sábado, 17 de fevereiro de 2024

dona Mon poderia não ter feito isso, o clásssico poderia ter passado sem essa tranquilo, mas quem sou eu, que gostei até.

 

falando em chilique, a deusa Maria Callas, será que não daria um chilique épico? pensando.

não sei porque meu pai gostava de Maria Callas.

eu sempre duvidei que ele gostasse de verdade sabe. mas ele aparentava gostar, eu que nunca tive muita paciência pra ópera, música clássica.

mas minha mãe ama, o Silvio estudou muito, então meio que tangenciou um pouco. tipo, alguma coisinha do mais pop do clássico se posso dizer assim, que ninguém me veja agora, posso gostar. e foi justamente o que dona Mon cantou, em um arranjo controverso pra mim, porém, bonito, pela sua voz,. além de que, está em espanhol, gostei de ouvir assim.

então..

essa é uma ária em que na história lá, que não sei bem quem é, qual a história, ela canta pra lua. lindo. com certeza você conhece.

lua essa, que está bem na frente da minha rede, Bruna essa, se decepcionando deliciosamente, nessa enrolagem agora.




bom.. como eu disse, em espanhol.

mas tipo... bora agradar meu papi, que está perto de mim esses dias.

digo isso porque outro dia um carro passou por mim, e a senhora ao lado do motorista por alguns segundos, foi meu velho. vi meu pai. não entendi porque, mas vi. e como já disse, não penso muito nele.

e digo também porque quinta, primeiro dia de aula com as crias na escola, e desde então sempre que eu lembro disso eu quase choro, e não gosto desse tipo de sentimentalismo, tive outro encontro com ele.

mas por partes, olha isso comigo, que incrível.



ui que mulher né. que expressão, postura, Diva né. pro velho Matias se sentir honrado então. amei lembrar.

eu gostava de ouvir a Callas quando eu estava aprendendo francês, tinha um trechinho uma passagem que adorava brincar de cantar, l'amour et un oiseau rebelle, que nul ne peut aprivoiser, et c'est bien en vain qu'on l'appelle, s'il lui convient de refuser... lara lá, pra lá e pra cá, ..

depois troquei pela Carla Bruni mesmo.., on me dit que nos vies ne vale pas grand chose elles passent en instant comme fanent les roses...


tô até rindo.. ai aai, minhas músicas.

gennnte, ora lua, ora chuva e eu aqui.

maaas... entonces..

fui no almoxarifado xeretar e pegar papel pra aula, de repente dou de cara com um utensílio de trabalho, que meu pai usava muito. me deu uma euforia, peguei dois, e fuji dali com eles e estão até hoje comigo, e estando com eles, e não tem como, eles são meu pai.

eu estava dirigindo e dei com eles no meu pulso, e imediatamente veio o som. 

gennnte aquele som, quantas e quantas vezes ia no banco incomodar papis pequeninha e ele estava carimbando um zilhão de docs? me emocionei, tô meio estranha até agora sabe. o elástico, o som dos carimbos, a caneta na orelha, meu pai.

uma saudade né. um fantasma.

e não gosto. meu pai não foi feliz, e sempre deixou suas frustrações à vista. e eu amo ele demais, mas nao gosto de lembrar disso, eu não quero ser eles. mas veja isso.

herdei e estresse, frustração, amargura do meu pai com tudo, especialmente essa coisa de deixar o trabalho invadir o pessoal, e herdei a solidão e reclusão da minha mãe, apesar de meu pai em vida também ser recluso. o que sou eu. um caso de sucesso?

não queria. mas é muito difícil né.

todo modo..




para Matiínha, com amor..