cheguei com Cibe pra almoçar atrasada pra levá-la pra escola.

ia dar carona pra Dinda ao  centro também.

fui fazer seu prato enquanto ela foi encontrar a Adri que já nos esperava.

depois soube que ela chegou pra comprimentá-la super séria e soltou essa.

Cibe, porque você está com essa cara? é porque o coração da minha mãe tá triste.

quando ouvi isso fiquei meio espantada porque não consegui entender de onde ela tirou isso, e com essas palavras. não parecia que alguém disse.

aí vem aquele papo, criança sente tudo. sei lá.

minha mãe veio aqui um dia desses, milagre, eu sei, mas em dado momento comentou, sua filha é muito perspicaz, ela te manja. nesse caso também não sei bem o contexto, ou exatamente o que isso significa. só me incomoda.

minha filha é minha preocupação, também é minha alegria. o que eu sou pra ela? o que serei no retroativo quando ela entender melhor, puder dar sentido e verbo pro apreendido na convivência né.

esteio, segurança, aprendizado, exemplo, o que eĺa tem comigo, o que terá no nosso pra sempre juntas, até que não ?

atriz. nos últimos tempos por ela, quando  estava comigo fiz um esforço muito grande para estar e principalmente parecer bem. 

no entanto, já escrevi um pouco sobre isso, hoje eu reconheço, eu vejo e revejo o esforço da minha mãe. e do quanto ela também se esforçou e procurou e lutou.

e eu recolho todos os lances, lembro de situações específicas. eu não sei o que eu sinto, tenho vontade de escrever, mas dói um pouco, quem sabe outra hora.

essa é uma reflexão sem fim.

não é um dia muito feliz pra ser professor hoje né. nem pra ser mãe, violências acontecem pelo mundo, e eu longe dela fico com vontade de ir buscar na mesma hora.

mas hoje também é um dia especialmente angustiante pra mim. o fim do dia não chega e eu estou com receio de não ser ouvida no que diz respeito ao que eu preciso.

eu queria mesmo é fórmula mágica né, um plim, faz tempo que eu quero só um plim, as não adianta, eu preciso cavar que isso aconteça. eu quero. mas tô com medo.