Mãe que idade você tinha antes de 43?
Quanto é 3 menos 1?
2
Entao eu tinha 42.
E depois?
43!
Vc já fez 100 anos?
Nãaao. Cibe! as vó, vô Beto, nem a biza Marli fez 100 ainda.
E quando fizer, o que vai acontecer?
No ano seguinte vai fazer 101!
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o que me faz lembrar que em breve farei 44 anos de vida e estou, assim como em outros tempos, buscando o que falar da data que se aproxima.
me ocorre que a última vez que dois números se repetiram na minha idade foi aos 33. ano que se não me engano, não vivi. acho que nem comemorei, tenho a impressão que vivi 2x 34. uma pena porque 33 é uma data bonita de se dizer e eu nunca disse, pulei um ano. esse período foi bonito. eu estava me entregando pela primeira vez a uma experiência compartilhada de amor, então tinha otimismo, planos, havia futuro, que promissor. em três anos haveria até uma filha, mas nessa época eu nem cogitava essa possibilidade.
aos 22 tínhamos uma Bruna acadêmica, que estava com a família, mas praticamente morava é no centro de artes, entre bolsas para sobreviver, aulas e trabalhos. exercitando a sociabilidade, criando alguns poucos vínculos de amizade que persistem ao tempo e apesar de mim. lá eu exercitei a expressão através do verbo, algo que sempre detestei, e através da arte, que além de difícil, doía. nesta época estava pensando em terminar meu namoro de anos. sentia amor por ele, quando penso ainda sinto até, só que toda vez que me projetava pro futuro, o que eu queria, ele não estava lá. eu estava acomodada, precisava ser sincera, mas isso ainda levou um bom tempo.
lá nos 11 tínhamos uma Bruna que não sabia que aos 12 iria mudar para outro estado com sua família, estado vizinho, mas que até então era só um nome no mapa da escola. apesar de não ter gostado nada de mudar, no meio do ano como sempre quase, ficamos muito felizes do pai finalmente ter arrumado um emprego, a situação já estava ficando crítica. em Londrina nessa época, estava perto de mudar de escola para aquela das aulas de japonês, gostava muito dessa, mas nas férias de julho me mudei. era uma época onde o barulho da escola, do recreio me atormentava, eu era muito tímida, pouquíssimos amigos. ah, era a época da briga com a Júlia Ana, que bem difícil. lembro que era um período em que tínhamos ainda que lidar com as loucuras do Leonardo, que tinha, o que nessa época começou a surgir um nome, ele era uma criança hiperativa nível não sei, bem alto, não foi fácil crescer com esse protagonismo, as relações entre os irmãos era complicada, especialmente a minha com dele, pegava fogo. o futuro pra Bruna 11 era uma caixa de surpresas que eu achava que só me traria coisas boas. eu não sabia direito o que queria, o que iria fazer, mas tinha uma fé, e muita curiosidade.
a próxima data em que dois números se repetirão é até bonita, 55. lá Cibe estará com 17 anos, o que é muito bom de pensar, porque eu quero continuar viva, ao seu lado para dar um força nesse momento, caso seja necessário, uma Cibe mulher nascendo, quero ver. lá estarei muito diferente fisicamente, meu corpo, meu rosto, terão muito mais marcas do que tem hoje, quero não estar pesarosa com isso, ao contrário, queria curtir, com naturalidade abraçar o tempo. no 55, gostaria o que sempre quis, estar realizada. não no sentido final feliz sabe, mas com a tranquilidade de quem cicatrizou feridas e agora pode então se preocupar e colaborar com o entorno. uma Bruna de coração vazio e cheio ao mesmo tempo movimentando cada fagulha de amor que por ali passe, compartilhando e vibrando. uma Bruna sem dor.
fazem dez anos que dois números não se repetem na minha idade, e muito ao contrário do que pude pensar aos 33, 22 ou 11, quase aos 44 eu quis apagar a luz, eu quis desistir, o que me assustou muito, e estou refletindo um pouco, pra que essa virada de idade seja mesmo, um renascer.
a todas as Brunas do passado e do futuro, eu sou forte, portanto somos. rumo ao 101 da Cibe, ou quem sabe, 111.
04/05/23
