domingo, 2 de abril de 2023

atrás desse muro





 



aquelas músicas imagéticas que a Bruna pequena formava imagens oníricas que persistem até hoje.
 

Bruna, que pequenina muitas vezes era Brunoca nariz de pipoca, ouvia essa música da boca dos pais, conhecia, se identificava, e depois também cantarolava a primeira parte.
a Bruna que conheceu a música inteira depois super achou que ela poderia ser apenas a primeira parte.
a Bruna de hoje acha que não é da sua conta o conjunto da obra, a não ser pela parte que lhe concerne.
dizem que roubado é mais gostoso, dizem que a muda roubada é a que pega.. , essa música quando criança me falava de arte, mas não a Arte com "A", se não daquela que eu fazia todo dia, arte com meus irmãos e amiguinhos.
roubar cana, manga, jabuticaba,  abacate, na época ainda comia goiaba e pitanga, ciriguela (que morro de saudades, aliás).  
e sim, dos vizinhos era sempre mais lindo, e sim também me incomodava muito o comedimento das casas abundantes. 
mas as duas lembranças que tenho são recentes até. sobre a sovinisse próspera de alguns lares, e a concepção higiênica, para mim sobrenaturalmente  equivocada, do que seria a limpeza de um quintal. 
uma é a do pé de louro do Pantanal, um pé velho, lindo, generoso que ficava na calçada de fora, e que a dona da casa referente podava os galhos de forma que não se alcançasse, pois ela não gostava que as pessoas fossem lá pegar galhinhos. inacreditável eu sei, mas o pior foi que ela realmente depois de um tempo chegou a conclusão que era melhor cortar e cimentar o espaço. eu fico sem palavras.
assim como quando o pai do Danilo  decidiu fazer o mesmo com a unica pequena área do seu quintal com um verdinho, que no meio tinha um lindo e tão velho quanto, pé de acerola. 
isso ocorreu um pouquinho depois que Cibe nasceu. não era minha casa, não tinha voz ali, mas foi agressivo sabe, e pouco tempo depois quando saí de lá percebi, o quanto fiz de força, pra sobreviver àquele lugar. porque fiz isso? excelente ótima pergunta, que não sei responder. mas fácil não foi.
voltando à música, eu era pequeninha, essa música é antiga, fui pesquisar é de 68, e só confirmou a sensação que tinha, de ouvir pequena, depois menos, e hoje em dia ouvindo. as imagens que se formam são as mesmas, do que imaginava. o mesmo lugar, mesma menina, vontade igual, o desejo, o mesmo verde, a mesma atração, o mesmo encanto.

que delícia né, memórias.