quarta-feira, 26 de abril de 2023

acima quase tudo, abaixo quase nada

 


outro dia tava rindo sozinha. achei um bracelete de prata da minha mami enterrado em um vaso antigo, mil anos que não mexia naquela terra hein. aí lembrei que um dia me indignei e enterrei todos os cristais que eu tinha nos vasos, na época não tinha quintal de terra. tive uma crise de mau humor com esse bando de cristal por aí e o fato de ficar pensando que deveriam estar debaixo da terra.

eu não gosto muito disso, mas nem tenho muito fundamento para tal. não gosto de nada de ouro, sou extremamente alérgica a metal, até a prata, se quisesse usar algo teria que ser de ouro. nunca quis. uma que não tenho tanta grana, historicamente não tínhamos essa tradição também, porque as vezes nem é uma questão de não ter dinheiro, mas a gente nunca valorizou isso em casa. e pra mim é difícil não ver ouro como cobiça. não quero.

mas gente, tem muito cristal incrivelmente lindo, cores, texturas, nuances, é impressionante, as vezes entro em lojas fico louquinha. mas aí não consigo deixar de pensar nisso, se cria uma necessidade, um fetiche, todo mundo tem que ter um quartzo em casa, uma turmalina pra se proteger, e tal, cara se todo mundo concordar, cadê as pedras dentro da terra?

eu preciso estudar, em cima, dentro, não me parece a mesma coisa, né, e tem essa coisa da extração, ah não gosto. e as pedras tem poder, e cada uma serve pra curar de algo, e eu não duvido, mas aí tenho um tilt, porque de novo, e se todo mundo acredita, você cria uma demanda que, sei lá.

bom, é um mau humor. que nem o palo santo pra queima que diz que está acabando com as árvores, tem umas espécies que estão outras não, mas nenhum pau tem selo, sei lá. eu amo o cheiro, mas o encanto fica um pouco triste, né.

ultimamente até, falando nisso tenho feito uma investida nos cheiros do meu jardim, do da minha mãe, fazendo umas experiências com incensos em bastão, que sempre achei muito lindo e mágico. e ando precisando trazer um pouco disso pra mim.

voltando, aí nesse levante enterrei o bracelete de prata da minha mãe, que a tia Deda deu pra ela ainda, querida tia que faleceu tragicamente uns anos atrás. e eu estou rindo sabe, primeiro porque tinha esquecido, depois, cara.. como eu sou bobinha né.

tem poucas pedras em casa hoje. vai ter cada vez menos na minha disposição. mas acho que o bracelete da minha mami tá valendo guardar, as vezes eu me passo. e agora não lembro se eu tirei do vaso, se eu guardei não sei onde tá, ferrôsse.