eu era inocente e apaixonada
tinha gana, tinha sede, era a segunda fruta depois da disputa pelos moranguinhos
e aquele cheiro, e aquele gosto, .. tão ela..
e era ela, e era só eu e ela pra então eu descobrir que não era só eu e ela, e a eventual competição de irmãos
a coisa de ter bicho escondido, de sempre ter, de quase nunca não ter foi uma ruptura muito forte pra mim, não sei porque
desde pequena esse defeito. as coisas são muito sérias, e então o sentimento foi esse mesmo, de traição
passei a admirar, adorar o cheiro e lembrar da infância, da época que eu comia enganada, época da inocência
que loucura né, eu testou tentando reproduzir uma sensação, nem é metáfora de nada..
é uma história estranha, ou sofrida vai, pra quem agora tem um pé jovem de pitanga na frente de casa, cheio delas, lindo, chamativo e perfumado
e se eu as como agora, me esforço, escolho com cuidado algumas e me forço comer acontece isso..
uma euforia de virar criança de novo, da época em que eu e o pé de pitanga éramos amigos, e esse sabor era inocente e recorrente no meu paladar
dizem que a gente vai envelhecendo e volta pro começo né, a ser criança
e se eu ficar amiga da pitangueira e morrer?
se ficar da pitanga e da goiabeira o mundo acaba.