só mesmo, que já abarca tudo, e tudo certo.

mas eu tô nessa faze, e tem hora que fico aflita com minha incapacidade de encarar alguns protocolos com naturalidade e até a banalidade que merece, como ouvir um feliz dia das mães. e sei que a maneira que eu recebo, não é igual à energia que me ofertam. sei também que é bom ouvir, embora no momento eu não esteja querendo é ouvir nada. tem uma Bruna que agradece azeda, em nome de uma outra perdida, que vê as situações com mais doçura, mas ninguém nem nota a diferença.

pra ser sincera, existe um feliz dia que gostaria de ter ganho, um que talvez me fizesse sentir, pela força da história partilhada. um que eu penso que deveria ter sido mencionado como um mínimo reconhecimento, pelo fruto tão lindo que produziu. pena. e sim, eu sou bobinha.

eu sei que vão dizer que a felicitação mais importante é a da minha filha. eu até marquei a deferência do dia por ela, mas esse amor eu recebo todo dia, e é lindo demais. enfim. sei lá.

a rede tá boa, elas estão nos videozinho até agora. vida segue.






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fiquei pensando no que eu poderia dizer pra minha mãe de diferente, que ela se lembrasse com algum significado talvez 

então quando nos despedimos dei a mão pra ela e pra minha filha, Cibe deu a mão pra avó,

aí disse pra dona Vera,  que fico muito feliz e grata que ela tenha me posto no mundo

assim eu pude fazer uma filha também, maravilhosa 

e que coisa linda que a minha filha conheceu minha mãe, que a netinha brincou e ouviu histórias de sua  avó

disse pra minha mãe que amei que ela veio nos visitar

que o presente foi nosso

ações valem mais que palavras

especialmente as não ditas