terça-feira, 4 de abril de 2023

o visitante inexistente, 2005 | um CONTRAMÃO

meninas: estou de saco cheio agora, bem agora acho mesmo q ele acabou de explodir! no cúmulo da falta o que fazer resolvi espremer pra ver se saia um textinho contramão, ... consegui algo enfim, demorou.... mas como estou aqui e vcs não, resolvi partilhar com vcs este momento comuníssimo nestes tempos de tédio... lá vai:

 
 

Entramos na residência, perfume de chazinho denunciava o lanche próximo. Conversas caseiras, ambiente doméstico: cachorro, gato, e gatinho. Na pequena cozinha: pratinhos e talheres pra lavar... resolvo ajudar, lavo boa parte, depois seco...

 

Entramos na residência, perfume de chazinho denunciava o lanche próximo. Conversas caseiras, ambiente doméstico: cachorro, gato, e gatinho. No quarto que dava pra entrar: estante, mesa, cadeira de balanço convidativa, no chão um colchão com manta colorida. Sento na cadeira, e, viro-me para encontrar a janela...

 

Entramos na residência, perfume de chazinho denunciava o lanche próximo. Conversas caseiras, ambiente doméstico: cachorro e gato, e gatinho. Saio da sala para ver melhor o entorno, adoro verde, não sabia que papel de parede dava um efeito tão legal...

 

Entramos na residência, perfume de chazinho denunciava o lanche próximo. Conversas caseiras, ambiente doméstico: cachorro, gato, e gatinho. Mas onde estão os trabalhos? Será a imagem na parede vermelha, ou um dos dois quadros da sala? Será que estou realmente à vontade?

                                                                                                                                                 

 

bejos BruM

 







que texto é esse, podia ser meu mesmo, ou das meninas. 
mas tinha algo familiar.. fui me reconhecendo. a lembrança veio vindo, e identifiquei o ar de estreia, foi um texto de impressões do primeiro contramão, da primeira casa.
o texto deu indício pela menção de um trabalho linmdo de uma amiga, e aí depois me veio o fato de que também expus nessa. não lembrava mais quem até que enviei pras minhas parceiras de Contra e elas disseram. acho que eram três artistas. 
aí percebi que as senhas estavam todas ali. a proposta de trabalhos que se dissolvessem, dialogassem com o lar. 
quem viveu viu, ou muito principalmente não viu, porque viveu. uma das ideias mais ingênuas e lindas daquele espaço itinerante.
e meu troféu disperção vai paaara, imersão profunda em emails do tempo do êpa, para encontrar o que perdi, mas nem sei direito o que é, não encontrar, e mudar de caminho pro meu desvio do momento, repassar esse achado pra esse espaço, e refletir sobre o quanto adorava teorizar, criar conceitualmente esse espaço que migrava de casa à cada edição, tendo o dono da casa como anfitrião e curador, descentralizando, popularizando espaços, diluindo a arte na vida, e tudo o mais que fazia sentido pra gente na época,
mas  o quanto era difícil desfrutá-lo. não pelo excesso de afazeres, mas pelo meu gênio. dá até preguiça de fazer menção, e aliás, que bom que éramos uma tríade, porque a apoteose, razão de ser de tudo e maior curtição para todos, ou era meu tédio, ou era meu desespero. dá zero pra elaaa.