sábado, 26 de agosto de 2023

a perda da inocência | as pitangas e goiabas dos jardins

meu mundo acabou de cair mais um pouco quando descobri que manga também tinha aquele bichinho que eu tinha já começado a ver nas pitangas, e via direto láa nas goiabas dos dois pés, perto do muro alto que dava pra piscina.

manga não, a manga não podia fazer isso comigo, vão querer tirar minha paz com a manga também. fiquei simplesmente horrorizada, lembro até hoje, nem tava muito madura, que tristeza. 

sim, era, talvez ainda seja, A fresca.

são muitas lembranças de alcançar a q u e l a, que tava bem longe, que tava bem alto pro cê se quebrar todo antes de pegar.. pitangas e goiabas. da época do jardim das delícias pra cá quase praticamente nunca mais comi. 

lindas, cheirosas, e tem bicho, assinado, eu.

porémm, esse condomínio que eu moro tem umas pitangueiras tão incríveis. bem na frente da minha varanda tem uma linda, que eu eu Cibe quando nos mudamos era só um toco podado.

e nós desde então temos acompanhado o seu florescer e frutificar, botamos até mais terra ali pra ficar melhorzinho. e hoje, finalmente coloquei uma na boca, estão saindo as primeiras. 

é de se refletir, tenho tentado isso com a Cibe, perceber esse tempo, esse processo, do florescer, o desfazer das flores e vinda do fruto, o tempo de crescer e amadurecer, tudo isso pra comparar com o tempo de pegar e comer. e a reverência que se deve ter, especialmente estando diante do pé pelos frutos que recolhemos. adoro. é um bom exercício.

pitanga tem um sabor incrível eu acho. amora, romã, essas frutinhas, adoro, também e como,  mas pitanga, nunca mais. não consigo por na boca, é difícil pra mim. e até fico um pouco sentida comigo, como sou trouxa, mas fazer o que. 

acabei de ter, comendo a primeira dessa safra,  uma experiência muito linda de volta ao jardim das delícias, e Cibe nem estava aqui pra eu ser criança junto com ela. 

mudando de assunto. tem a outra bichenta que eu a m o. planta um pé de Ciriguela pra mim? 

quem? eu, sim, tu. leu planta. porque eu amo, e aqui é raro, plaaaanta vai. nunca te pedi nada.

minha mãe plantou. era uma das primeiras árvores que ela pôs na Flora. e ela nunnca frutificou. cresceu um monte, e nada, até que dona Vera ficou brava e acabou cortando a coitada.

e  a última que eu vi era gigantesca a árvore, na época que eu estava perto estavam verdes as frutinhas, e quando saí ainda estavam. era perto da Igreja em Forquilhinhas, nos fundos da escola que eu trabalhei um pouquinho antes de me exonerar do estado. fora isso.. mais uma perdida no passado.

mas prova essa, essa aqui, tá delioso ó pega esse pedacinho, insistiu bem chato até que eu aceitei. o cheiro daquela goiaba madura tomou toda a sala dos professores, e eu acabei comentando que gostava muito mas em criança parei de comer por causa dos bichos. 

é um cheiro peculiar. um perfume que me toma. cresci com ele, goiaba é muito comum né. goiabada não sou chegada, mas simplesmente aaamo bolo de fubá com goiabada. 

só que se eu morder uma fatia a sensação é que eu pulo pra 200 kilos de um segundo pro outro. tento me conter, não quero ceder ao levante.

olhar um pé cheeeio, dá uma euforia, e decepção, uma tristeza imediata, estou de fora, não consigo, tem bicho. mas quando o chatinho do prof. de matemática insistiu, e eu comi depois de muito muito tempo mesmo, eu não me dei conta na hora, mas eu revivi esse sabor, foi um amor castrado sabe, ela sempre esteve por perto, de graça, me chamando chamando e eu ignorando solenemente.  eu esqueci o que está a perdendo, então nem sofria, só largava lá, de longe. batia os olhos, sentia aquela euforia infantil, desejando até, mas largando lá. como pode né.

a goiaba que eu como hoje não é mais aquela. essa não tem bicho disse o professor, porque será né. mas muito ironicamente me vali dessa frase pra me lançar, e vou dizer é com muito prazer mesmo, sede e saudade de uma vida. ressabiada sempre, na vontade, nunca mais.