domingo, 3 de dezembro de 2023

nem lá nem cá | partido | por outra fertilidade

primeiro pensei no muro, e ri

aí veio o meu textinho do meio-fio, mas não era o que eu queria.

depois veio o fragmento de uma música bem conhecida, alguma coisa em cima do muro, aí vamos.. em cima do muro letra... ver o que aparece. 

aí eu ri né, e tô rindo até agora, porque né.., a minha busca não apareceu.


continua. uma hora volto.



então..


Hugo e Guilherme

Wilson e Hilcione

MC Garden

Valéria Barros

Limão com Mel

Cid Nunes

MC Pipokinha

Felipe Breno


em que mundo que eu vivo? entre compositores e intérpretes.. como pode, mundo novo, que pessoas são essas? e digo pelo fato de que comovem muitas muitas pessoas, mas onde que eu tô né, não conheço nada e nem quero, loucura.

não tive coragem de ouvir não, já sabia também que não era meu muro. o meu é um pouco mais elite pensando no Cazuza, mas nada haver também, pode que ele era o MC Pipokinha dos anos 80? rock a mil, tal. só que logo a pagodeira o tchan e os meninos do Robocop gay entraram em açao..

táa,   a música é antiga, porém o mote é recorrente. ou de novo, as musicas são incríveis, vou descobrir se um dia ouvir. 

sabe onde fui encontrá-lo, e lembrar da música ?  numa questão dessas de prova de concurso.

achei tão curioso. e eu não tenho tanta relação com a música dele como comentei, no entanto retornou aqui, e em curto intervalo, já que o mencionei recentemente.

e voltou com sua ideologia cravada, pontual no meio de algumas percepções e bobeirinhas aqui, da minha caixola vazia. 

já sabe qual é né.



______


eu não estou dividida, estou bem inteira

eu não estou com dúvidas porque não tenho situação, só fortes tentencias e predisposições, 

como mesmo sem querer, às vezes minha mente não para, já tenho certo que pretendo me contrariar no gênio e já estou com as estratégias na manga pra me burlar.

sabia que eu sempre neguei meu feminino? por mais feminina que eu sei que eu sou, meus ciclos, essa percepção de fazes, essa conexão com o tempo da mulher, com a dor, nunca fui muito disso. 

não atoa sempre achei esse papo um saco, e esses círculos de mulheres apavorantes, embora ocasionalmente já tenha frequentado, só reforçou minha não afinidade.

é que, eu já falei sobre isso, eu detesto a conexão rasa que se diz profunda. esses liames que se formam e se amam até a primeira rusga sabe, a mais superficial até. 

ou estremece até o primeiro pedido de ajuda que incomoda, que seria, .. aquela primeira prova de amor, aquele já derramado em palavras e abraços uiiii, me arrepio toda, de horror.

nunca tive um ciclo muito longo, o sangue, nunca gostei muito de usar absorvente, nem era por sustentabilidade, isso só veio quando engravidei. manchava calcinhas, usava panos, mas, isso muito no automático. na casa do normal.

eu, eu, eeeu né, nossa, nunca vi papinho pra mudar tanto de mulher pra mulher.

se estava com dor, me medicava tranquilamente, quee passar dor o que. e chás, até podia tomar mas eu não tinha abertura nenhuma pra permitir que essa sutil medicina atuasse em mim.

sempre vi com tédio o papo tpm, embora ficasse chorona, mais sensível em meses ocasionais, nunca me vi com esse processo e rotina de efeitos e justificativas mensais para atos descompensados. 

quando eu percebia que algo em mim estava descompensado nas reativas,  muito diferente do normal já tinha passado uns bons dias. 

achei o máximo que fiquei, óbvio, sem menstruar a gestação inteira, e depois mais um ano praticamente sem.

minha primeira, é menarca que chama né, foi envolto a um sentimento de vergonha, eu senti vergonha, eu escondi. 

já contei isso talvez, bem horrível na verdade. eu não tive esse  acolhimento, uma conversa de passagem, nenhum romance. lembrando aqui. 

eu estava em São Paulo, passando uns dias com a tia Deda, e escondi dela. acho que tinha uns doze, treze anos,  eu me lembro, e me ressinto hoje daquela Bruna arredia. poderia ter sido legal, ela era muuuuito metódica, organizada, bem certinha, teria levado a sério esse momento, teria sido criteriosa, gostaria de ter essa lembrança com ela de aproximação e afinidade. além de que poderia ter aprendido algo a mais pra levar pra vida. porque eu fiz isso né, perdi.


