adoro falar mal de psicólogo pra psicólogo. do quanto desconsiderava os psicogato como possibilidade de uns pega como pressuposto, sei lá, arrogância, pedantismo, não sei.. os amigos da área, cada um mais lóc que o outro, sei que demorei muito pra ceder e experimentar essa prática com alguma constância.
achava muito estranho toda essa dinâmica relacional que se estabelece, e todo o suposto interesse que essa pessoa precisa apresentar por mim, naquele recorte de tempo, porque eu pago. pago e não muito, mas pago pra ser importante e reclamar da vida, e cobrar uma receita, que me transforme muito rapidamente em outra pessoa porque vivo numa urgência, porque eu me sinto uma pessoa com erro, porque eu quero experimentar outro tipo de viver, ou de me ver no mundo. quem tem receita é a Ana Maria Braga, essa semana tive que ouvir essa.., mereci. e ri, engraçadinho. mas pior que no fundo eu queria mesmo, droga.
então uma vez por semana estou lá naquele marco zero, naquela sala sem janela, branquinha sem adornos para não irritar os pacientes autistas diz ele.
eu não tenho pudores pra falar de mim, e não existe melhor lugar pra conjugar o eu com tamanha propriedade, sem ser acusada de auto-centrada, né.
eu não sei.
no estado em que eu estava, em que absolutamente não conversava qualitativamente com ninguém, e nem tinha tranquilidade e/ou disposição para tal, mergulhada num tilt profundo do qual nem sei se saí, Germano muito rapidamente se tornou, por muitas semanas dessas, a pessoa que mais conversei, se é que isso é conversa.
e eu tenho minhas dúvidas sobre tudo, mas se não tão efetivo, todo modo, é muito bom ter alguém do meu lado, que não me conhece, mas torce pelo meu protagonismo na vida. e me parabeniza já disse, pelas coisas mais ridículas. claro que de novo, porque eu pago por isso. mas essa é uma condição, tudo certo.
olho pra esse menino e penso,.. em nenhuma outra circunstância da vida daria condição pra um cara como ele saber tanto de mim. engraçado. esquisitíssimo. ele me faz bem. ele me desconcerta, mas entedia também. gosto da parte de ouvir as histórias da vida dele quando resolve dar exemplos seus para ilustrar alguma situação. prática recorrente, né, um mundo paralelo se instaura, e de repente tô vendo novela da vida alheia, adoro.
eu não sei. queria receita sim, solução, algo específico. mas só recebi a do remédio mesmo, com o moço da sala do lado.
e aí é isso brasil.. tenho que aguentar meu psicólogo feliz com meus avanços. quando ele começa a falar coisas assim devo olhar com uma cara tão grande de tédio pra ele, coitado. mas sigo..
seja gentil contigo Bruna.
saco.
