quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

fica mais leve o peso do meu coração.

eu fico de cara. 
e  fico doente no mais.., contingências.

mas, às vezes tenho uns retornos muito queridos.

ontem na aula no quarto ano, que eu conheço desde o primeiro pandêmico se não me engano, foi muito difícil.

é uma turma de crianças com potência muito forte, com energia que transborda, sabe.

ala conjuga protagonismos de diversas frentes, e tudo conflui em muito barulho, conversas, conflitos e dificuldade de aquietar para ouvir, seguir um trajetória de aula, ainda mais vindo de uma prof. de área, que fica pouco com eles por semana.

e eu me irritei, e fui ficando daquele jeito de sempre, garganta já era, tive que brigar, tirar um que outro de sala, falar o que não quero, desistir da aula pra passar sermão gigante, doutrinando pros próximos encontros, tudo isso teve.

mas bem no finalzinho consegui uma entrada de coração pra coração, foi bem lindo.

eu morro de preguiça de relato de aula, então não vou fazer. mas digo isso, queria focar no início de minhas aulas em valores de convivência, mudança de conduta e aprendizagem saudável. se eu fosse dar um nome pra essa aula seria, a minha palavra do coração, 2014. 

comecei a aula com a confecção de um coração origami, que tem um bolsinho na parte de trás. era uma peça difícil no final, mas eles puderam fazer boa parte, as ultimas dobras eu fiz. 

gosto de começar as aulas com uma dobradura porque ela é centralizadora na figura do professor, favorece conhece-los bem, enquanto construímos juntos a intimidade e a peça, é muito bom.. 

essa feitura, diferente de outras turmas, em outros momentos, foi especialmente árdua. fervi várias vezes, um minuto = quatro horas.

para segunda parte, elenquei uma série de valores interessantes, qualidades, que cada um ganharia aleatóriamente impresso num papel, sob a proposta de que refletissem ao longo do ano.

a ideia era que a palavra seria uma aula, uma escola, para eles colocarem em prática, estudarem o ano todo.


mas foi tão difícil o processo da feitura conjunta do coração, caara, que coisa complicada foi essa partilha. tantas interrupções,  o tempo tinha se esgotado, minha energia e humor também. 

já nem queria mais entregar papéizinhos coisa nenhuma. tinha desistido, desisti até agora pensando, estou desistida até no futuro de algo igual assim  caso se repita, saco. 

não sei com que energia por fim, eu passei por eles e entreguei o papelito.

aquietei a turma, fiz a fala da palavra do ano, explicação, e depois pedi para que cada um dissesse sua palavra em voz alta. 

primeiro perguntava o que ela significava para a criança. e depois para cada criança, começava, se você tirou a palavra tal, significa que ou você Tem essa qualidade e precisa oferecer, ou você precisa exercitar, .. e ia inter-relacionando o temperamento da criança, do que eu conhecia, e a virtude, ao fim, pedia pra dobrar a palavra, e guardar no coração, de dobradura.

aos poucos percebi que eles ficaram atentos, curiosos, que queria muito ouvir sobre si um pouco, e até se estendeu um pouco aos colegas, tendo diminuido sensivelmente os ruídos. estava por bater o sinal, eles sempre ficam enlouquecidos, era as duas últimas da tarde, pensa, mas eles ficaram até o final e até um minutinho a mais, pra eu terminar de comentar de todos.

eu terminei a aula, ou a aula terminou sobre mim, só sei que a sala ficou vazia e eu atônita, encantada com esse momento especial. um finalzinho de aula, que ressignificou todo o seu transcorrer, entende. 

não diminuiu o meu desgaste, minha garganta já está ruim de novo e como sempre, mas, pequenos lances, pequenos retornos, .. um algo.

isso, e os abraços de corredor.