quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

uns causo

 

ambidestro

ounn tu quebrou o braço, tadiinho, como?

me empurraram no recreio..., multi vozes respondendo junto com detalhes e nomes.

ahhh mas pelo menos você vai poder treinar desenhar e escrever com a outra mão né?

turma voces sabem como chama a pessoa que escreve com as duas mãos?

aí vem uma voz de imediato, inteligente!

segundo aninho é demais.



indígena

profe você é de índio?

outro estudante,

prof. cê sabia que meu pai disse que eu sou indigena?

ahh é de que povo? ahh não sei. pergunta pra ele!

outra, essa pulseira é de índio, quem te deu? e essa?

e eu sempre ouvi muitas perguntas assim, mas nao tão constantes e monotemáticas, não tava entendendo. depois que outros fizeram menção ao bracelete xokleng, entendi. 

é a mesma coisa de quando uso tranças. viro Frida, com vestido fechado evangélica, dependendo do cabelo ate a Amy já fui.

a pulseira indigena é lindíssima, mas não em mim, me incomoda quando uso, porque vira mais que um acessório junto a minha cara, que saco. fico meio travestida, acho.

o lado bom é.., não sei, levar a arte, endossar, consolidar uma presença e uma beleza. 

mas é difícil sabia. pesa.


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hoje entrei pela segunda vez na sala do primeiro aninho, a primeira pergunta já foi essa. Maria Lívia, prof. você é índia, aí outros também  perguntaram. ó prof. esse guarda-chuva é de indio ó, e Maria abriu seu guarda-chuva marrom (???).

mas porquê, perguntei. ahh por causa do vestido, do cabelo alguns, do colar, pulseira, eu não sei.

me ocorre que teve acho essa temática rolando na TV aberta, alguma novela.

tem um lançamento também no Netflix de uma menininha que fugiu da aldeia, uma indígena, Cibe está me dizendo que ela é caigang, e que o nome dela é Luz. pode também haver com isso.. engraçado. aliás Cibe ficou bem impressionada com essa sérinha, confesso que não vi.

aproveitei pra dizer que minha decendencia tem indígena, tem sangue africano também,  e pedi pra levantar o dedinho que achava que tinha um pouco de sangue indígena na família. quase todos levantaram. bonitinho.

depois perguntei se sabiam quais os povos que moram aqui na ilha até hoje, se eles já viram, conversaram.

contei de quem eu comprei minha pulseira. 

esses papos estão bem engraçados.


29/02/24



questão de estima

eu sou burro prof.

você Não é burro. quem te disse isso?

eu sou um pouquinho burro sim profe.

você nao é burro, você é arteiro, gosta de brincar quando não deve, se você exercitar aquela virtude ali de tranquilidade, que você ganhou pro seu ano, sabia que vai ser bem bom pra você?




macumba

prof. é da macumba? aí alguns emendam, eu sou. 

ou, eu queria ser mas minha mãe não deixa.

prof. essa pulseira é de macumba né?

prof. eu gosto da Rosa Cavera...

prof. esse colar é aqueles colar aqueles né.. (tipo guia)


ouvi muitas e muitas variações dessas perguntas no segundo semestre do ano passado, entre pequenos dos anos iniciais, e finais.

e não. não uso nenhum acessório tematico não. aliás, sou meio monotema com meus acessórios, são sempre os mesmos, uso quase até derreter..

paro sempre num posto à caminho de casa, bem no finzinho no ano passado uma atendente ao servir a gente perguntou se eu era do rezo, demorou pra cair a ficha, ela estava pedindo ajuda, estava procurando uma casa.

duas profs novas na casa desse ano. as duas ao me cumprimentar fizeram comentários precisos do tipo, te reconheço do rezo. mas gente. não tinha nada na testa escrito, pelo contrário, sou muito na minha, já sabemos, acho.

mas parece um imã. uma trama, cê vai reconhecendo os 'irmãos'. 

no caso me sinto descoberta da minha moita né, mas tudo bem.

curioso.


29/02/24