outro dia tava rindo sozinha. achei
um bracelete de prata da minha mami enterrado em um vaso antigo, mil anos que não mexia naquela terra hein. aí lembrei que um
dia me indignei e enterrei todos os cristais que eu tinha nos vasos, na época
não tinha quintal de terra. tive uma crise de mau humor com esse bando de
cristal por aí e o fato de ficar pensando que deveriam estar debaixo da terra.
eu não gosto muito disso, mas nem
tenho muito fundamento para tal. não gosto de nada de ouro, sou extremamente
alérgica a metal, até a prata, se quisesse usar algo teria que ser de ouro. nunca
quis. uma que não tenho tanta grana, historicamente não tínhamos essa tradição
também, porque as vezes nem é uma questão de não ter dinheiro, mas a gente
nunca valorizou isso em casa. e pra mim é difícil não ver ouro como cobiça. não
quero.
mas gente, tem muito cristal
incrivelmente lindo, cores, texturas, nuances, é impressionante, as vezes entro
em lojas fico louquinha. mas aí não consigo deixar de pensar nisso, se cria uma
necessidade, um fetiche, todo mundo tem que ter um quartzo em casa, uma
turmalina pra se proteger, e tal, cara se todo mundo concordar, cadê as pedras dentro
da terra?
eu preciso estudar, em cima,
dentro, não me parece a mesma coisa, né, e tem essa coisa da extração, ah não
gosto. e as pedras tem poder, e cada uma serve pra curar de algo, e eu não
duvido, mas aí tenho um tilt, porque de novo, e se todo mundo acredita, você
cria uma demanda que, sei lá.
bom, é um mau humor. que nem o palo santo pra queima que diz que está acabando com as árvores, tem umas espécies que estão outras não, mas nenhum pau tem selo, sei lá. eu amo o cheiro, mas
o encanto fica um pouco triste, né.
ultimamente até, falando nisso
tenho feito uma investida nos cheiros do meu jardim, do da minha mãe, fazendo
umas experiências com incensos em bastão, que sempre achei muito lindo e
mágico. e ando precisando trazer um pouco disso pra mim.
voltando, aí nesse levante enterrei o
bracelete de prata da minha mãe, que a tia Deda deu pra ela ainda, querida tia
que faleceu tragicamente uns anos atrás. e eu estou rindo sabe, primeiro porque
tinha esquecido, depois, cara.. como eu sou bobinha né.
tem poucas pedras em casa hoje. vai
ter cada vez menos na minha disposição. mas acho que o bracelete da minha mami
tá valendo guardar, as vezes eu me passo. e agora não lembro se eu tirei do
vaso, se eu guardei não sei onde tá, ferrôsse.