domingo, 31 de março de 2024

exposed | refletindo

eu tenho uma dor de solidão, uma vontade de amar que, como dizer, me corrói na vida

era pra eu me sentir muito exposta e envergonhada, até enraivecida de colocar isso em palavras

mas a duras dores, esconder já não é mais tanto a minha, eu sinto o ranço, a contrariedade de mencionar essas particularidades, mas ela não é definitiva, determinante, não tem poder, não mais

em vida, já escrevi sobre isso, eu passo mais tempo só, que exercitando essa parceria cozome da vida aí, pessoas que me surgem às vezes, e tocam de alguma maneira

é engraçado, a gente tem os tipos né, as características. percebo que, de jovem pra hoje isso mudou muito, é de rir, de rir também como sempre contrariei meus tipos no shape, adoro

de vez em quando, muito poucas vezes mesmo, me permiti experimentar um pouco disso, a ideia de amar 

e mesmo vivendo a experiência eu questionava, uma certeza vinha, não é isso, não está certo, o que você quer, não é isso.

infernal, injusto com o exercício do amor

mas isso não vinha como um ataque ao meu envolvimento presente, eu estava vivendo, imersa, mas era presente também o vazio, esse vazio que falava comigo

será que eu sou aquelas pessoas insuportáveis e difíceis de contentar? acho que não, minhas percepções é que são profundas, e por vezes me trazem angustia, mas é eu comigo

preciso de alguém mais simples que eu, mais prático, sereno, que tenha respostas e certezas pro meu jardim de dúvidas, interrogações,  desconfianças.., nao de forma racional sabe, é amor que derrete, e eu sei, eu já vi isso

hoje em dia isso é um sonho, um desejo bobo, que nem o da Cibe, que vai ganhar um Ovo daqui a pouco, uma fantasia que chama né

de vez em quando essa fantasia de Ser, de troca, de crescimento em forma de homem, de contraposto masculino ganha nome, já vimos isso, né, eu tenho um passado..

e por vezes, nas finitudes,  eu preciso me limpar, e liberar, e me libertar da possibilidade de uma ideia que restrinja o meu sentir, àquele presente

ficar vazia, como agora, nesses tempos, sem candidato e sem medo.

é árido, mas eu estou querendo desde sempre, não considerar isso uma dor válida de remoer tanto, eu tento sim

escrevia agora pouco sobre soltar, deixar, desistir de certos apegos doentios, está aí algo que soltei, com muita dificuldade dessa ultima vez, muito apego, muita invencionisse minha envolvida, aí é de lascar mesmo, a dor. 

nome, forma, presença, voz, tipo, proximidade, idade, qualquer vestígio.de contato, joguei tudo fora, todo o desejo  direcionado à ideia de uma pessoa.., tudo para o nada pleno, vazio, de onde a vontade veio que volte.

e agora eu sei, profundamente amo um ser que não existe, e sempre amei, não sei quem é, mas sei que não está, e talvez nunca esteja, 

ele me permite viver infinitas experiências só para que eu passe a vida confirmando, essa mesma falta, esse vazio

cruel né

plena certeza que não queria que meu texto terminasse assim, nem minha vida

mas preciso ir