eu me lembro certinho de que eu embalava o lixo de sangue mil vezes e escondia. eu, bem  bixo do mato mesmo, escondi, e fiquei com aquilo sozinha. ..mas passou, coisas da vida.

pelo menos nessa viagem eu tenho uma lembrança de ter aprendido a ver as horas com ela, a dizer as horas, sabe, falta tanto pra tanto? .. eu gosto disso, dessa memória.

eu gostaria de ter sido essa, ligada nos meus ciclos, no dia da minha última lua, da dos últimos três meses. já pensou que legal se eu fosse essa, mais conscia de mim? um poder desperdiçado certamente.

e veja bem, faz mais de um ano que não entro na lua, estou fora dela, fora pra sempre. 

eu sou precoce, minha mãe também foi. esqueci aquele nome, daqui a pouco lembro.

e eu não poderia dizer o que eu sinto se é amargo, e feio. e nem sei se consigo colocar em palavras todas essas impressões, que não são boas, não importa o que vem de fora.

eu parei de sangrar como quem começou. foi como veio sabe, no susto, na distração.

mas o sangue vai embora, levou e está levando minha vitalidade e juventude, está levando tirando e indo e eu estou ficando, xom os efeitos, com perdas e dores, inflamações e fragilidades.

e não me sinto nada poderosa com isso, e que vá pra mesma panela de blá todo o combo de mulheres que falar diferente.

sabe que eu não sabia quannndo ia ter vontade de escrever sobre isso. e agora acabei de lembrar que Cibe um dia pode ler.

que bosta né?

tomara que até lá eu tenha algo diferente pra dizer. 

eu sempre posso mentir, isso é certo, maquiar uma história né.


minha mãe nunca disse pra mim que eu não teria parto normal. ela permitiu que em todo meu processo eu nem considerasse essa possibilidade.

ao lembrar disso e conversarmos depois ela disse que ela teve zero dilatação, exatamente como eu, mas nunca quis contaminar minha empolgação, e torcia mesmo, pra de algum modo, ser diferente.

pude ver nos olhos dela uma melancolia que, na época, ela nunca me deixou perceber enquanto eu vivia e momento. bonito.

e parei de sangrar exatamente na mesma idade, e ela soltou quando comentei na hora o que era, e eu demorei muuuito tempo pra aceitar.

assim como a menarca, a... esqueci o nome,  climatério! veio como se nada fosse, a não ser um tipo de fim de algo que nunca foi pleno sabe. a minha relação com meu corpo, do meu corpo com outro corpo, com a vida, as relações todas. eu não sei, e nem preciso saber muito, porque meu tempo já meio que foi. 

e aliás, a depressão veio com força exato messa época, pra marcar bem essa despedida de uma Bruna pra outra, um pouco mais cinza, um pouco mais menos. 

e não se engane, não tô afim de ver lado positivo nenhum, até por isso evitei tanto tempo de mencionar, por não saber mesmo, o que dizer de diferente.

tô só pensando minhas amigas me lendo agora. especialmente as ciquentonas. o que elas diriam eu já sei, salvo as particularidades de cada uma.

eu só nao sinto. e tô com raiva pra sentir.

então eu não estou dividida, estou inteira, e um pouco mais conformada. 

mais leve também com esse ser mulher supostamente mais sábia, que mantém esse ultimíssimo viço.

particularmente como sempre, não uso pra nada, por váaarias razões, ou desculpas.

e é nisso, nesse ponto onde me reelaboro e invisto energia.


21/04/24


eu, como toda mulher, fui portadora, guardiã de um portal conjugando céu e terra.

e eu não sou inconsequente, pra isso sempre foi muito sério. a chegada de Cibe foi permitida, e não foi fácil de chegar a esse ponto sabe.

láaaaa nos meus 19, no início da minha vida sexual assumi anticoncepcional. ao longo dessa primeira experiência eu tomei e, foi muito ruim.

depois parei de usar e nunca mais voltei. os acidentes nunca aconteceram comigo, não porque fosse impecável, dei pouquíssimas mancadas, mas pra muita gente basta uma né, meia..

e agora esse portal fechou. e eu sei, que a energia criadora desse útero não se esvai, eu sei o que você e qualquer um me diria na verdade.

e é bem aí que minha mami adora me chamar de prepotente.

mas eu é que pergunto agora já, e d a í que eu sei, você, todo mundo e minha mãe sabem..

o que eu sei, é que minhas frustrações estão por cima. 

mas tá, .. chega disso então, nem sabia que eu ia, ou sabia escrever sobre esse tema sem azedar de vez, nem foi tanto né.


22/04/24