quarta-feira, 24 de maio de 2023

cabelo, cabeleira

 











eu abraço meus aluninhos. eles vem cheios da maior animação, eu não tenho coragem, mesmo na época da máscara com todos os protocolos, dava uns agarro neles, não conseguia afastar

aí na sala dos profs. ficava ouvindo os top 10 piolhentinho de cada turma. do quanto é complicado, tipo, o bichinho caindo em cima da mesa, de tanto.

uma amiga estava me contando que a mãe morreu cedo, e as irmãs não tinham a menor paciência, e ela sofreu muito com piolho na infância, sendo excluída e sofrendo com chingamentos.

eu ia derretendo no solzinho, e minha mami futricando no meu cabelo pra matar na unha as lêndeas tal.  era uma delícia mas logo enjoava e queria fugir, aí ganhava uns puxão de cabelo, ficava presa ali, e não virava mais, tãao legal, mas fazia parte.

e eu era muuito piolhentinha, é coisa de sangue será, não sei, me amavam. passada a faze, esqueci da existência deles até pegar de algum aluno. mas foi bem tranquilo, logo tratei, tranqui. isso bem antes de engravidar.

nas férias de um ano da Cibe, Danilo tava cabeludo, eu mais ou menos porque tinha cortado bem curto pela primeira vez, encontramos a prima Jú na mami, e Cibe pegou piolho dela que estava entrando em férias e ainda estava com os inquilinos. eu e Danilo inocentes, longe dessa questão infantil, envolvidos nos temas da nossa faixa de tempo né. piolho não existia até então. quando descobrimos a questão esta crítica as três cabeças. e eu não consigo lembrar disso sem rir dessa infestação. piolhos on, na nossa vidinha.

aliás, nunca me senti tão feia, desinteressante, sem brilho, personalidade, quanto a época em que cortei meu cabelo. já parecia, por um lado muito interno, praticamente invisível, já tinha começado a desistir de coisas importantes ali.

e Cibe na escolinha, e agora no primeiro ano, tranquilo né, a mais nova piolhentinha da parada. desde final do ano passado que teve um surto na creche, até hoje em dia, tipo, o ano já começou com bilhete de alerta. sempre estou em alerta.

e aí.., Cibe tem quarto, cama hoje em dia. mas não faço questão nenhuma de transferí-la, a gente dorme muito juntinha e eu amo. então, não precisa perguntar. eu não preciso responder. esse cabelos looogos pfff, tive que desenvolver altas técnicas para tirar, e também na real reaprender a usar pente fino no meu cabelo. estou revivendo essas experiência infantil junto com ela. mais essa né.

e a cada chilique dela ao passar pente eu lembro da minha mãe e eu, lembro que era um bom momento, apesar das intempéries, e tento fazer com que pra ela também seja, até porque, tamojuntas nessa. 

e morro de peninha dos meus aluninhos que os amigos não querem chegar perto, que os responsáveis são ausentes, ou tem carga horária fora do normal. sinto pela história da minha amiga, doeu ela estar só naquele momento. algo tão simples, e não.