segunda-feira, 30 de outubro de 2023

atemporal | jogar não é meu play

e onde será que você me poria na sua história, se eu pudesse sanar uma dor?

se eu pudesse assoprar no seu ouvido vai passar, e com a mão no seu peito entregar meu melhor amor. onde você me poria, e não tiraria?

sem apagar seus liames, história, trajetória, onde meu olhar teria uma importância, e minha presença, um acalanto, será que você me quis num dia assim?

eu sei onde você já não me quis, queria saber na história, será que existe um lugar?


e você jovem, comigo lá, teria esse poder, .. cheio das lábia, das presença, cos cerca lorenço tudo, com o papo dee, como explicar, uma conversa exclusiva, como quem conta um segredo, como quem te dá uma importância única, supervalorizando os retornos. 

será que esse cara me daria a volta? 

eu acredito que a gente não se veria. 

você é o tipo que procura Deusas. admira e supervaloriza, idealiza talvez, suas musas. sem falar, o ideal de parceria. tem isso também.

eu..

eu, ui isso é difícil.

mas em teoria.



eu também buscava parceria, afinidades. aliás, palavras corriqueiras no âmbito afetivo né. 

mas sempre quis exercitar o amor, a dois. trepar? lógico. mas mais profundo que isso, e não só. uma essência do outro, um tudo, um avesso. e eu sempre fui muito retraída, então, era um querer mostrar pra quem soubesse oferecer, confiança, sobretudo quisesse, e mais, fizesse questão, de ver.

queria uma unidade dessas individualidades. acho que eu ainda gosto do sentido de parceiro. não gêmeos, mas como algo que ascende suas potencialidades.

na verdade..

sempre tive dúvidas, se seria amada, se merecia isso. se era possível. e nos meus relacionamentos havia algo difícil, que não era acessado, e muito ruim pensar, ou saber, que havia mais, e eu não tinha, ou não sabia como ter, desenvolver, criar,.. ali, naquela comunhão.


tudo tem seu lugar certo, eu sei. tô de palhaçada aqui, só porque tava com saudades de elocubrar... 

mas você não mistura, sei lá jogo da vida com banco imobiliário, dois jogos da minha infância.  esses jogos não conversam. 

talvez não caiba uma peça na outra, a estrela não encaixa no recorte da concha, no brinquedo de vazados de criancinhas. e tudo bem.


olha eu me esquecendo do sonho, da criação, da arte, do desejo ardente, que funde presentes. 


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mudei de ideia. 

jogo da vida e banco imobiliário são iguais. são jogos. um jogador inclusive e apenas, a cada partida. 

e jogar pra ganhar, ganhar o que, pra que. 

criar necessidades é um vício, e sair correndo pra conquistar, uma muleta, uma desculpa furada pra protelar vínculos desnecessários o máximo que a gente pode, porque quando a realidade que você ganhou chega, se vai é ficar feliz seus cinco minutos, e depois vai pendurar na parede porque a vida continua urgente, e prenhe de outros jogos e desafios, pensa que eu não sei. pois sei.

eu não jogo, não quero me submeter a regras, fico de lado resmungando, mas minha montanha russa não é agressiva, nem tudo ou nada, não é por grana. eu não jogo. 

ahh não gosto, tenho preguiça de aprender regras, tenho impaciencia com a demora.., não gosto do clima, não gosto de competir, detesto perder o que eu supostamente quis. não sou pra isso. e esse climinha de competição então, ou de confraternização entre competidores, ser bom vencedor, perdedor. vai todo mundo pro inferno.

eu não jogo.

e quem não joga, não ganha né, mas também não perde.

minha vida é mais, e nela, eu não jogo, nem pelo que eu tenho, nem pelo que gostaria.

08.03.24