sábado, 22 de abril de 2023

um ser bodejante | do nada a nenhum lugar, apesar

 

bodejar é uma palavra do Yan. calcinha preta é algo que muito no passado fiquei sabendo que existia como uma excentricidade, por causa dele. ele me cantava uma música no pé d'ouvido, ele odiava cantar então era só essa, a flor de mamulengo, eu amava, ouvi a palavra muriçoca, pela primeira vez no meio da família dele. comi tapioca na casa dele pela primeira vez, finji gostar achando a coisa mais sem graça do mundo, vatapá então, sempre tive muito nojo de camarão, mas não tive coragem de falar pra mãe dele, a falecida, querida, dona Mauricila. experimentei também aquele ensopado que deixa a língua dormente, pato no tucupi  acho, não vi vantagem na sensação  e era enjoada pra carne, mas fiquei bem quieta.  a última cidade que ele tinha morado era Fortaleza, mas a família toda era de Rio Branco, no Acre, e eram super saudosistas de lá e tudo que se referia a cultura deles, que me interessei pouco, pensando hoje. tinha o sotaque também, típico, gostava. engraçado esses liames da vida, o que me veio, e ainda vem de lá daquelas terras ainda hoje, às vezes.

tudo isso pra dizer que quero reclamar. e bodejar  sempre parece mais próprio, além de que tem um tom de homenagem, adoro.

apesar, a palavra

parece pesado, tem peso no meio né

mas é leve, trás pra mim uma sensação leve

a coisa do a né, um des peso

acho que é isso então né, só a palavra cumprindo sua função própria

sei lá não vou pesquisar, não busco a certeza se não a sensação nesse momento.

eu vivo, apesar não sei de que

apesar, eu tô aqui

contra vontade porém

 resignada no entanto

estou aqui

e apesar de todos os meus apesar, existe um que precisa engrenar, que é o apesar de você. e sim, eu sou dramática, mas estou até rindo um pouco, agora.

ninguém consegue acho dizer apesar de você sem lembrar da música né, já quase é uma citação em si.

como tem gente incrível no mundo, fico de cara, e eu nem sou fã de Chico tanto, mas muito da música dele permeou minha história, acho engraçado.

eu tô vivendo um apesar de qualquer coisa no momento  na verdade, não preciso vai  escolher um aqui pra dedicar.

o meu apesar desses tempos trata de engajamento e propósito pra continuar, apesar de mim, do meu jeito, do peso que coloco nas coisas. queria tanto ser leve. eu tento ser, muita gente diz inclusive que aparento, então deve estar dando certo esse, chamar pra mim. mas falta muito ainda. silencio não é paz. silencio não é calma, eu garanto.

escrevi, escrevi, e nada né, só palavras. repetitivas ainda. mas hoje estarei mais ativa, eu prometi pra mim, tô afim de não me dar perdido.