domingo, 3 de dezembro de 2023

até choveu..

mas as estacas não caíram, nem teve raios e trovões.

Cibe me levou no Circo Mix com seu amigo Newen, e o querido do seu pai, os quais sou muuuito grata.

receber visita enche a casa de luz, vida, uma alegria sabe. é um estímulo pra se arrumar, dispor o lar de uma maneira mais aconchegante. eu reconheço.

gosto? não. me estressa? sempre. mas também me percebo mais humana, comum, normal, quando deixo isso acontecer.



eu não sei quanto tempo. fiquei tentando lembrar a última vez.  me veio, juro, o cheiro dos animais, super atração, sempre escondidos nos trailers ou em grandes cercados. 

mas isso eu penso hoje, na época de ver esses acampamentos de circo tinha isso, a coisa do cheiro e vontade de ver, sem poder.

mas não lembrei quando foi.

me veio o tédio também. é sempre meio igual.

eu preciso confessar, não gosto de palhaço, as apresentações, os motes, alguma coisa acho graça sim mas, enfim. sei lá.

as mágicas. que saco. mas realmente tem umas que intrigam

as mais físicas, malabarismo, o pêndulo, e a fadinha pendurada no cabelo, o bambolê, essas coisas já curto.

atração principal pro  Newen e Cibe, Cibe curiosa de tanto Newen falar, foi o globo, com as motos. e eu nunca gostei, é muito barulhento. mas achei bonita a cena, o globo, as luzes, a tenda estrelada.

a trilha sonora apavorante. muito alta. parece que faz parte né.

o comércio. como triplicar o valor da entrada e da pipoca com comércio usando crianças. sei lá, nem julgo. 

vida estranha essa, de ser família de circo, de ter um trailler como ninho, mas não ter parada, não ter constância, ver muita gente, muitas realidades, sotaques, paisagens, mas só ver.

e ver, não é conhecer né, sei lá, essa casca da boa vizinhança, a máscara, a melhor que a gente tem quando conhece alguém novo e oferece, ela tem um tempo de duração, e precisa ser rompida, o lugar que você pisa, sua possível morada na terra, pedaço de chão também tem nuances que só o tempo mostra. e é preciso romper as aparências, ultrapassar as dificuldades, decidir se vale, se faz sentido continuar, e então, talvez, nessa partilha de B ós, se tenha uma relação mais sentida, dentro da complexidade, das facetas de cada um, algo de possível. 

se não tem parada, não tem profundidade, será que tem? eu vou refletir mais. mas eu tive uma infância sem parada, um pouco de experiência até tenha. sei também que as pessoas são diferentes.

pode que quem não tem parada a espertise é, não tô conseguindo achar, deve ter, mas eu não tô conseguindo. 

era um Circo familiar, tinha um menininho de 5, adolescentes, uma galera parente exercendo várias funções, bem bonitinho até. uma realidade outra, que eles devem amar, e não questionar, problematizar.

eu acho que não tô problematizando também, estou é colocando em relação. com meu gênio, minha disposição, minha história.

uma vez eu disse pro Gabi, que eu queria ele para sempre perto de mim, e que nossas crias convivessem. que eu o queria como amigo, tenho dificuldades nessa casa mas queria que ele participasse delas, assim como meus poucos outros amigos, ultrapassando aquela primeira casca, as aparências. 

e eu fiquei muito grata. eu já tinha passado na frente do Circo e pensado. mas não iria. eu sei que não iria. 

por eles também tive um levante de arrumação da casa, que estava perdida, sem saber por onde começar.

visita as vezes é uma luz. que salva a gente da gente.