quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

tendo tudo contra e nada me transtorna | não sei o que é bigorna


 

fui apaixonada por uma música, e por um cara que era apaixonado por essa música.



eu fiquei interessada nele num carnaval, naquele sujos. mas nunca na v i d a tinha pensado em qualquer coisa com ele. puuts,  era do Metal ainda, povo machista do krlh e, aliás, apesar desse defeito compartilhado, tava mais meio que que afim é do amigo dele. 

mas por alguma razão, giennnte, época de Orkut ainda, ele tinha essa música, a letra, no seu perfil. 

e, como eu achava que ele não tinha nada na cabeça além de uma cabeleira longa embaraçada, e gritos guturais, isso foi muito determinante. muito mesmo. tinha um conteúdo escondido alí, e eu louquinha pra descobrir onde tava. olha isso, apaixonei pela grande quantidade de estranhamento entre nós, chamando como um ímã.

tanto choro e pranto

tanto desencanto

tendo tudo contra e nada me transtorna

não penso me lanço sem compromisso

ninguém cobiço

sei que mereço

estar no caminho e desperto

desejo martelo, vontade bigorna


eu não era a música, mas gostava, ele não era a música, e também gostava. interessante. duas pessoas tentando se afirmar no mundo e procurando referências de constituição. 

gostar do que não se é. tomara que dê forma consciente né, como uma bússola, uma meta, ou uma admiração mesmo. algo que é tão tão seu, só que no outro. como uma representação de si em outro corpo, mundo.

e vou dizer, de tudo que eu vejo por aí.., povo não se enxerga muito não viu. 

não escuto tanto Lenine quanto amo, adoro pessoa de Lenine. e tem umas letras, músicas que, caaara, fico de cara. mas não, realmente não escuto tanto, o que favorece em continuar gostando.

e se essa música foi pra uma paixão do passado..

será que tem alguma pra paixão do futuro, aquela disforme, sem nome, mas repleta de querer e pressa?

às vezes eu fico pensando onde está, quem é o artista que vai perder, ou ganhar, ganhar perdendo, ou perder ganhando, como o melhor investimento da vida, um tempo comigo? curiosa.


tem uma outra, mas pensei em uma desse mesmo álbum.., linda. quero.



... mas, e se meu amor do futuro resolvesse me dar um Lenine, e esse Lenine fosse "Paciência"?

acho que eu ia mandar ele enfiar no c*. desculpe aí os maus modos.

porém, e como pode-se perceber.. eu finjo ter paciência, pra constar. já tô de saco cheio universo, e qualquer hora invisto contra você e faço cagada de novo, como parece que já fiz, embora alguns gostem de dizer que estava escrito em algum lugar certos cruzamentos e interações na nossa vida. 

apesar dessa música ter virado modinha, e me irritar vê-la por aí na mão dos outros justamente porque amo, é belíssima, e é minha, antes que queira me dar.

"Paciência" não quero, pode ir achando outra.   mas que linnnnnmmda ein, aquela versão ao vivo do show aquele, in cité, acho.

quero que meu amor do futuro descongele de seu próprio frio, e que ao invés de ser um pobre coração em chamas, perceba que é o homem mais rico do mundo. 

cadê vocêeeeee. é baixo, alto, quais os olhos, boca, sotaque, idioma, cor, jeito, temperamento, sorriso, pegada.... 

curiosidade é meu nome.

chega mais. 

eu sei que estamos num labirinto, e como frutos verdes, vamos crescendo e amadurecendo, enquanto procuramos um ao outro, dando de cara nas paredes intransponíveis, das dobras do caminho, repetindo alguns, que de tão iguais parecem diferentes, aprendendo.

e seguindo, né. porque se é verdade que você e eu existimos para nós.., o melhor está por vir, já pensou?

sei que vamos nos trombar jajá, por que pra certas coisas existe um faro né, um feeling. ainda mais em épocas de cio. 

tá chegando. 

ia dizer que eu já escuto os teus sinais. mas aí teria que mudar de compositor.., e neste post quero permanecer fiel.