o dia que minha cabeça tiver só vento vai tá bom né.
mas não o vento da impermanência fútil, não o da pressa superficial de quem não se compromete por fraqueza, receio de seu vazio, ou da plenitude de seu conteúdo malicioso, virótico, pandemico. não esse, outros ares. ar livre.
o ar é uma condição existência para nós, dá pra dizer assim será, eu vou dizer.
ele forma nossa atmosfera, e gira, gira desde sempre. tudo ele sabe, ele viu, tudo o que há.
em velocidade ou nem tanta, ele contribui amoral, apenas contém, assim como está contido.
dizem que o vento pelo corpo zera, leva, que ele inspira.
o ar, caminhando por aí semeia né, ideias e seres. então cada sopro é semente não pelo que provoca, mas pelo que é. e tudo bem se umas vingam e outras não, faz parte, é um mantenedor incansável, em seu movimento sem fim, o que não dá aqui, dá lá.
você afina os sentidos, expira tudo que há, esse ar condicionado cê joga de volta pro universo.
e quando inspirar, consagre. comprimido por um tempo, ar-comprimido, esse comprimido, é a pílula de melhor cura. ou cura mesmo, ou atenua.
sempre tento. de novo e de novo.